São Paulo, Domingo, 02 de Janeiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morumbi, 40, ignora tamanho e busca ser o "melhor" do país

da Reportagem Local

""O maior estádio particular do mundo" foi o slogan do Morumbi desde a sua inauguração, mas, diante dos problemas estruturais do mesmo e das exigências dos inspetores da Fifa, o estádio entra em 2000 só atrás do rótulo de ""melhor estádio privado do país".
Há 40 anos, a primeira parte do sonho são-paulino de ter o mais colossal de todos os estádios privados foi concretizada, quando o São Paulo venceu o Sporting, de Portugal, por 1 a 0, e inaugurou parcialmente o estádio, projetado para receber 150 mil pessoas, o que, pelo menos em jogos de futebol, acabou nunca acontecendo.
Há 30 anos, o sonho ficou mais próximo da realidade, quando o São Paulo empatou com outro time português, o Porto, na inauguração total do Morumbi.
O sonho são-paulino, porém, nunca foi concreto de verdade.
Não só porque o estádio não teve a melhor das estruturas, o que reflete agora na necessidade de dezenas de amortecedores, mas também porque a Fifa insistiu ao longo dos anos em não reconhecer o Morumbi como o maior estádio particular do mundo.
A máxima entidade do futebol costuma divulgar que o Camp Nou, do Barcelona, com capacidade para 120 mil pessoas, é o maior estádio privado do planeta.
O Morumbi encolheu progressivamente nesta década e, para o Mundial de Clubes, acolherá apenas 59 mil pessoas, 91 mil a menos do que previa seu projeto inicial.
Em 1994, a capacidade do estádio era ainda mais modesta -apenas 44 mil torcedores.
Para a realização do Mundial de Clubes, o estádio, que irá abrigar seis jogos da primeira fase da competição, teve que se adequar às normas da Fifa e recebeu 35 mil assentos no setor de arquibancadas, um moderno e equipado centro de imprensa para cerca de 500 jornalistas e novos vestiários, para jogadores e árbitros.
Além disso, outras reformas, como a comunicação visual do estádio e o desenvolvimento de setor para deficientes físicos, tiveram que ser providenciadas.
""O grosso está pronto. Estão faltando só detalhes de montagem, que não tinham sido feitos antesdevido às finais do Campeonato Brasileiro", disse Júlio Mariz, diretor-executivo do Comitê Organizador Local (COL) do Mundial de Clubes da Fifa no Brasil.
Nas semifinais do Nacional, no início do mês passado, o Corinthians usou uma acanhada sala como vestiário, já que os principais estavam sendo reformados.
Aproximadamente, foi gasto US$ 1 milhão nas reformas do Morumbi. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) arcou com a maior parte das despesas.
As obras no Morumbi, porém, estão longe de acabar. O presidente do São Paulo, José Augusto Bastos Neto, expôs, durante a apresentação dos ingressos do Mundial, novamente os problemas com os amortecedores.
Segundo o dirigente, ainda é preciso instalar 50 amortecedores no estádio. O clube já colocou 22, mas são necessários 72 para que as vibrações fiquem sob controle.
O São Paulo já contratou a instalação de outros 14 amortecedores. A Federação Paulista de Futebol (FPF) se prontificou a custear a instalação dos 36 restantes -a Folha apurou que o Corinthians, satisfeito com a condição de ""inquilino" no Morumbi, deverá bancar até 22 amortecedores.
Cada amortecedor custa aproximadamente US$ 36 mil. O Corinthians poderia ajudar o São Paulo com até US$ 792 mil.
As dificuldades são-paulinas acontecem também por um fato da economia do país. Com a desvalorização do real, no início do ano passado, os custos para a instalação dos amortecedores aumentaram muito, já que o material é todo importado.
Bastos Neto garante que todos os amortecedores serão colocados até março e que o estádio estará perfeito em abril, quando acontecem as eleições no clube.
Antes disso, porém, o Morumbi abrigará seu primeiro Mundial -na Copa do Mundo de 1950, os jogos realizados em São Paulo aconteceram no estádio do Pacaembu. (RBu)


Texto Anterior: Torneio põe "gigantes' na vitrine
Próximo Texto: Maracanã, 50, senta a torcida e tenta manter o Brasil de pé

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.