São Paulo, quinta-feira, 01 de dezembro de 2005

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FUTEBOL

Corintiano quer auditoria feita por estrangeiros na parceira para integrar cúpula da empresa, o que antes exigia

Com medo, Dualib diz não a cargo na MSI

Fernando Santos/Folha Imagem
Jogadores do Corinthians fazem alongamento antes de treino, ontem, no Parque São São Jorge


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Um ano após assinar o contrato com a MSI, o presidente corintiano, Alberto Dualib, se recusou ontem a integrar oficialmente a empresa criada por Kia Joorabchian para administrar a parceria.
A Folha apurou que o dirigente não aceitou o cargo de diretor da MSI Licenciamentos e Administração Ltda. Desconfiado da gestão do iraniano, Dualib exige uma auditoria encomendada por investidores estrangeiros.
A atitude do presidente corintiano é diametralmente oposta à que tinha quando a parceria era contestada por conselheiros e dirigentes. Em 2004, sempre defendia a idoneidade do grupo de Kia.
A nova divergência acontece às vésperas do jogo em que o time pode conquistar o tetra nacional, no domingo, em Goiânia. Segundo seus aliados, Dualib alega que não conhece dos atos administrativos de Kia e teme ter de responder na Justiça por alguma irregularidade caso vire diretor.
A cúpula corintiana fala em rescindir o contrato de parceria, caso a auditoria seja feita e Dualib não concorde com as decisões que já foram tomadas por Kia. O acordo, de dez anos, prevê multa rescisória só se o clube rompê-lo.
Nesi Curi, vice de Dualib, internado anteontem com problemas cardiovasculares, também foi nomeado como diretor e não assinou o documento, recebido horas antes de sua internação -só ontem Dualib redigiu uma carta para oficializar sua decisão.
O cargo que o dirigente recusa agora é justamente o mesmo que ele cobrava na assinatura do acordo. O documento prevê a presença de duas pessoas indicadas pelo clube e duas pela MSI na empresa. Kia e Paulo Angioni, que cuidava do futebol corintiano antes da parceria, são os homens da MSI.
No último dia 24, a MSI registrou na Junta Comercial de São Paulo a ata de uma reunião que previa como ordem do dia a nomeação de Dualib e Curi como diretores da sociedade.
Antes desta ata, foi registrada outra, no dia 30 de agosto que tratava da eleição dos administradores da empresa e da remuneração deles. Conselheiros ligados a Dualib dizem que ele e Nesi não serão empossados como administradores, abrindo mão de receber salário. O estatuto do clube não permite que o presidente e seus vices sejam remunerados.
Dualib gastou a maior parte da tarde de ontem reunido com um advogado para preparar sua resposta ao parceiro. Procurado pela Folha, não quis dar entrevista.
Angioni, que é um dos sócios da empresa, se recusou a falar sobre o assunto. "Entrei nesse processo apenas para cuidar de futebol."
A exigência de uma auditoria feita por investidores não é nova. Em sua viagem à Europa, em setembro, Dualib já pedira a eles que viessem ao Brasil para vistoriar o trabalho de Kia. Ao voltar, o dirigente afirmou a aliados que a auditoria seria feita em algumas semanas, o que não aconteceu.
Entre as divergências estão gastos de Kia com reforços e com pagamentos de funcionários que Dualib considera exagerados.
Na Europa, o dirigente contou aos investidores as diferenças entre os valores que Kia diz ter gastado e as cifras dadas pelos clubes vendedores. Na transferência de Tevez, chega a US$ 6,6 milhões (cerca de R$ 17,1 milhões).


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