EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um detalhe curioso que passou despercebido na conquista do bronze no Mundial por Ana Paula Lucio Santos, 24, foi o fato de que Gabriel de Oliveira, técnico de Ana Paula, ter contribuído para diluir o impacto do feito do pai, Servílio de Oliveira.
Gabriel dirigiu Ana Paula no Mundial (embora o técnico regular seja Francisco Antonio Almeida). Anteriormente, os dois únicos brasileiros a obter medalhas (bronzes) em torneios amadores internacionais de ponta foram justamente Servílio (Olimpíada do México-68) e Hamilton Rodrigues (Mundial dos EUA-86).
Depois da medalha, Servílio trabalhou com perfeição o seu marketing pessoal, tornando-se personagem constante na mídia.
Anos atrás, quando soube que Gabriel (que foi meu sparring, de forma "light", em minha preparação para a Forja de 1993) estava "pendurando as luvas", em meados dos anos 90, perguntei a Servílio se ele estava triste. Afinal, não gostaria de ver o filho conquistar medalha em um torneio internacional de alto nível?
"Bem, ele ainda pode fazer isso algum dia, mas como treinador", argumentou à época Servílio.
É triste, e irônico, que Gabriel tenha participado da conquista do bronze de Ana Paula justamente quando está distante do pai por causa de problemas pessoais. Ao ser questionado sobre a conquista do bronze no Campeonato Mundial, Servílio comentou: "Não me pergunte sobre isso, Gabriel é carta fora do baralho".
(Roy Jones Jr. e Floyd Mayweather Jr., entre outros, também enfrentam problemas com os pais).
Ainda falando sobre a conquista de Ana Paula, para colocá-la em perspectiva, é bom dizer que o Mundial feminino não tem ainda a representatividade dos Jogos Olímpicos ou de um Mundial masculino. Tanto que Ana Paula foi dispensada da primeira rodada e poderia ter sido campeã depois de apenas quatro combates.
Mas foi um feito importante. Principalmente depois de uma vitória sobre uma ex-campeã mundial e quando se leva em conta o fato de o boxe brasileiro não ser tão desenvolvido ou ter a tradição de outros países que estavam lá.
Ainda falando de boxe feminino, nos próximos dias, diversas programações movimentam o pugilismo profissional feminino.
Em um combate envolvendo dois "nomes" da categoria, Christy Martin e Mia St. John se enfrentam no próximo dia 8, em programação a ser transmitida em pay-per-view dentro dos EUA.
Martin ganhou fama ao ser capa da "Sports Illustrated" e roubar a cena nas preliminares dos combates de "Iron" Mike Tyson (Martin costumava atuar com uniforme cor-de-rosa, lembram?).
Naquele período, muita gente, até mesmo técnicos conceituados, encheu a bola de Martin, afirmando que poderia enfrentar alguns dos dez melhores leves (homens) do mundo. Um exagero.
Do outro lado do ringue estará St. John, que, por causa da aparência, teve um ensaio fotográfico publicado na edição americana da "Playboy". Dentro do ringue, porém, não impressiona tanto.
No mesmo dia, Laila Ali enfrenta Valerie Mahfood, nos EUA.
Amanhã, Sumya "Island Girl" Anani, que bateu Martin, enfrenta Lisa Holewyne, outra ex-adversária de Martin, na luta de fundo no Palace of Auburn Hills, em Detroit (EUA). Estará em jogo o título da IWBA (Associação Internacional de Boxe Feminino).

Bolsa de apostas 1
A seguir, as proporções nas bolsas de apostas para as próximas lutas internacionais, segundo o americano Herb Lambeck, colunista da "Boxing Update" e um dos maiores especialistas no assunto.

Bolsa de apostas 2
O mexicano Marco Antonio Barrera é favorito em 5 por 1 para vencer o americano Johnny Tapia, amanhã, em Las Vegas (EUA).

Bolsa de apostas 3
O americano Paul Spadafora, campeão dos leves da FIB, tem vantagem em 10 por 1 para bater Dennis Holbaek, no dia 9, nos EUA.

Bolsa de apostas 4
O mexicano Erik Morales tem o favoritismo de 2 por 1 para conquistar o título vago dos penas do Conselho Mundial de Boxe contra o americano Paulie Ayala, no dia 16, em Las Vegas (EUA).

E-mail eohata@folhasp.com.br



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