São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2000
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Luxemburgo "esquece" R$ 10 mi nas suas contas
 Em depoimento à CPI do Futebol, no Senado
ex-treinador da seleção declara não ter "a menor
possibilidade" de explicar origem dos depósitosConfuso, técnico atribui diferença de valores à
desorganização e diz que abertura de 30 contas foi
motivada por amizade com gerentes de bancos
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA ""Não me lembro bem" foi a frase mais usada pelo ex-técnico da seleção brasileira Wanderley Luxemburgo no depoimento de ontem à CPI do Futebol, instalada no Senado, em Brasília. Convocado para responder as acusações de Renata Alves, sua ex-assessora, ele foi acuado pelo senador Geraldo Althoff (PFL-SC), o relator da CPI, que apontou mais de R$ 10 milhões de depósitos em suas contas bancárias que não foram declarados à Receita Federal pelo treinador. Apesar de ter sido indagado pelo menos seis vezes sobre a origem dos depósitos, Luxemburgo não soube explicá-los. Entre 1995 e 1999, o treinador declarou ter recebido R$ 8.503.709,92, quando, segundo Althoff, ""o crédito em banco no período foi de R$ 18.822.076,36". Dos depósitos em contas de Luxemburgo, R$ 4,6 milhões foram feitos em ""dinheiro vivo". Demonstrando muito nervosismo e insegurança por não poder conversar com seus advogados, o técnico chegou a dizer que não tinha ""a mínima possibilidade de explicar o porquê" das movimentações bancárias. Alegou em pelo menos 12 ocasiões ser uma pessoa desorganizada e, por isso, não poder precisar entradas e saídas de dinheiro em suas contas bancárias. Sobre o fato de ter aberto 30 contas correntes, disse que era um favor a gerentes de banco que pediam para tê-lo como cliente. Além da falta de explicação para a origem dos recursos movimentados nos últimos anos, Luxemburgo causou irritação nos membros da CPI por não esclarecer sua ligação com Renata Alves. Ele disse ter sido lesado por sua ex-assessora, que teria arrematado, com dinheiro do treinador, diversos bens em leilões, entre os quais imóveis, veículos e obras de arte. Depois ela teria se apropriado indevidamente da receita da venda dos mesmos. Indagado sobre o motivo de não tê-la processado, na ocasião em que se sentiu lesado por ela, o técnico não soube responder. Pressionado pelos senadores, afirmou ter demorado ""uns dois anos para perceber o que estava acontecendo", mas que não faz idéia de quanto dinheiro ele transferiu para Renata participar de leilões, o que chegou a provocar risos entre os presentes. Outro momento difícil para o treinador deu-se quando foi confrontado com a gravação do programa ""Cartão Verde", da TV Cultura, em que dizia já terem lhe oferecido dinheiro para convocar jogador para a seleção. Na CPI, mudou a versão, dizendo que não havia nada de concreto. ""Não tenho nome de pessoas." Mesmo após o senador Althoff ter pedido para exibirem pela terceira vez o trecho do programa da Cultura, Luxemburgo dizia que não iria revelar nomes. Chegou a receber ameaça velada de prisão -Althoff disse que ele depunha sob juramento e que poderia estar cometendo um crime ao ""negar ou calar a verdade". Ao depor sob juramento, uma pessoa não é obrigada a se incriminar -tem direito a não responder perguntas que podem lhe comprometer-, mas não pode se omitir sobre crimes cometidos por terceiros. Depois de um intervalo, o técnico acabou declarando ter recebido um telefonema de uma pessoa dizendo se chamar Vadinho, que teria lhe oferecido dinheiro para convocar um jogador do Sport. No final, afirmou não se lembrar do nome do atleta. ""Mas jogava com o Jackson, e eu não o convoquei. Do Sport só chamei mesmo o (meia) Jackson e o (goleiro) Bosco, não esse outro." Texto Anterior: Vasco vence o River e garante vaga na final da Copa Mercosul Próximo Texto: Frases Índice |
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