São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

LÚCIO RIBEIRO

Lado A, lado B, lado C


Quando notícias da 2ª divisão do Amazonense podem ser mais interessantes que fotos do Valdivia

HOJE A PORTUGUESA pode confirmar o título da Série B do Brasileiro, se a 21ª vitória vier em Santa Catarina, uma "glória amarga" que gigantes da elite como Corinthians, Palmeiras, Grêmio, Vasco e Atlético-MG também têm. A campanha da Lusa é irretocável, bem longe da do segundo colocado, garantia assegurada de jogar a divisão principal no ano que vem e o primeiro título "inteiro" da estimada agremiação em muitos anos, até porque sua última láurea foi o dividido Paulista de 1973.
Mas isso tudo você não deve ter visto direito, ou não soube muito bem, pouca gente contou.
Com a pressão do noticiário factual dos clubes de massa da primeira divisão e o pouco espaço editorial de jornais (Folha incluída, colunistas incluídos), revistas, rádios e TVs que observam, reportam e opinam sobre futebol, ficamos sabendo quase nada -tirando uma ou outra "reportagem especial" ou em ocasiões de títulos/acessos/descensos- das saborosas histórias das divisões de baixo do futebol brasileiro, incluindo aí séries C, D, várzea, regionais etc.
Talvez um contato mais íntimo e visível com as entranhas do esporte brasileiro mais famoso fosse uma razoável ajuda no resgate dos tempos bons em que jogar bola descalço em campinhos de terra ajudou a construir a fama de maior do mundo, dos jogadores "mágicos".
Não é saudosismo. Nem campinhos de terra existem mais em grandes cidades. É só porque muitas histórias boas estão ali.
O Santa Cruz botou perto de 60 mil pessoas no jogo que carimbou o acesso da Série D para a C. O time de Recife tem média de público em 2011 maior que a do Corinthians, o mais seguido da Série A.
Há 15 dias, pela última rodada do returno da segunda divisão do Amazonão e diante de 22 pessoas (renda: R$ 125), o Grêmio, do goleiro Dida e do meia Messi, ganhou da Holanda por 3 a 1.
No mês passado, o folclórico Túlio Maravilha fez um gol de bicicleta no empate do seu Bonsucesso contra o Volta Redonda, pela tal Copa Rio. Foi o 972º gol do atacante, que, segundo seu site oficial, tem hoje 973, rumo aos mil.
Histórias como a do repórter que foi expulso de campo pelo árbitro na segunda divisão do Tocantins ou até estrangeiras, como a do pequeno Swansea (time do País de Gales que disputa neste ano a milionária Premier League e que tem no elenco três jogadores que subiram junto com o time da quarta para a terceira divisão, depois para a segunda, agora para a principal), mereceriam rivalizar com notícias como "Dagoberto assinou ou não com o Inter" ou "As fotos do Valdivia".
Não?


Texto Anterior: São Paulo é o time que mais aproveita renda
Próximo Texto: Os sem gols
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.