São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2008

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Crise força F-1 a economizar em 2009

Siuação econômica mundial afeta setores financeiro, automobilístico e petrolífero, seus principais patrocinadores

Em cooperação inédita, equipes formam associação, cuja primeira missão foi apresentar propostas para reduzir custos da categoria


FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

A F-1 encerrou 2008 demonstrando bastante preocupação com o próximo Mundial.
Esporte que requer investimentos gigantescos, a categoria ainda não foi seriamente afetada com os efeitos da crise econômica em 2009, mas sua principal fonte de receitas, os patrocinadores, sofreu fortes abalos.
Cientes da gravidade da situação e da previsão de um futuro difícil, as escuderias criaram neste ano a Fota (Associação das Equipes de F-1), cuja primeira missão foi estudar medidas para apresentar propostas que reduzam os custos.
Por anos, a indústria tabagista foi a grande mantenedora da principal categoria do automobilismo, que atualmente se apóia nos setores financeiro, automobilístico e petrolífero.
O ING, maior banco da Holanda e parceiro da Renault, teve prejuízo de 478 milhões no terceiro trimestre, o primeiro da história da companhia. Em outubro, recebeu aporte de 10 bilhões, metade do que o governo do país reservou para bancos em dificuldades.
Já o RBS (Royal Bank of Scotland), que patrocina a Wil-liams, foi parcialmente estatizado. O governo britânico anunciou a compra de 20 bilhões de libras em ações.
Os balanços recentes de montadoras da categoria também indicam perdas.
As vendas da Renault recuaram 2,2% no último trimestre. E a filial da Argentina já dispensou 300 trabalhadores.
Já a italiana Fiat, dona da Ferrari, teve pequeno lucro no período, mas prevê recuo de 20% nas vendas neste ano.
A Ferrari do Brasil festeja o fato de que, apesar da crise, deve manter em 2008 os mesmos resultados do ano passado.
Já a previsão para a Toyota é de queda de 70% no faturamento ao final de seu ano fiscal, em março, e a demissão de mais de 3.000 empregados no Japão. Se as previsões se confirmarem, será a primeira queda nos ganhos em nove anos.
O setor petrolífero, que viu a cotação do barril de petróleo despencar do pico histórico de US$ 145,29 de julho para cerca de US$ 55, também acabou tragado pela crise global. As ações da Exxon Mobil, parceira da McLaren, caíram em outubro ao menor nível em 21 anos, apesar dos lucros recordes anunciados recentemente.
Não à toa, a redução de custos é a prioridade um da Fota. "Com a situação financeira global, da qual também fazemos parte, estamos trabalhando duro para achar uma solução o mais cedo possível", disse Flavio Briatore, chefe da Renault.
Contra a crise, os dirigentes citam uma cooperação conjunta sem precedentes. "Estamos focados em 2009, o que exige uma decisão unânime para ser implantada", afirmou Ron Dennis, da McLaren. "É preciso uma significativa redução de custos para todas as equipes, principalmente as menores."
Se as grandes escuderias demonstram preocupação, pelo menos uma pequena já começou a contenção de despesa.
Patrocinada pela aérea Fly Kingfisher, a Force India alterou vôo para vir a São Paulo no mês passado para o último GP do ano. Seus integrantes tiveram que fazer escala em Portugal. O tempo da viagem aumentou, mas o custo caiu.
A equipe não comentou a situação, afirmando que a Fota representa o interesse de todas as escuderias sobre o assunto, que será discutido na próxima reunião do Conselho Mundial, no dia 12 deste mês, em Mônaco. Será o último encontro entre os dirigentes neste ano.


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