São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2008

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MOTOR

Ironias


Contra a matemática e as limitações do carro, Massa conta com um quê de inexplicável em Interlagos

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

MASSA MATOU a charada na quinta-feira, num dos vários eventos de que participou nesta semana de GP Brasil. "O carro é o sonho de todo projetista."
Traduzindo: o F2008 é um modelo muito, muitíssimo equilibrado.
Tão equilibrado que consome pouquíssimo pneu. Tão equilibrado a ponto de se tornar problema.
Sim, pois projetistas não pilotam.
Um carro que "flutua" é uma dádiva teórica. Num carro de rua, pode até funcionar. Num de corridas, não.
É um encadeamento lógico. É preciso haver um certo nível de consumo de borracha, o pneu precisa atingir uma temperatura xis que dê a aderência necessária para, em conjunto com o pacote aerodinâmico, grudar tudo no asfalto e tirar o maior proveito possível da tração.
O carro da Ferrari, e isso não é segredo, sofre para levar os pneus à temperatura ideal. Quando o asfalto está quente, claro, essa tarefa é mais fácil. Quando a pista está fria ou úmida, é muito mais complicado.
E qual é a previsão para o fim de semana mais importante da história de Interlagos? Chuva, garoa, temperatura máxima nos 25C, mínima de 15C. "Bem-vindo a Londres", disse, sorrindo, um colega inglês.
Só mais uma ironia.
A primeira, o fato de o carro ser tão equilibrado a ponto de isso significar um problema. A segunda, a lembrança de que em 2004 mudaram a corrida de data, do início para o fim da temporada, justamente para fugir das "chuvas de março".
A terceira, a possibilidade de Massa superar tudo isso. Porque, se há elementos físicos-técnicos-climáticos-matemáticos que jogam para baixo suas chances de título, há um quê de inexplicável que lança às alturas suas chances de vitória: ele sobra em certas pistas: Istambul; Bahrein; Interlagos. Ontem, com 16C no asfalto, foi o mais veloz no primeiro treino livre. No segundo, com 22C, só ficou atrás de Alonso.
É a aposta prometida na coluna da semana passada. Vitória de Massa, baseada neste relacionamento especial que ele tem com o circuito paulistano. E título de Hamilton. Porque, afinal, Londres é aqui.

GIRA-GIRA
A oferta de Bruno para correr na Toro Rosso é tentadora. O próximo Mundial terá ainda Massa na Ferrari e pode ver Nelsinho na Renault e Di Grassi na Honda. O recorde de participação de pilotos brasileiros aconteceu no GP do Canadá de 2001, cinco: Barrichello, Zonta, Burti, Bernoldi e Marques.

QUASE LÁ
Quando é para elogiar, elogio: Interlagos já estava ótimo em 2007, melhorou mais. A nova cobertura do paddock, o novo lance de arquibancada e o novo hospital são de nível de circuitos europeus. O próximo passo da prefeitura poderia ser arrumar o entorno do autódromo...

fseixas@folhasp.com.br



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