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OLIMPÍADA
Esquema de proteção dos Jogos terá 45 mil agentes, o maior da história; lentidão das obras inquieta gregos
Atrasada, Atenas-2004 veste armadura
MARCELO DIEGO
EDITOR-ASSISTENTE DE DINHEIRO
Desde 1998, a advogada grega
Gianna Angelopoulos-Daskalaki,
47, tem uma prioridade: driblar
disputas partidárias, críticas internas e calendários atrasados para conseguir que, em 13 de agosto
de 2004, Atenas esteja pronta para
sediar os Jogos Olímpicos.
Angelopoulos-Daskalaki é presidente do comitê organizador de
Atenas-2004. Em sua mesa de trabalho, os problemas aparecem de
todos os lados. A principal preocupação neste momento, segundo relata em entrevista à Folha, é
em deixar pronto um esquema de
segurança que seja impecável,
deixando de lado temores de um
atentado terrorista durante a
competição esportiva mais importante e mais vista no mundo.
Cerca de 45 mil agentes treinados irão participar do esquema. A
preparação envolve reuniões com
outros países, como EUA e Israel,
e está sendo chefiada pela Scotland Yard, a polícia britânica.
O orçamento para a pasta é de
US$ 600 milhões -o maior da
história já despendido em segurança em uma organização olímpica. Apesar de crucial, nem todos
os contratos de equipes de segurança foram fechados.
"Ainda estamos procurando as
melhores ofertas", disse o porta-voz do governo grego Christos
Protopapas, responsável pela
conta, na última quarta-feira.
A relação entre o comitê organizador e o governo grego não é das
melhores. Segundo a imprensa local, Angelopoulos-Daskalaki está
preocupada só em cumprir os
prazos. Reformas de estádios e ginásios, construções de novas sedes esportivas e da própria Vila
Olímpica estão bastante atrasadas. Muitas obras tiveram que ser
interrompidas porque se depararam com sítios arqueológicos
inexplorados, que possuem um
valor histórico inestimável.
Muitas das concorrências públicas para fornecimento de veículos
de transportes e alimentos nem
sequer foram feitas. "Atenas fez
um progresso significativo nos últimos meses, quando deixou de
planejar e passou a implementar.
Estaremos prontos em tempo."
A necessidade é premente. Dois
anos atrás, o Comitê Olímpico Internacional disse aos organizadores que eles poderiam perder a sede dos Jogos se não apressassem
as obras. Em novembro, na última visita a Atenas, o presidente
do COI, Jacques Rogge, declarou
que o progresso era evidente, mas
ainda bem distante do ideal.
Já o Parlamento grego está
preocupado em evitar que o orçamento estoure. As verbas públicas
variam de US$ 2 bilhões a US$ 3
bilhões. O restante da conta deverá ser paga por patrocinadores
-que diminuíram, passando de
cerca de 200 para apenas 40.
Essa queda-de-braço já custou a
cabeça de Costas Liaskas, um dos
executivos do comitê Atenas-2004. Em outubro, ele foi demitido após atrasos nas obras viárias
que ajudariam a desafogar o complicado trânsito da capital grega.
As vias de acesso ao aeroporto,
consideradas essenciais, não haviam saído ainda do papel. O COI
quer essas obras prontas até o final do ano, mas os organizadores
dizem que só será possível entregá-las em maio de 2004.
Em meio a alegadas 16 horas
diárias de trabalho, porém, Angelopoulos-Daskalaki diz estar contente pelo fato de os Jogos voltarem para "casa" (a Olimpíada é
uma tradição milenar grega, e o
país sediou as primeiras competições da era moderna, em 1896).
"Vamos fazer os melhores Jogos
da história", afirma a dirigente.
Ela diz querer evitar uma nova
decepção, como a que sentiu em
1990, quando era parlamentar na
Grécia e trabalhou pela indicação
de Atenas para abrigar os Jogos de
1996 (ano do centenário olímpico). A vitoriosa foi Atlanta, nos
EUA, que, por ironia, acabou
apresentando uma série de problemas de infra-estrutura.
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