São Paulo, domingo, 2 de março de 1997.

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Paulistano prefere torneios nacionais

MELCHIADES FILHO

Editor de Esporte

O projeto de criação de uma Liga Nacional de Futebol, com a elite do esporte brasileiro, parece ter o respaldo da cidade de São Paulo.
Pesquisa Datafolha mostra que os paulistanos adultos (acima de 16 anos) gostam mais de competições nacionais, e não do Estadual, o torneio que lhes é mais próximo.
O Campeonato Paulista aparece atrás da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro na ordem das preferências.
Dos entrevistados, 90% disseram se interessar pela Copa do Brasil; 64% declararam muito interesse.
O Campeonato Brasileiro recebeu o apoio de 88% -58% de torcedores mais ``fiéis''.
Já o Campeonato Paulista atrai o interesse de 83% -50%.
O curioso é que o Datafolha ouviu os paulistanos no dia 31 de janeiro, uma semana antes do início do Paulista e quando as contratações e novidades da competição recebiam destaque na mídia.
(Se o ``timing'' da pesquisa pudesse beneficiar um dos torneios, portanto, este seria o Estadual.)
Por isso, os números representam um golpe para a Federação Paulista de Futebol, que nos últimos anos procurou revitalizar seu campeonato.
Seu presidente, Eduardo José Farah, por gerir uma competição rentável (talvez o único estadual a dar lucros no país), virou uma espécie de ``líder moral'' daqueles que resistem à idéia da Liga.
Duelo
Do outro lado do cabo-de-guerra, está o Clube dos 13, que reúne as principais agremiações do país e que aposta na Liga para reverter o prejuízo das últimas temporadas.
Recentemente, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol alinhou-se a esse grupo.
Ricardo Teixeira sabe que algo precisa mudar na situação do esporte. Vai tentar conduzir a Liga a seu modo -e aproveita para estilingar as pretensões políticas de seu arqui-rival, Farah.
A pesquisa do Datafolha, aliás, evidencia um capítulo da briga Farah-Teixeira: a Copa do Brasil.
Criada há apenas sete anos e disputada no sistema mata-mata (eliminatório), a competição recebeu uma ``injeção'' de Teixeira.
Em vez de incluir somente o campeão e vice de cada Estado, como pedia o regulamento original, a CBF passou, desde o ano passado, a convidar times de expressão.
As equipes concordaram com a manobra. Toparam até a sobrecarga no calendário para correr em busca da vaga na Libertadores da América (principal competição interclubes do continente) que o título da Copa do Brasil garante.
No total, 13 times foram convidados para a edição 97 do torneio, entre eles três paulistas.
Com cinco times do Estado na copa, não é à toa que o interesse do paulistano seja tão grande por ela.
Outro golpe para a escola regionalista de Farah: ressuscitado em janeiro, o Rio-São Paulo faturou nas bilheterias, mas ainda não emplacou com o torcedor -73% se disseram interessados.

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