São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

XICO SÁ

Prazer, Júnior Xuxa


Assim é conhecido no Cariri cearense o meio-campista do Icasa, da Segundona

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, cada figura nesta temporada que cada um mereceria uma crônica por fugir da obviedade, tanto pelo dito como pelo feito em campo, o homem e suas consequências, de verdade, virtuoso e sempre capaz de surpreender com o vício, o erro, como uma madre superiora que solta um palavrão diante de uma topada.
Neymar é gênio e badalado, Jorge Henrique é o Macunaíma que chutou para escanteio a preguiça, Conca arrancaria frases inesquecíveis do profeta Nelson Rodrigues, Loco Abreu, como ele mesmo diz em campo, para a risada do mais brutamontes dos beques, é o "tsunami da área".
Ainda na latinidade, Montillo também é uma peça, tranquilo, tranquilo, à imagem e semelhança do mineiro; sem se falar na marra do D'Alessandro e no pá-e-bola do Valdivia, o verde. Saudável invasão cucaracha que teve nos uruguaios do São Paulo -dá-lhe Lugano!- um exemplo.
É, velho Chico, aqui na terra estão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock'n'roll, mas quem está comendo a bola mesmo vive longe da luxuosa vitrine da Série A, essa Oscar Freire ludopédica, coisa de madame.
O melhor e mais eficiente jogador do Brasil no momento atende pela singela alcunha de Júnior Xuxa, o maestro.
Assim é conhecido no Cariri cearense o meio-campista do Icasa, da Segundona -o faroeste, a disputa mais ferina de todos os certames.
No 4 x 2 contra o Bahia, em Pituaçu, na terça, foi gigante. Cumpre o papel histórico de suprir, aos nossos olhos, a ausência do Ganso, outro garoto com origem nos arrabaldes do mapa brasileiro.
Com eles, vale a máxima de que a bola sintética continua sendo de couro, o couro vem da vaca, a vaca come grama, é rente ao chão que ela anda, embora antes deslize na caixa torácica e beije os seus pés como a mais submissa das gueixas. É, amigo, a bola nunca foi Amélia, a bola tem a manha feminina das orientais, oferece outro tipo de agrado.
Falta na entrada da área é como aquela música feita para o Zico, adivinha quem vai bater, canta a "Fúria Icasiana" em Juazeiro. Nada folclórico, Júnior Xuxa quase não fala, é um sertanejo, do semiárido pernambucano, que parece saído de um poema de João Cabral de Melo Neto.
O seu futebol, diria o mesmo poeta -considerado jogador do América (Recife) e do Santa Cruz-, é um futebol de 20 ou 30 palavras em torno do sol e gravita na boca do gol.

xico.folha@uol.com.br

@xicosa


Texto Anterior: Santos: Atletas acreditam que título brasileiro ainda é possível
Próximo Texto: Europa diz não a jogo Brasil x Irã
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.