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FUTEBOL
Campanha "Esporte e Fé" distribuirá folhetos e bíblias nos estádios franceses e organizará torneio religioso
Evangélicos promovem cruzada na Copa
RODRIGO BERTOLOTTO
da Reportagem Local
"O verdadeiro
gol é buscar a
glória de Deus."
Essa é a convocação da campanha "Esporte
e Fé", que será
promovida pelos evangélicos franceses durante a Copa do Mundo.
O principal objetivo é conquistar
mais adeptos aos 300 mil evangélicos da França utilizando a associação entre religião e futebol.
A cruzada, que acontece nas dez
cidades-sede, é organizada pela
Aliança Evangélica Francesa (150
igrejas no país), com a ajuda de 20
organizações cristãs locais e 19 do
exterior, entre elas a associação
brasileira Atletas de Cristo.
"A Copa é o momento propício
para evangelizar. Infelizmente, as
pessoas agora preferem ir aos estádios a ir às igrejas. Então, a palavra
de Deus também tem de ir aos estádios", afirma Stéphane Lauzet,
secretário-geral da Aliança Evangélica Francesa.
A campanha, que em francês
tem o título de "Sport et Foi", terá
um custo total de US$ 1 milhão e
envolverá mais de 600 voluntários.
Ela incluirá distribuição maciça
de folhetos nas proximidades dos
estádios, evangelização ao ar livre
em lugares estratégicos com corais
gospel e distribuição de novos testamentos e vídeos com testemunhos de atletas cristãos.
Nesse último item se destaca um
vídeo com depoimentos de seis
atletas de Cristo da seleção tetracampeã: Taffarel, Jorginho, Paulo
Sérgio, Zinho, Mazinho e Muller.
Além disso, haverá um torneio
de futebol só para evangélicos.
Nele, jogarão times amadores
com atletas de 12 países (África do
Sul, Canadá, República Tcheca,
Rússia, Costa Rica, Índia, Tailândia, Brasil, Argentina, Inglaterra,
Estados Unidos e França).
A diferença é que nos intervalos
das partidas, no lugar das instruções do técnico, haverá uma série
de testemunhos de fé.
Haverá também jogos dos evangélicos contra equipes de presidiários nas cadeias do país.
Um dos projetos já foi abandonado: as "casas de hospitalidade",
porque os religiosos franceses não
concordaram em abrir suas casas
para receber os visitantes.
Por seu lado, o futebol também
irá aos templos. Serão colocados
telões nas igrejas para os seguidores acompanhem as partidas da
Copa, com direito a debate e testemunhos nos intervalos.
Segunda experiência
A primeira investida das igrejas
evangélicas em Copas foi em 1994,
quando equipes argentinas e inglesas fizeram um torneio contra
times dos EUA. Houve também
oito clínicas de futebol e evangelizações para crianças.
"Dessa vez será mais organizado. Os franceses estão caprichando", diz Alex Dias Ribeiro, diretor
nacional dos Atletas de Cristo.
Fundada em 1979 e detentora de
6.500 membros, a associação levará representantes para a Copa
evangélica. Além disso, membros
célebres, como os ex-jogadores Silas e Baltazar (cujo apelido era "o
artilheiro de Deus"), devem fazer
palestras e cultos na campanha.
"Não vamos exigir que os evangélicos da seleção brasileira, como
Taffarel e César Sampaio, participem, afinal, o objetivo deles é o
pentacampeonato. Mas, se houver
uma brecha, eles vão nos ajudar",
afirma Ribeiro, que diz rezar para
que os Atletas de Cristo tenham
seis representantes na seleção de
98, como aconteceu em 94.
As seleções da Nigéria e da Coréia do Sul são as que têm mais
atletas evangélicos, enquanto a Jamaica é dirigida por um deles, o
técnico brasileiro Renê Simões.
História sangrenta
A França é tradicionalmente um
país de católicos (45 milhões), a
maioria deles não-praticante. As
igrejas protestantes somam aproximadamente 950 mil adeptos,
pouco mais que os islâmicos (750
mil) e judeus (700 mil).
A história dos protestantes na
França é cheia de conflitos.
Durante toda a segunda metade
do século 16, católicos e protestantes se enfrentaram em uma verdadeira guerra religiosa e política.
O ápice aconteceu em 1572,
quando a rainha Catarina de Médicis ordenou o assassinato de milhares de protestantes, episódio
que ficaria conhecido como "A
Noite de São Bartolomeu".
A paz religiosa só foi restabelecida em 1598 com o édito de Nantes
criado pelo rei Henrique 4º.
Pelo censo de 1670, havia 882 mil
protestantes na França -número
próximo ao atual. Já em 1815, eles
eram apenas 472 mil. De lá para
cá, o número de protestantes cresceu lentamente.
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