São Paulo, domingo, 2 de março de 1997.

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Maioria reprova dirigentes e aceita clube-empresa

da Redação

Apenas 17% dos paulistanos se opõem à criação do clube-empresa, uma das saídas consideradas para a revitalização do futebol brasileiro.
Atualmente, as equipes fazem parte de clubes sociais, entidades de utilidade pública, supostamente sem fins lucrativos.
Esse regime estatutário, para muitos, ajuda a perpetuar dirigentes incompetentes, em que as relações políticas têm imperado sobre a eficiência administrativa.
A legislação em vigência também beneficia os clubes com várias isenções de impostos, entre eles o Imposto de Renda.
Mesmo a evasão fiscal das taxas cobradas virou realidade -como o próprio presidente do Clube dos 13, Fábio Koff (Grêmio), admitiu em entrevista à Folha.
Entre os patrocinadores consultados pela Folha na série País do Futebol, há uma unanimidade.
Todos acreditam que os clubes precisam ser reestruturados para que o esporte se torne uma potência econômica no Brasil.
Minoria
A Europa tem indicado o caminho da privatização ou da gestão profissionalizada -neste caso, com o caixa fiscalizado periodicamente pelas confederações.
Hoje, no Brasil, dos 501 clubes reconhecidos pela Confederação Brasileira de Futebol, somente 2 são clubes-empresa.
Artífice da lei que tentou, sem sucesso, modernizar o futebol, o ex-jogador Zico foi o pioneiro.
Fundou o Rio de Janeiro Futebol Clube Ltda, que estréia neste ano na terceira divisão do Estadual.
A segunda iniciativa aconteceu em Pernambuco. De uma parceria entre empresários e universidade, nasceu o Unibol, que debuta na segunda divisão estadual em 97.
A pesquisa do Datafolha mostra que o paulistano dá sinal verde a esse caminho. Dos ouvidos, 37% acham que deveria ser obrigatória a transformação dos clubes em empresas. Segundo 42%, ela deveria ser facultativa.
Para 94% dos entrevistados, os clubes profissionais não deveriam receber benefícios fiscais.
Na opinião de 85%, os dirigentes precisariam ser remunerados -e encarar, assim, a função como um emprego, e não uma ocupação que lhe toma só parte do dia.

Culpa
No diagnóstico do paulistano, cabe aos dirigentes dos clubes a maior parcela de responsabilidade pela má situação financeira do futebol -essa é a opinião de 36%.
Em segundo lugar no ranking dos culpados, com 24%, aparecem os dirigentes de federações -14% apontam as federações estaduais; 10% acusam a CBF.
A administração clubística recebe a aprovação de apenas 23% dos ouvidos (essa é a avaliação de ótimo/bom). (MchF)
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