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Programa-modelo do ministério tem fraude de R$ 2 mi
Polícia prende 5 acusados por desvio no uso de recursos
repassados a ONGs ligadas ao PC do B no Distrito Federal
Investigação quer averiguar se houve erro na fiscalização e na análise da prestação de contas e se verbas foram para campanhas políticas
FERNANDA ODILLA
MATHEUS LEITÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos carros-chefes do Ministério do Esporte, o programa Segundo Tempo transformou-se ontem em caso de polícia. Foram presas cinco pessoas
acusadas de desviar R$ 1,99 milhão do total de R$ 2,9 milhões
repassados a duas ONGs ligadas ao PC do B no DF.
É a primeira vez que uma
operação policial flagra desvio
de verbas do programa criado
para promover práticas esportivas com alunos no período em
que estão fora da sala de aula.
As investigações continuam e
vão focar a pasta do Esporte. A
polícia quer averiguar se houve
falha na fiscalização e análise
da prestação de contas.
Para a polícia, foram usadas
notas frias para simular compra de merenda, uniforme e
material esportivo em nome da
Febrak (Federação Brasiliense
de Kung Fu) e da Associação
João Dias, presididas pelo policial militar João Dias Ferreira,
preso e acusado de ser o grande
beneficiário do esquema investigado pela Operação Shaolin.
Dias Ferreira foi candidato a
deputado distrital derrotado
em 2006 pelo PC do B e compôs a chapa encabeçada por Agnelo Queiroz, a época no PC do
B, que deixou o Ministério do
Esporte para se candidatar ao
Senado e hoje é pré-candidato
do PT ao governo do DF. Orlando Silva, atual ministro, também foi indicado pelo PC do B.
O convênio firmado com a
Febrak, no valor de R$ 2,04 milhões, tinha como objetivo beneficiar 10 mil crianças e jovens
por um ano a partir de junho de
2005, período em que Agnelo
estava à frente do ministério. O
outro convênio, segundo a polícia, foi firmado com a Associação João Dias em outubro de
2006, na gestão de Silva Jr.
O dinheiro desviado foi usado, segundo a investigação, para construir uma mansão num
condomínio próximo à Brasília,
montar três academias e comprar carros luxuosos. A polícia
investiga também se houve
desvio do dinheiro para abastecer campanhas políticas.
"São aproveitadores que, se
valendo de um importante programa social, maquiavam a
contabilidade para desviar recursos de jovens carentes. Com
certeza alguém do ministério
será chamado", disse ontem
Pedro Cardoso, delegado-chefe
da Polícia Civil do DF, responsável pela investigação.
Ontem, a polícia cumpriu
cinco mandados de busca, cinco de prisão e indiciou sete pessoas por formação de quadrilha
e fraude em licitação, entre
elas, a mulher de João Dias.
Ana Paula Faria é coordenadora do Departamento Nacional
de Auditoria do Sistema Único
de Saúde, indicada por Agnelo.
Apesar de ter se concentrado
na análise das prestações de
contas, a investigação colheu
relatos de monitores, obrigados a retirar estudantes de sala
de aula para ensinar kung fu -o
propósito do projeto era a prática esportiva no segundo turno da jornada dos alunos.
No caso da federação, os investigadores descobriram que a
maioria dos cadastros dos estudantes era falsa e flagraram alguns treinando na academia de
ginástica no turno escolar.
As duas entidades também
são alvos de ação do Ministério
Público, que cobra R$ 3,1 milhões da Febrak por irregularidades na prestação dos serviços. Foi pedido bloqueio de
bens de João Dias Ferreira.
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