São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008

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Corinthians se abre para torcida, e Mano se fecha

Presidente diz administrar para os corintianos, mas técnico se nega a recebê-los

Após goleada sobre Goiás, treinador disse que pressão de torcedor não influenciou o time, que obteve a reação depois de bronca interna

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians parece cada vez mais permeável à influência da torcida nesta temporada. Pressão sobre jogadores com rendimento ruim e conversas constantes com a diretoria têm sido comuns no clube alvinegro, com o apoio explícito do presidente Andres Sanchez.
Mas, paradoxalmente, pelo menos uma pessoa tem marcado posição de resistência a isso, ainda que sem manifestações diretas: Mano Menezes.
Enquanto a diretoria defende um diálogo íntimo, o treinador corintiano busca manter distância das demandas vindas diretamente da arquibancada.
Após a épica classificação na Copa do Brasil, anteontem, Mano falou sobre o peso da interferência da torcida.
"Eu tenho muito respeito pelo torcedor e por essa atitude que ele teve [ao lotar o Morumbi], mas a cobrança que realmente produz efeito é a interna. Aquela que aponta onde você errou e onde você pode melhorar", declarou o treinador. "Num clube democrático, nós temos de saber lidar com isso [a pressão da torcida], embora o apoio numa hora ruim é sempre melhor para sairmos de uma situação adversa."
Para o presidente corintiano, a participação da torcida na decisão dos rumos do clube é fundamental. "Dizem que eu abri o clube para a torcida. Eu, como presidente, tenho a obrigação de ouvir o torcedor, que é meu cliente. Muitos deles são sócios do clube, mas é claro que eles não podem passar dos limites. Quem manda é a diretoria."
Diferentemente de outros técnicos que passaram pelo clube, como por exemplo Nelsinho Baptista e Paulo César Carpegiani, que participaram da campanha do rebaixamento, Mano tem como conduta não receber grupos de torcedores.
A Gaviões da Fiel ainda espera conseguir marcar um encontro oficial com Mano. A organizada afirma apenas ter tido contatos informais com o treinador do Corinthians.
Mano também é contra autorizar que a recém-lançada agência de viagens, a Timão Tur, venda pacotes que permitam que grupos de fãs viagem com o time para acompanhar partidas na Série B.
Sobre isso, no lançamento da agência, Andres declarou que o clube não fará esse tipo de restrição. Entretanto, nos pacotes já disponíveis para a venda na internet, pelo site oficial do Corinthians, não há a inclusão de passagens aéreas.
A preparação do time para começar a disputa na Série B, porém, deverá ser feita longe do Parque São Jorge. Hoje o Corinthians viaja para Itu, no interior de São Paulo.
Para Mano, seguir na Copa do Brasil pode ter sido um marco para o time em 2008. "Eu gostaria muito de que não seja exceção [a goleada], mas também não iremos amassar todos os adversários. Essa não é a realidade do futebol hoje."


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