São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

chuveirinho

Com dois gols "ingleses", Brasil fica no empate

Em jogo morno, time de Dunga acaba no 1 a 1 contra anfitriões em Wembley

Jogadas aéreas, típicas do futebol local, definem partida em que a seleção viveu apenas dos lampejos individuais de seus astros


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Por muito que o futebol inglês tenha evoluído ultimamente, a ponto de classificar três times entre os quatro semifinalistas da Copa dos Campeões, foi o velho estilo do chuveirinho na área, sua marca registrada, que acabou por definir o empate de ontem à tarde entre a seleção inglesa e a brasileira, no recém-inaugurado novo estádio de Wembley.
O primeiro gol, da Inglaterra, nasceu de uma falta cobrada por David Beckham sobre a área brasileira. Terry saltou mais que Naldo e marcou, aos 23min do segundo tempo.
O empate, quando já rolavam quase dois minutos de tempo adicional, foi parecido. Cruzamento de Gilberto Silva (não por acaso do time inglês Arsenal) para a cabeçada, sim, cabeçada do pequeno Diego.
O suficiente para que a torcida brasileira saísse feliz do estádio, aos gritos de "é pentacampeão", já velho de cinco anos, mas uma memória conveniente enquanto o time não consegue reencontrar o seu caminho de melhor do mundo.
É claro que não se pode esperar muito mais do que se viu ontem. Primeiro, por se tratar de partida amistosa, com nada em jogo. Segundo, porque é fim da temporada na Europa, a pátria futebolística de todos os jogadores da seleção brasileira. Ninguém tem mesmo muito mais ânimo para correr atrás da bola, ainda por cima em um dia quente, apesar de a partida ter começado às 20h (16h em Brasília), pleno dia claro.
Por fim, a troca constante de jogadores que vão se revezando no time impede, como é óbvio, a formação de um padrão de jogo. O Brasil depende quase exclusivamente do talento individual, inegável, de seus atletas.
Mas não basta, ainda mais quando se fica no "quase". Ronaldinho, por exemplo, causa sempre um tremendo rebuliço quando pega na bola, os rivais o cercam, a torcida vibra, ele ensaia um toque artístico, um efeito especial, mas fica no "quase". Em temporadas anteriores, especialmente no Barcelona, os efeitos especiais muitas vezes terminavam em gol. Como na Copa do Mundo de 2002, contra a mesmíssima Inglaterra, em que ele cobrou uma falta e a bola acabou entrando, sem que até hoje se saiba se queria mesmo chutar a gol ou apenas centrar.
Ontem, ele repetiu uma e outra vez as cobranças de falta sem nem sequer assustar o goleiro Paul Robinson.
Aliás, foi preciso esperar até o 49º minuto para que um dos goleiros fizesse uma defesa (e foi Robinson, em chute de Ronaldinho, após passe de Kaká).
Tudo somado, não chegou a ser uma partida desagradável. Menos ainda um espetáculo inesquecível. Um bom passatempo, um bom treino. Mas, para que a torcida possa gritar "é pentacampeão" com razões palpáveis, falta muito.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: A velha bola aérea acaba na rede brasileira de novo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.