RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto o Brasil começa a se acostumar com o sistema de pontos corridos, tão tradicional no futebol italiano, o campeonato nacional mais badalado da Europa vê hoje uma final brasileira.
Milan e Roma se enfrentam no estádio San Siro separados por seis pontos na tabela (76 a 70). O time de Kaká, Dida, Cafu e Serginho fica com o scudetto se vencer a equipe de Mancini, Emerson e Lima, pois só haverá mais duas rodadas após este fim de semana.
A presença dos sete jogadores acima citados nos elencos dos dois clubes é apenas uma das facetas brasileiras do duelo de hoje.
Pela fórmula de disputa do Italiano, raramente o campeonato consegue definir seu campeão em um duelo direto entre os dois melhores times, o que pode ocorrer hoje -caso a Roma ganhe a ""final", tentará descontar três pontos nas duas rodadas finais e forçar um duelo de desempate.
Os dois ""finalistas" mostraram ao longo do torneio uma vocação ofensiva pouco associada ao calcio. A Roma tem o melhor ataque da liga, com 67 gols. Totti marcou 20 vezes e está apenas um gol atrás do ucraniano Shevchenko, do Milan, na tabela de artilheiros.
O time de Milão apresentou nesta temporada Kaká, sensação do torneio e autor de dez gols. Já a Roma ""descobriu" o ala-direito Mancini, que anotou só dois gols a menos que o ex-são-paulino.
Cafu, o titular da lateral direita da seleção brasileira, tenta hoje o seu segundo título do Italiano, uma vez que venceu a concorrida disputa em 2001 vestindo exatamente a camisa do rival de hoje -seu ex-companheiro Emerson também pode ser bicampeão.
Tanto Milan quanto Roma se acostumaram a abastecer seus times nos últimos anos com atletas brasileiros. Antônio Carlos, Roque Júnior, Aldair, Rivaldo e Marcos Assunção são alguns dos jogadores do país que passaram recentemente por um desses clubes.
A Juventus, que ganhou os dois últimos scudettos, não segue essa tendência e prefere mesmo o estilo de jogo e os jogadores italianos.
O Milan tem até um importante dirigente brasileiro. Leonardo já ganhou o Italiano como atleta, mas pode ser consagrado hoje como um vitorioso diretor do clube. Especialmente porque foi fundamental na contratação de Kaká, a ""menina dos olhos" de seu time.
O técnico Carlo Ancelotti, do Milan, ganhou o título europeu e o rótulo de ""retranqueiro" na temporada passada. Agora, deixou a equipe mais solta com Kaká. Resultado: o time já bateu o recorde de pontos do Italiano (76).
A Roma perdeu três vezes deste Milan por 2 a 1. Mas não era final.