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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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OLIMPÍADA

Esquema de proteção dos Jogos terá 45 mil agentes, o maior da história; lentidão das obras inquieta gregos

Atrasada, Atenas-2004 veste armadura

MARCELO DIEGO
EDITOR-ASSISTENTE DE DINHEIRO

Desde 1998, a advogada grega Gianna Angelopoulos-Daskalaki, 47, tem uma prioridade: driblar disputas partidárias, críticas internas e calendários atrasados para conseguir que, em 13 de agosto de 2004, Atenas esteja pronta para sediar os Jogos Olímpicos.
Angelopoulos-Daskalaki é presidente do comitê organizador de Atenas-2004. Em sua mesa de trabalho, os problemas aparecem de todos os lados. A principal preocupação neste momento, segundo relata em entrevista à Folha, é em deixar pronto um esquema de segurança que seja impecável, deixando de lado temores de um atentado terrorista durante a competição esportiva mais importante e mais vista no mundo.
Cerca de 45 mil agentes treinados irão participar do esquema. A preparação envolve reuniões com outros países, como EUA e Israel, e está sendo chefiada pela Scotland Yard, a polícia britânica.
O orçamento para a pasta é de US$ 600 milhões -o maior da história já despendido em segurança em uma organização olímpica. Apesar de crucial, nem todos os contratos de equipes de segurança foram fechados.
"Ainda estamos procurando as melhores ofertas", disse o porta-voz do governo grego Christos Protopapas, responsável pela conta, na última quarta-feira.
A relação entre o comitê organizador e o governo grego não é das melhores. Segundo a imprensa local, Angelopoulos-Daskalaki está preocupada só em cumprir os prazos. Reformas de estádios e ginásios, construções de novas sedes esportivas e da própria Vila Olímpica estão bastante atrasadas. Muitas obras tiveram que ser interrompidas porque se depararam com sítios arqueológicos inexplorados, que possuem um valor histórico inestimável.
Muitas das concorrências públicas para fornecimento de veículos de transportes e alimentos nem sequer foram feitas. "Atenas fez um progresso significativo nos últimos meses, quando deixou de planejar e passou a implementar. Estaremos prontos em tempo."
A necessidade é premente. Dois anos atrás, o Comitê Olímpico Internacional disse aos organizadores que eles poderiam perder a sede dos Jogos se não apressassem as obras. Em novembro, na última visita a Atenas, o presidente do COI, Jacques Rogge, declarou que o progresso era evidente, mas ainda bem distante do ideal.
Já o Parlamento grego está preocupado em evitar que o orçamento estoure. As verbas públicas variam de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões. O restante da conta deverá ser paga por patrocinadores -que diminuíram, passando de cerca de 200 para apenas 40.
Essa queda-de-braço já custou a cabeça de Costas Liaskas, um dos executivos do comitê Atenas-2004. Em outubro, ele foi demitido após atrasos nas obras viárias que ajudariam a desafogar o complicado trânsito da capital grega. As vias de acesso ao aeroporto, consideradas essenciais, não haviam saído ainda do papel. O COI quer essas obras prontas até o final do ano, mas os organizadores dizem que só será possível entregá-las em maio de 2004.
Em meio a alegadas 16 horas diárias de trabalho, porém, Angelopoulos-Daskalaki diz estar contente pelo fato de os Jogos voltarem para "casa" (a Olimpíada é uma tradição milenar grega, e o país sediou as primeiras competições da era moderna, em 1896). "Vamos fazer os melhores Jogos da história", afirma a dirigente.
Ela diz querer evitar uma nova decepção, como a que sentiu em 1990, quando era parlamentar na Grécia e trabalhou pela indicação de Atenas para abrigar os Jogos de 1996 (ano do centenário olímpico). A vitoriosa foi Atlanta, nos EUA, que, por ironia, acabou apresentando uma série de problemas de infra-estrutura.



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