São Paulo, domingo, 02 de abril de 2006

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TAEKWONDO

Com bons resultados, modalidade consegue verba, troca de cartola e fecha temporada recorde no exterior

Ex-excluído, Brasil completa hoje ciclo histórico na Europa

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje, em meio a 1.400 lutadores, oito brasileiros irão completar o último estágio do mais caro e ambicioso investimento feito no taekwondo nacional.
Encabeçada por Natália Falavigna, que se sagrou campeã mundial no ano passado, a equipe fecha a participação no Aberto da Bélgica e põe fim a 20 dias ininterruptos de treinos e competições na Europa. Nunca na história da modalidade o Brasil manteve uma delegação tão numerosa (além dos oito atletas, há mais dois treinadores) por tanto tempo no velho continente.
"Jamais havíamos disputado duas etapas do Circuito Europeu, com tantos taekwondistas, de forma consecutiva. É uma evolução e tanto", diz o técnico da seleção Fernando Madureira.
Para cumprir a jornada iniciada no dia 14, quando chegou a Eindhoven (HOL) e logo disputou o Aberto da Holanda -obteve três bronzes-, a equipe consumirá R$ 63,5 mil, a maior verba já investida para uma ação desse tipo no taekwondo nacional.
O valor aplicado agora, fruto de verba extra do Comitê Olímpico Brasileiro à Confederação Brasileira de Taekwondo, corresponde a 13,5% do montante que se estima que a modalidade irá receber da Lei Piva neste ano.
"É um momento único. Hoje temos três equipes de elite. E estamos inaugurando nova sede para o Pan-07", diz Valdemir Medeiros, vice-presidente da CBTKD.
Segundo os atletas, o maior trunfo para a guinada no taekwondo é a entrada de Marcelino Soares de Barros no departamento técnico da confederação, em 2001. Só a presença dele é um feito: é o primeiro brasileiro no cargo em 35 anos do esporte no país.
"A mudança foi na mentalidade da administração", diz Marcelino, enumerando fatores para o status da modalidade: 1) a adoção de uma equipe multidisciplinar para preparar os atletas, 2) o pagamento de salários na seleção, 3) a adoção de seletivas para torneios e 4) a contratação do técnico coreano Pan Sun Chung, para acompanhar a seleção em eventos.
"Hoje o atleta, em vez de pagar para competir e treinar, tem ajuda de custo, R$ 700 em média", diz.
Uma de suas medidas foi ter aberto uma conta na Caixa Econômica Federal em nome da CBTKD para arrecadar fundos para bancar projetos e viagens. "Não dá para depender só da verba pública. Temos 300 mil praticantes no país. Se cada um depositar R$ 1, teremos 65% da verba da Lei Piva. Se forem R$ 3, então...", diz Marcelino, revelando que já juntou R$ 7.000.
Impulsionada ainda pelos quartos lugares em Atenas-04 -com Natália Falavigna e Diogo Silva- e o título mundial de 2005, a modalidade já chama a atenção do COI, que destina US$ 300 (R$ 650) por mês a três atletas do país.
"Já recebemos convites para treinar com Turquia e Inglaterra. Ao viajarmos com uma equipe, impomos respeito", diz Natália.
Novas viagens estão previstas. Com exceção de Diogo e Márcio Venceslau, que ficarão na Europa até o dia 11, a equipe volta ao Brasil na segunda e já terá seletivas para o Mundial Universitário. "Vamos fazer intercâmbios na Argentina e na Coréia. E competir no Vietnã", avisa Marcelino.


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