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Comerciante, Rogério lucra sem pagar aluguel
Brasileiro mais bem pago no futebol no país, são-paulino teve de fechar sua loja no Morumbi
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Jogador brasileiro mais bem pago em território nacional, com
pouco mais de R$ 300 mil mensais, Rogério Ceni entrou numa
lista de parceiros são-paulinos
que ganharam dinheiro no clube
sem dar lucro algum em troca.
O goleiro, de 33 anos, está na relação porque engordou a sua conta bancária com a venda de camisas numa lojinha no Morumbi,
sem pagar um centavo de aluguel.
Com a Topper, antiga patrocinadora do São Paulo, ele fez um
contrato que lhe garantia uma cota mensal de camisas, além de
uma parte em dinheiro.
No ano passado, o goleiro colocou as camisas à venda num
quiosque no estádio do Morumbi.
O principal ídolo da torcida não
comunicou à presidência do clube que ocuparia um espaço.
"Eu não sabia de nada, aí alguém reclamou que ele estava
usando um quiosque lá. Então pedi ao Rogério que não vendesse
mais. E ele parou, isso durou só
alguns meses", afirmou Marcelo
Portugal Gouvêa, presidente são-paulino na ocasião.
Ele afirma não saber quem deu
a autorização para Rogério montar sua loja no estádio.
O dirigente, porém, diz não recriminar a atitude do goleiro. "Ele
é um ídolo, já nos ajudou em muitas conquistas e está prestes a se
tornar o goleiro com mais gols
marcados no futebol mundial.
Que mal há em ele querer usar um
quiosque do clube para vender
suas camisas?", disse Gouvêa.
O goleiro está a dois gols de
igualar a marca do paraguaio Chilavert, maior goleador da posição,
com 62 tentos marcados.
A força de Rogério junto à torcida impediu que a oposição são-paulina fizesse barulho com o episódio na eleição do mês passado.
Os desafetos de Gouvêa e Juvenal
Juvêncio, vencedor do pleito, avaliaram que tornar o episódio público os indisporia com a torcida.
Mas o caso Rogério aparecia
num dossiê da oposição sobre o
que considerava maus negócios
da diretoria, como contratos com
o Habib's e a Alpha Vision, responsável pelo telão no estádio.
Internamente, o episódio gerou
pedidos de explicação por escrito
à diretoria e a suspeita de que faltaram camisas de goleiro no time
profissional por causa do abastecimento à loja de Rogério. Tal fato
foi desmentido pela Topper. "Não
sei se faltavam camisas no CT. Tinha um contrato pelas camisas e
as recebia da Topper", afirmou
Rogério, irritado com o assunto.
O goleiro disse que deu como
um dos endereços para a entrega
das camisas o do CT, o que pode
ter gerado a confusão.
A Topper afirmou que, normalmente, dá a seus contratados uma
determinada quantidade de produtos, mas que no caso do goleiro, a pedido dele, essa quantia era
maior. Além da venda no quiosque, hoje parada, Rogério comercializa camisas em seu site oficial.
Para conselheiros do São Paulo,
o episódio reforça a imagem que o
goleiro teria: a de ser jogador fiel
ao clube, mas que não abre mão
de ser o mais bem remunerado.
O atual salário foi conseguido
após Ricardinho ser contratado
como o número um do time em
termos de rendimentos. Ele recebia R$ 300 mil. Em sua última renovação, o goleiro avisou que não
aceitaria ganhar menos que isso.
Amigos do goleiro dizem que
ele usa parte do salário para ajudar uma instiuição de caridade.
Ricardinho, que chegou ao Morumbi em 2002, teve problemas
de relacionamento com alguns
colegas. Reservadamente, dirigentes dizem que um dos atritos
foi justamente com Rogério.
O goleiro e o próprio meia negam ter havido a divergência.
Para parte da comissão técnica
da seleção brasileira, Rogério tem
dificuldade de relacionamento
com os colegas, por isso teve menos chances nas convocações.
Mesmo assim, com a demora
do palmeirense Marcos para se
recuperar de lesão, vive a expectativa de ir à Copa do Mundo.
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