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o gabinete é pouco
Estádios tornam políticos "imortais"
Mais de duas dezenas de campos do país são batizados com nomes de representantes do povo vivos e ainda na ativa
ACM dá seu nome a seis arenas na Bahia, Brasília homenageia governadora,
e deputado do Rio joga bola no estádio que construiu
José Varella - 29.mai.02/"Correio Brasiliense"
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Estádio "Abadião", que foge do padrão e homenageia uma mulher em seu nome e hospeda os jogos do Ceilândia no Campeonato de Brasília e na Série C do Nacional |
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas urnas, como acontece
hoje, eles precisam renovar
seus mandatos a cada quatro ou
oito anos (caso dos senadores).
Mas, na marquise de pequenos, médios e até grandes estádios espalhados pelo país, seus
nomes já são eternos.
Sem constrangimento, políticos vivos, na ativa e a maioria
de primeiro escalão, batizam
com seus nomes campos construídos, na maior parte dos casos, enquanto exerciam o poder
nas prefeituras de suas cidades
ou nos governos estaduais.
São mais de 20 arenas que levam nomes de deputados, senadores e governadores.
Neles, o "vossa excelência"
por qual adoram ser chamados
nos gabinetes dá lugar ao jeito
típico dos torcedores.
Brasília, por exemplo, tem o
"Rorizão" (de Joaquim Roriz,
do PMDB, ex-governador e
candidato ao Senado).
Teresina se orgulha do "Albertão" (Alberto Silva, do
PMDB, ex-governador do Piauí
e atual senador). Santarém põe
seus clubes para jogar no "Barbalhão" (Jáder Barbalho, do
PMDB, ex-governador e que
tenta hoje a reeleição para deputado federal no Pará). Manacapuru, no Amazonas, tem o
"Gilbertão", do senador Gilberto Mestrinho (PMDB).
No caso do senador piauiense Mão Santa (PMDB), o apelido já bastou para nomear o
campo de Parnaíba.
O senador baiano Antonio
Carlos Magalhães (PFL) é o recordista. Segundo censo feito
pelo governo do seu Estado, nada menos do que seis cidades
batizaram seus estádios municipais com o nome do político.
Aliados de ACM também entraram na onda. O governador
Paulo Souto dá seu nome ao
campo de Cachoeira.
O mesmo ocorreu com Waldeck Ornelas (PFL), ex-ministro da Previdência e que é homenageado no campo da baiana Camaçari, um de seus redutos eleitorais. A homenagem foi
idéia do então prefeito Humberto Hellery, nos anos 80.
As justificativas para as homenagens são inusitadas. O estádio Maria de Lourdes Abadia
(PSDB), o "Abadião", para
4.000 pessoas, leva o nome da
atual governadora do DF. Ela
ganhou o mimo do clube por ter
sugerido a alteração do nome
de um time em 1979. Como deputada, conseguiu mudar o estatuto para transformar o extinto Dom Bosco em Ceilândia.
Em 2004, o acanhado estádio
recebeu sua primeira partida
de um Brasileiro, pela Série C,
entre o Ceilândia e o Tupi. Abadia compareceu ao jogo.
O "Barbalhão", em Santarém, foi inaugurado pelo hoje
deputado federal quando foi
governador do Pará nos anos
80. "Ele inaugurou e quis colocar o nome dele", disse o presidente do São Raimundo, Rosinaldo Batista do Vale, clube que
usa o estádio estadual.
Com capacidade para 20 mil
pessoas, o "Barbalhão" ficou
abandonado por uma desavença política entre a Prefeitura de
Santarém e o governo estadual.
Atualmente, não é nem sombra
do que foi projetado para ser.
"Era para ser um xerox do
Mangueirão [o maior e mais
moderno estádio paraense],
mas somente 50% do anel foi
construído", lamenta Do Vale.
Mesmo assim, ele não pensa
em requerer a alteração do nome da arena. Barbalho, diz,
nunca mais apareceu por lá.
Comportamento diferente
do deputado estadual Alair
Corrêa (PMDB), que tem seu
nome no estádio municipal de
Cabo Frio, inaugurado por ele
em 1986, quando era prefeito
da cidade fluminense.
Espécie de patrono da Cabofriense, Corrêa fez arquibancadas para 12 mil pessoas e outras
melhorias estruturais no estádio. E até costuma bater uma
bolinha com colegas no "Correão" de vez em quando.
Corrêa afirma que, oficialmente, o local não leva seu nome. "Na época da inauguração,
as pessoas começaram a chamá-lo de Alair Corrêa porque
foi construído na minha gestão,
e as rádios popularizaram o nome "Correão'", justifica o candidato à reeleição.
Colaborou MARIANA BASTOS, da Reportagem Local
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