São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

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Comerciante, Rogério lucra sem pagar aluguel

Brasileiro mais bem pago no futebol no país, são-paulino teve de fechar sua loja no Morumbi

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Jogador brasileiro mais bem pago em território nacional, com pouco mais de R$ 300 mil mensais, Rogério Ceni entrou numa lista de parceiros são-paulinos que ganharam dinheiro no clube sem dar lucro algum em troca.
O goleiro, de 33 anos, está na relação porque engordou a sua conta bancária com a venda de camisas numa lojinha no Morumbi, sem pagar um centavo de aluguel.
Com a Topper, antiga patrocinadora do São Paulo, ele fez um contrato que lhe garantia uma cota mensal de camisas, além de uma parte em dinheiro.
No ano passado, o goleiro colocou as camisas à venda num quiosque no estádio do Morumbi.
O principal ídolo da torcida não comunicou à presidência do clube que ocuparia um espaço.
"Eu não sabia de nada, aí alguém reclamou que ele estava usando um quiosque lá. Então pedi ao Rogério que não vendesse mais. E ele parou, isso durou só alguns meses", afirmou Marcelo Portugal Gouvêa, presidente são-paulino na ocasião.
Ele afirma não saber quem deu a autorização para Rogério montar sua loja no estádio.
O dirigente, porém, diz não recriminar a atitude do goleiro. "Ele é um ídolo, já nos ajudou em muitas conquistas e está prestes a se tornar o goleiro com mais gols marcados no futebol mundial. Que mal há em ele querer usar um quiosque do clube para vender suas camisas?", disse Gouvêa.
O goleiro está a dois gols de igualar a marca do paraguaio Chilavert, maior goleador da posição, com 62 tentos marcados.
A força de Rogério junto à torcida impediu que a oposição são-paulina fizesse barulho com o episódio na eleição do mês passado. Os desafetos de Gouvêa e Juvenal Juvêncio, vencedor do pleito, avaliaram que tornar o episódio público os indisporia com a torcida.
Mas o caso Rogério aparecia num dossiê da oposição sobre o que considerava maus negócios da diretoria, como contratos com o Habib's e a Alpha Vision, responsável pelo telão no estádio.
Internamente, o episódio gerou pedidos de explicação por escrito à diretoria e a suspeita de que faltaram camisas de goleiro no time profissional por causa do abastecimento à loja de Rogério. Tal fato foi desmentido pela Topper. "Não sei se faltavam camisas no CT. Tinha um contrato pelas camisas e as recebia da Topper", afirmou Rogério, irritado com o assunto.
O goleiro disse que deu como um dos endereços para a entrega das camisas o do CT, o que pode ter gerado a confusão.
A Topper afirmou que, normalmente, dá a seus contratados uma determinada quantidade de produtos, mas que no caso do goleiro, a pedido dele, essa quantia era maior. Além da venda no quiosque, hoje parada, Rogério comercializa camisas em seu site oficial.
Para conselheiros do São Paulo, o episódio reforça a imagem que o goleiro teria: a de ser jogador fiel ao clube, mas que não abre mão de ser o mais bem remunerado.
O atual salário foi conseguido após Ricardinho ser contratado como o número um do time em termos de rendimentos. Ele recebia R$ 300 mil. Em sua última renovação, o goleiro avisou que não aceitaria ganhar menos que isso.
Amigos do goleiro dizem que ele usa parte do salário para ajudar uma instiuição de caridade.
Ricardinho, que chegou ao Morumbi em 2002, teve problemas de relacionamento com alguns colegas. Reservadamente, dirigentes dizem que um dos atritos foi justamente com Rogério.
O goleiro e o próprio meia negam ter havido a divergência.
Para parte da comissão técnica da seleção brasileira, Rogério tem dificuldade de relacionamento com os colegas, por isso teve menos chances nas convocações.
Mesmo assim, com a demora do palmeirense Marcos para se recuperar de lesão, vive a expectativa de ir à Copa do Mundo.


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