São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2008

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Bolt é o homem mais rápido do mundo

Especialista nos 200 m, jamaicano desbanca tempo do compatriota Asafa Powell e crava o recorde de 9s72 nos 100 m

Novo recordista derrota o campeão mundial Tyson Gay em GP de Nova York e consolida seu país como a potência dos velocistas


DA REPORTAGEM LOCAL

Usain Bolt nem era tido como a maior estrela de seu país nas pistas. O posto cabia ao badalado Asafa Powell, recordista mundial dos 100 m, a prova mais nobre do atletismo.
Até ontem. A história mudou, com a troca de jamaicanos no topo. Bolt cravou espetaculares 9s72 no GP de Nova York, na madrugada de ontem.
Superou em 0s02 a melhor marca do planeta, que pertencia ao compatriota desde setembro do ano passado.
O novo recordista é especialista na prova dos 200 m, em que foi vice-campeão mundial em Osaka-2007. Bolt compete há pouco tempo nos 100 m.
Mesmo assim, já deu mostras de seu potencial. No mês passado, completou a distância em 9s76, apenas 0s02 acima do recorde mundial. E, ontem, Bolt, 21, concretizou a quebra.
"Não esperava o recorde", declarou ele, logo após o feito.
Antes, o jamaicano contou com uma dose de sorte. Na primeira largada, o norte-americano Mike Rodgers queimou.
"Fiquei feliz [pela largada queimada de Rodgers]. Não tinha saído tão bem", disse.
Bolt superou Tyson Gay, dos EUA, o atual campeão mundial dos 100 m, que marcou ontem 9s85 na pista nova-iorquina.
"Ele [Bolt] foi fantástico. Só tenho que tirar o chapéu para ele", falou o segundo colocado.
Assim que cruzou a linha de chegada, Bolt abriu os braços e deu um grito. Confirmado seu tempo, ele desfilou com a bandeira da Jamaica diante de 6.000 pessoas presentes no estádio Icahn -parte formada por seus compatriotas.
Bolt, então, ajoelhou-se e posou ao lado do placar eletrônico que registrava os 9s72.
"Vir aqui, sabendo que muitos jamaicanos estavam me apoiando nas arquibancadas, significa muito", disse o novo número um dos 100 m. "Só quis dar a eles [aos fãs] o que eles queriam", completou ele.
A façanha é um prenúncio de que o melhor tempo do mundo nos 100 m ainda poderá cair mais. Pelo menos essa é a previsão de Tyson Gay.
O norte-americano afirmou que, com ele, Bolt e Powell numa mesma prova, o recorde irá baixar. "Hoje [ontem], a pista estava especialmente rápida. Sabia que o vencedor faria em torno de 9s7", disse Gay.
Agora, Bolt detém três das cinco melhores marcas deste ano nos 100 m. Além do recorde e dos 9s76 do mês passado, ele contabiliza 9s92 também estabelecido em maio. Seu melhor tempo, até o início do ano, era 10s03.
"O recorde não significa nada sem o ouro em Mundiais ou Olimpíadas. Se você é campeão olímpico, seus rivais terão de esperar quatro anos para derrotá-lo", disse Bolt, nascido na cidade de Trelawny.
Com a nova marca mundial, no mesmo cenário onde Leroy Burrell correu em 9s91 em 1991, o melhor tempo da época, o jamaicano afirmou que mudará seus planos. Os 100 m, agora, farão parte de seu projeto olímpico para Pequim.
"Definitivamente, irei competir nos 100 m na Olimpíada."
Antes do GP de Nova York, a participação na prova na capital chinesa era incerta, justamente pelo fato de Bolt não ser especialista nos 100 m.
"A partir de agora, pretendo me concentrar e trabalhar duro nos 200 m, porque não vinha treinando muito para essa prova", contou o recordista.
O resultado de Bolt consolida a Jamaica como a potência atual dos velocistas. No feminino, Veronica Campbell-Brown venceu os 100 m em Nova York, com 10s91, a melhor marca do ano. Ela conquistou a medalha de ouro no Mundial de Osaka, na temporada passada, nessa prova. Nos 200 m, sagrou-se campeã olímpica nos Jogos de Atenas, há quatro anos.
Asafa Powell, agora ex-recordista mundial, recupera-se de lesão. Deve estar pronto a tempo para enfrentar Bolt no final deste mês, no Campeonato Nacional da Jamaica, em possível prévia dos Jogos de Pequim.


Com agências internacionais


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