|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Eu quis regressar para Cuba"
Pugilista que deixou a Vila do Pan-07 afirma que Lula perguntou se ele gostaria de ficar no Brasil
Erislandy Lara vive hoje nos EUA como profissional após enfrentar o ostracismo no retorno ao seu país natal, de
onde fugiu no ano passado
DA REPORTAGEM LOCAL
O pugilista cubano Erislandy
Lara, que com o colega Guillermo Rigondeaux abandonou a
Vila do Pan-Americano do Rio
em 2007 e acabou deportado
pelo governo brasileiro, afirmou que ele e o colega voltaram
a Cuba por vontade própria.
Refugiado em Miami, o ex-
-campeão mundial amador disse que, na época, conversou até
com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva sobre o caso.
"Ele me tratou bem, ofereceu-me tudo que podia fazer
até que voltei para Cuba", disse
Lara ao "Esporte Espetacular".
"Ele perguntou se eu queria ficar no Brasil. Eu disse não, que
queria regressar para Cuba."
A assessoria de imprensa do
Planalto disse que ontem não
teria condições de comentar as
afirmações do boxeador.
Após a fuga da Vila, Lara e Rigondeaux ficaram duas semanas escondidos no Rio. Ao serem encontrados, foram presos
e deportados em menos de 48
horas. À época, o caso teve
grande repercussão.
O ministro Tarso Genro
(Justiça) foi até a Comissão de
Relações Exteriores do Senado
para prestar esclarecimentos.
Lara afirmou que decidiu fugir no Pan do Rio após assinar
contrato com uma empresa
alemã, a Arena Box-Promotion.
"Eles foram me buscar no
Pan do Brasil. Decidimos fugir,
mas as coisas não deram certo",
afirmou ele, que teria até se encontrado com um funcionário
da empresa alemã no Rio.
"Eles foram para a Alemanha
e nos deixaram sozinhos, não
ficou ninguém. Nós voltamos
para Cuba", completou.
De volta à ilha, Lara e Rigondeaux foram impedidos de boxear e não disputaram as seletivas olímpicas para Pequim-08.
Além deles, no Pan, outros
três cubanos deixaram a delegação para ficar no Brasil: Rafael Capote (handebol), Lazaro
Ramirez (ginástica) e Michel
Fernandez Garcia (ciclismo).
O temor de mais deserções
fez com que o governo cubano
decidisse boicotar o Mundial
amador de boxe de Chicago, em
outubro daquele ano.
De acordo com relatório produzido pelo Itamaraty em setembro de 2007, os dois ficaram em situação de abandono,
mesmo depois de o então presidente Fidel Castro ter dito que
perdoava os boxeadores.
Eles foram proibidos de treinar com a equipe nacional,
afastados dos amigos e sem
perspectiva de futuro.
Nesse período, Lara passou a
viver de bicos. Alugava sua moto, herança do tempo em que
era um astro esportivo, e ainda
trabalhou como motoboy, executando pequenas entregas.
Mas, em março de 2008, Lara
voltou a fugir de Cuba.
Lara pegou uma lancha para
chegar ao México e conseguir a
documentação necessária para
entrar na Alemanha antes de
seguir para os EUA, onde busca
um novo título mundial, desta
vez entre os profissionais.
"Confio em mim. Tenho boa
preparação, técnica, juventude.
E creio que não devo ter problemas para disputar o título
mundial", afirmou Lara, 25.
Desde sua estreia como pugilista profissional, em julho de
2008, Lara acumula quatro vitórias em quatro combates,
sendo três por nocaute.
Texto Anterior: Juca Kfouri: O Santos jogou feito grande Próximo Texto: Frase Índice
|