São Paulo, domingo, 02 de abril de 2006

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VÔLEI

Filho de Vera Mossa e de Bernardinho, levantador desponta como o melhor da Superliga e promessa para a seleção

Bruninho copia a mãe para ganhar o pai

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Certo dia Renan recebeu um telefonema. Do outro lado da linha, o velho amigo questionou: "Você não acha que já está na hora de o Bruno entrar na fogueira?".
Concordou na hora e decidiu chamar o garoto "nem que fosse só para ser catador de bolas". Afinal, ele ainda era jovem, e o time já contava com seus levantadores.
Um ano depois, a surpresa. Bruno, 18, assumiu a condição de segundo levantador da Unisul, atrás só de Marcelinho, da seleção.
Hoje, seu desempenho surpreende ainda mais. É o melhor de sua posição na Superliga.
Seria a história de mais uma surpresa não fosse seu nome. Bruno Mossa de Resende, 19, é filho da ex-jogadora Vera Mossa e de Bernardinho, o velho amigo de Renan Dal Zotto, medalhista de prata em Los Angeles ao seu lado e ex-supervisor da Unisul.
"O desempenho dele é uma surpresa principalmente para mim. Apostei alto quando defini que ele seria "o cara". É uma posição que exige maturidade, consciência", diz o atual técnico do Florianópolis, finalista do torneio nacional.
Bruno tem aproveitamento de 38,18% e aparece à frente de veteranos, como o campeão olímpico Talmo, e de promessas, como Vinhedo, revelação e líder das estatísticas da última Superliga.
As comparações com Bernardinho são inevitáveis. O técnico costuma dizer que só espera que o filho seja melhor do que ele foi.
Bruno, que já teve no "nome artístico" seus dois sobrenomes, hoje atende por Bruninho. Escolheu a mesma posição que o pai, despontou cedo no vôlei e tem o temperamento semelhante: é perfeccionista e explosivo em quadra.
Características que ele tenta controlar para buscar mais um elo com o pai: a confiança de ser convocado para a seleção.
"Sempre treinei muito, vejo DVDs dos rivais, me cobro demais. Estou tentando ficar menos ansioso. Os jogadores e o Renan estão me ajudando", afirma.
"A seleção é um sonho, mas tenho muito o que aprender. A cobrança comigo vai ser bem maior, das pessoas de fora e de mim mesmo. Tenho de provar que consigo porque sou capaz, não por causa do meu pai ou de qualquer um."
Vera Mossa já notou as mudanças no comportamento do filho.
Torcedora fanática, diz que se preocupava com as explosões de Bruninho e sua dificuldade de lidar com as derrotas.
"É bom porque ele demonstra ter muita garra, mas às vezes extrapolava. Ele está buscando um equilíbrio. Eu era mais controlada quando jogava. Acho que está ficando parecido comigo", brinca.
Renan aprova a tentativa de Bruninho de "copiar" a mãe.
"Ele se culpa muito. Às vezes um cara erra e ele pede desculpa. É meio "invocadinho" também. Nisso os jogadores mais experientes estão ajudando muito", diz.
Bruno mostra desde cedo o apreço pela competição. Vera conta que teve de proibir bolas em casa porque não lhe sobravam mais bibelôs. A solução foi usar bexigas. "Ele ficava bravo quando percebia que o deixava ganhar. Ele errava de propósito só para equilibrar o jogo", diz ela, que jura que Bruninho treinava saques e cortadas com chupetas no berço.
Bernardinho prefere não comentar o desempenho do filho. Como pai, está feliz e orgulhoso, mas quer evitar avaliações técnicas antes do fim da Superliga.
Em maio, a seleção deve iniciar os treinos para a Liga Mundial.
No ano passado, a revelação do campeonato acabou convocada.


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