São Paulo, domingo, 01 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI

Domingo de gala. Ou degola


O futebol é tão repleto de ironias que tudo pode acontecer em Presidente Prudente. Até mesmo nada


A AUSÊNCIA de Vagner Love poderia ser fatal para o Palmeiras contra o Goiás.


Obina provou que não era nada disso. E fez três gols. A falta do goleiro Rogério Ceni poderia ser decisiva para o São Paulo contra o Internacional.
Bosco provou que não era nada disso. E fez três milagres. A falta de Petkovic poderia ser catastrófica para o Flamengo. E foi. Mas a perda de Kléber parece até ser benéfica ao Cruzeiro.
Vá entender. Quem abstrai o fator humano do jogo de futebol quebra a cara e a cabeça, fica sem entender nada do que se passa em ocasiões como essas. Do mesmo modo que acontece com quem o leva permanentemente em conta, com a vantagem, para este, de que, ao menos, a surpresa apenas confirma seus sentimentos sobre a mágica permanente que se produz no gramado.
O palco hoje é o elefante branco de Presidente Prudente. Não deveria ser, mas é. O Morumbi, que encheu no sábado para ver mais uma vitória do São Paulo, agora contra o desfalcado Grêmio Barueri, passa o domingo vazio, por picuinhas de cartola que vive de outros bichos e faz do clube que preside mera marionete de seus interesses menores.
Beneficiada no primeiro turno, a direção do Palmeiras, que incrivelmente aceita chefe de torcida como palestrante em sua concentração, teve mesmo de retribuir no segundo, com o seu mando. Palco que já viu Ronaldo Fenômeno quebrar seu alambrado, quebrar a mão e pode vê-lo quebrar a recente escrita de o Corinthians não ganhar do Palmeiras.
Palco que já viu Obina marcar três vezes contra o rival, a exemplo do que viu o Palestra Itália na última quinta-feira, contra o Goiás, que, no Pacaembu, enfiou no Corinthians os mesmos quatro gols que tomou do Palmeiras.
Negar o favoritismo alviverde é brigar com os fatos, mesmo que só na quinta-feira o time de Muricy Ramalho tenha ressurgido, e isso apenas no segundo tempo e depois que abriu o marcador, quando o Goiás simplesmente desmoronou. Apontar o Palmeiras como vencedor é chute que aqui não se dará, pois não só clássico é clássico e vice- -versa, argumento que se usa para ficar convenientemente em cima do muro, como eis aí um jogo que pode, ao menos, remediar o decepcionante segundo semestre do time da moda no primeiro. Como pode significar a glória ou a desgraça, a gala ou a degola, a coroa ou o pescoço.
Ou ser mais uma frustração, como tem acontecido frequentemente. Até parece existir uma lei que determina que quanto maior a expectativa em torno de um jogo, maior ainda é decepção que causa, como aconteceu com São Paulo x Inter, na quarta-feira.
Já de onde não se espera muito, acontece um Cruzeiro e Santo André para ninguém botar defeito. De gala ou degola, que hoje seja dia de tarde inspirada para os artilheiros Ronaldo e Obina. Porque se um viaja em torno da busca de si mesmo num patamar tão elevado que só poucos que calçaram chuteiras conhecem, o outro, outra vez, anda sendo tratado como melhor que o Eto'o.

blogdojuca@uol.com.br


Texto Anterior: Corinthians joga por última satisfação
Próximo Texto: São Paulo marca, apaga e dorme líder
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.