São Paulo, terça-feira, 02 de março de 2010

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África-10 encara dúvidas na reta final

Em meio a problemas crônicos e imprevistos, Fifa comemora hoje, nas ruas do país, cem dias para o início do Mundial

Até estádios, considerados a parte mais bem-sucedida da organização, apresentaram defeitos na última semana; para entidade, tudo vai bem


FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

A Fifa celebra hoje a data simbólica de cem dias para o início da Copa da África do Sul com eventos de rua que tentarão pelo menos disfarçar o desconforto com imprevistos surgidos nos últimos dias.
A semana passada foi especialmente ruim para o comitê organizador. Dúvidas quanto à qualidade dos estádios, considerados a face mais bem-sucedida da preparação, pipocaram.
O gramado do estádio Mbombela, em Nelspruit, terá de ser refeito praticamente do zero. A mistura de areia com grama não deu certo e agora os organizadores correm para corrigir o defeito.
Também foi anunciado na semana passada que o Soccer City, vedete do torneio, só deve ficar pronto daqui a 50 dias, na melhor das hipóteses. Falta concluir a parte externa da arena de Johannesburgo, que sediará as duas principais partidas da Copa: abertura e final.
Se mantida a previsão, ainda será possível fazer um ou dois eventos-teste no Soccer City antes de 11 de junho, quando ocorrerá o primeiro jogo do Mundial, África do Sul x México. O problema é que desde o final de 2009 diversos prazos já foram descumpridos.
Para completar, o estádio Royal Bafokeng, em Rustenburgo, que sediará partidas da seleção inglesa, apresenta problemas em seu acesso viário.
Diversos locais que servirão de concentração para as seleções ainda estão em obras. Isso inclui não só o hotel Fairway, casa do Brasil, mas também a da Inglaterra e até a da anfitriã.
Piores são aspectos que fogem do controle direto do comitê organizador, mas que são cruciais para o sucesso da Copa.
O novo sistema de corredores de ônibus de Johannesburgo, maior aposta para desafogar o dificílimo tráfego da metrópole, sofreu atraso na expansão por questão política: taxistas, de forte poder de mobilização na cidade, insurgiram-se, alegando que perderão dinheiro.
O governo local, com medo de uma greve ou até de protestos violentos, cedeu. Uma rodada de negociações foi agendada, e a expansão vai atrasar pelo menos duas semanas.
Outra opção para ajudar no transporte na entupida Johannesburgo, um trem de alta velocidade, está em fase de testes. A promessa é inaugurá-lo somente às vésperas da Copa.
Os organizadores reclamam ainda da crise financeira mundial, que reduziu o apetite de estrangeiros. Cerca de 20% dos ingressos estão encalhados e serão vendidos com desconto para sul-africanos, na tentativa de encher as arquibancadas.
A Fifa procura ver o lado bom do cenário. Lembra que nove dos dez estádios já estão construídos, e que o torneio não começa hoje -mas em cem dias.
Entretanto, nem essa conta de cem dias bate direito -um olhar mais atento ao calendário mostra que faltam 101 dias até 11 de junho. Segundo a Fifa, porém, não há erro. Oficialmente, a contagem regressiva da entidade leva em conta a meia-noite da véspera da partida, ou seja, 10 de junho.
Um dia a mais ou a menos não altera o discurso otimista dos responsáveis pelo evento.
"Quando começar, tudo estará em ordem. Posso assegurar que a África do Sul vai hospedar uma das melhores Copas de todos os tempos", afirmou o diretor-executivo do comitê organizador, Danny Jordaan.
Procurando aparentar despreocupação, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, participaria ontem à noite de um jantar de gala em Durban. Amanhã, na mesma cidade, a África do Sul realiza amistoso contra a seleção da Namíbia.


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