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chuveirinho
Com dois gols "ingleses", Brasil fica no empate
Em jogo morno, time de Dunga acaba no 1 a 1 contra anfitriões em Wembley
Jogadas aéreas, típicas
do futebol local, definem partida em que a seleção viveu apenas dos lampejos individuais de seus astros
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Por muito que o futebol inglês tenha evoluído ultimamente, a ponto de classificar
três times entre os quatro semifinalistas da Copa dos Campeões, foi o velho estilo do chuveirinho na área, sua marca registrada, que acabou por definir
o empate de ontem à tarde entre a seleção inglesa e a brasileira, no recém-inaugurado novo
estádio de Wembley.
O primeiro gol, da Inglaterra,
nasceu de uma falta cobrada
por David Beckham sobre a
área brasileira. Terry saltou
mais que Naldo e marcou, aos
23min do segundo tempo.
O empate, quando já rolavam
quase dois minutos de tempo
adicional, foi parecido. Cruzamento de Gilberto Silva (não
por acaso do time inglês Arsenal) para a cabeçada, sim, cabeçada do pequeno Diego.
O suficiente para que a torcida brasileira saísse feliz do estádio, aos gritos de "é pentacampeão", já velho de cinco
anos, mas uma memória conveniente enquanto o time não
consegue reencontrar o seu caminho de melhor do mundo.
É claro que não se pode esperar muito mais do que se viu
ontem. Primeiro, por se tratar
de partida amistosa, com nada
em jogo. Segundo, porque é fim
da temporada na Europa, a pátria futebolística de todos os jogadores da seleção brasileira.
Ninguém tem mesmo muito
mais ânimo para correr atrás da
bola, ainda por cima em um dia
quente, apesar de a partida ter
começado às 20h (16h em Brasília), pleno dia claro.
Por fim, a troca constante de
jogadores que vão se revezando
no time impede, como é óbvio,
a formação de um padrão de jogo. O Brasil depende quase exclusivamente do talento individual, inegável, de seus atletas.
Mas não basta, ainda mais
quando se fica no "quase". Ronaldinho, por exemplo, causa
sempre um tremendo rebuliço
quando pega na bola, os rivais o
cercam, a torcida vibra, ele ensaia um toque artístico, um
efeito especial, mas fica no
"quase". Em temporadas anteriores, especialmente no Barcelona, os efeitos especiais
muitas vezes terminavam em
gol. Como na Copa do Mundo
de 2002, contra a mesmíssima
Inglaterra, em que ele cobrou
uma falta e a bola acabou entrando, sem que até hoje se saiba se queria mesmo chutar a
gol ou apenas centrar.
Ontem, ele repetiu uma e outra vez as cobranças de falta
sem nem sequer assustar o goleiro Paul Robinson.
Aliás, foi preciso esperar até
o 49º minuto para que um dos
goleiros fizesse uma defesa (e
foi Robinson, em chute de Ronaldinho, após passe de Kaká).
Tudo somado, não chegou a
ser uma partida desagradável.
Menos ainda um espetáculo
inesquecível. Um bom passatempo, um bom treino. Mas,
para que a torcida possa gritar
"é pentacampeão" com razões
palpáveis, falta muito.
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