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Dunga rejeita assédio de Mugabe
Treinador veta pedido do ditador do Zimbábue de visita da seleção ao palácio presidencial
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A HARARE (ZIMBÁBUE)
Mal a seleção brasileira pisou no Zimbábue, na noite de
ontem, já começou a sofrer o
assédio do ditador Robert
Mugabe, interessado em faturar politicamente com a
presença da equipe.
A Folha apurou que Mugabe enviou os ministros do
Turismo e da Educação para
o hotel Rainbow Towers, que
hospeda a seleção, com a
missão de convencer a equipe a visitá-lo nesta manhã no
palácio presidencial.
Por ordem de Dunga, a comitiva brasileira recusou,
alegando que a delegação
precisa de privacidade.
Os ministros sugeriram então que pelo menos o treinador fosse ao encontro de Mugabe. Essa possibilidade ainda estava em aberto ontem à
noite, mas a tendência era de
nova negativa de Dunga.
Mugabe, no poder há 30
anos, quer para si a paternidade do jogo marcado para
hoje no Estádio Nacional de
Harare, que tem capacidade
para 60 mil torcedores.
Em um país fanático por
futebol, uma imagem do presidente ao lado dos jogadores é valiosa. Com ou sem o
encontro privado, o presidente deve ir à partida.
Ontem à noite, a seleção já
teve uma amostra de sua popularidade ao chegar ao hotel. Os jogadores atravessaram um corredor polonês de
torcedores histéricos. Kaká
foi agarrado e beijado.
Em campo, o Brasil não
deve ter trabalho. A equipe
do Zimbábue é formada por
jogadores que estão fora de
forma e sem condições físicas de jogar 90 minutos.
A avaliação é do próprio
técnico, Norman Mapeza, 38.
"São jogadores que estão
de férias há duas ou três semanas e que vieram jogar pela importância que enfrentar
o Brasil tem para o país e para
suas carreiras. A falta de preparo físico deles é um problema sério para mim", disse.
O técnico pré-selecionou
34 atletas, dos quais 19 locais
e 15 "estrangeiros" que jogam em campeonatos de países como África do Sul, Dinamarca, Chipre, França e Inglaterra. A principal estrela é
o atacante Benjani, 31, que
acaba de ser dispensado pelo
britânico Manchester City e
está desempregado.
Ontem, ele fez um treino
leve pela manhã. À tarde, pediu dispensa do coletivo.
"Estou precisando descansar", reclamou Benjani.
O técnico, que só hoje pela
manhã anuncia oficialmente
os 23 que participarão da partida, afirmou que colocará alguns atletas locais em campo, mas que não pode prescindir dos "estrangeiros".
"Eles são as estrelas da minha equipe. O jeito vai ser fazer várias substituições ao
longo da partida", disse.
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