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África-10 encara dúvidas na reta final
Em meio a problemas crônicos e imprevistos, Fifa comemora hoje, nas ruas do país, cem dias para o início do Mundial
Até estádios, considerados a parte mais bem-sucedida da organização, apresentaram defeitos na última semana; para entidade, tudo vai bem
FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
A Fifa celebra hoje a data
simbólica de cem dias para o
início da Copa da África do Sul
com eventos de rua que tentarão pelo menos disfarçar o desconforto com imprevistos surgidos nos últimos dias.
A semana passada foi especialmente ruim para o comitê
organizador. Dúvidas quanto à
qualidade dos estádios, considerados a face mais bem-sucedida da preparação, pipocaram.
O gramado do estádio
Mbombela, em Nelspruit, terá
de ser refeito praticamente do
zero. A mistura de areia com
grama não deu certo e agora os
organizadores correm para
corrigir o defeito.
Também foi anunciado na
semana passada que o Soccer
City, vedete do torneio, só deve
ficar pronto daqui a 50 dias, na
melhor das hipóteses. Falta
concluir a parte externa da arena de Johannesburgo, que sediará as duas principais partidas da Copa: abertura e final.
Se mantida a previsão, ainda
será possível fazer um ou dois
eventos-teste no Soccer City
antes de 11 de junho, quando
ocorrerá o primeiro jogo do
Mundial, África do Sul x México. O problema é que desde o final de 2009 diversos prazos já
foram descumpridos.
Para completar, o estádio Royal Bafokeng, em Rustenburgo,
que sediará partidas da seleção
inglesa, apresenta problemas
em seu acesso viário.
Diversos locais que servirão
de concentração para as seleções ainda estão em obras. Isso
inclui não só o hotel Fairway,
casa do Brasil, mas também a
da Inglaterra e até a da anfitriã.
Piores são aspectos que fogem do controle direto do comitê organizador, mas que são
cruciais para o sucesso da Copa.
O novo sistema de corredores de ônibus de Johannesburgo, maior aposta para desafogar
o dificílimo tráfego da metrópole, sofreu atraso na expansão
por questão política: taxistas,
de forte poder de mobilização
na cidade, insurgiram-se, alegando que perderão dinheiro.
O governo local, com medo
de uma greve ou até de protestos violentos, cedeu. Uma rodada de negociações foi agendada,
e a expansão vai atrasar pelo
menos duas semanas.
Outra opção para ajudar no
transporte na entupida Johannesburgo, um trem de alta velocidade, está em fase de testes. A
promessa é inaugurá-lo somente às vésperas da Copa.
Os organizadores reclamam
ainda da crise financeira mundial, que reduziu o apetite de
estrangeiros. Cerca de 20% dos
ingressos estão encalhados e
serão vendidos com desconto
para sul-africanos, na tentativa
de encher as arquibancadas.
A Fifa procura ver o lado bom
do cenário. Lembra que nove
dos dez estádios já estão construídos, e que o torneio não começa hoje -mas em cem dias.
Entretanto, nem essa conta
de cem dias bate direito -um
olhar mais atento ao calendário
mostra que faltam 101 dias até
11 de junho. Segundo a Fifa, porém, não há erro. Oficialmente,
a contagem regressiva da entidade leva em conta a meia-noite da véspera da partida, ou seja, 10 de junho.
Um dia a mais ou a menos
não altera o discurso otimista
dos responsáveis pelo evento.
"Quando começar, tudo estará em ordem. Posso assegurar
que a África do Sul vai hospedar
uma das melhores Copas de todos os tempos", afirmou o diretor-executivo do comitê organizador, Danny Jordaan.
Procurando aparentar despreocupação, o presidente da
Fifa, Joseph Blatter, participaria ontem à noite de um jantar
de gala em Durban. Amanhã, na
mesma cidade, a África do Sul
realiza amistoso contra a seleção da Namíbia.
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