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Para rival, Dunga é de concreto
Técnico da Costa do Marfim evita apontar ponto fraco na seleção, mas reconhece mudança
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A SAANENMÖSER
(SUÍÇA)
O sueco Sven-Göran Eriksson sorri quando indagado
qual o ponto fraco do Brasil e
diz que "toda equipe tem
um". "O Brasil, que já tinha a
ginga do samba, com o Dunga deixou de ser só samba e
passou a ser samba e concreto", diz, sinalizando com as
mãos uma pancada.
O técnico, que perdeu as
últimas duas Copas à frente
da Inglaterra, hoje dirige a
seleção da Costa do Marfim,
cujo grupo inclui exatamente
Brasil e Portugal, seus carrascos nos últimos Mundiais.
Ironia, Eriksson fala fluentemente o português, aprendido em duas temporadas à
frente do Benfica, nos anos
80 e início dos 90.
Com Dunga também há
história pregressa: ele treinou o brasileiro na Fiorentina no fim da década de 80.
Atiçado pela Folha durante entrevista coletiva em Saanenmöser, um resort suíço
no meio dos Alpes onde a
equipe treina, ele relutou:
"Quando eu achar o ponto
fraco do Brasil, não vou dividir com a imprensa".
Disse que sua equipe está
confiante. Os nomes dos 23
convocados foram anunciados ontem, em uma lista imediatamente questionada.
Mas, depois, conversando
com a reportagem, admitiu
que é um trabalho diário, que
precisa ser feito jogador a jogador. "O moral", afirmara
mais cedo, "é a coisa mais
importante de um time".
O trabalho de motivação
ele diz estar fazendo, muitas
vezes, um a um. É uma equipe com astros "e, na Copa, todo mundo quer aparecer",
diz. "É o maior palco que há."
É preciso forjar um espírito
de equipe que, embora Eriksson não diga abertamente,
deixa transparecer que inexiste. Citou como exemplo o
astro de seu time, o atacante
do Chelsea Didier Drogba, 32:
"Peguei o Drogba e falei sobre trabalhar como time".
A repórter pergunta se ele
obteve resultados -o time
empatou com o Paraguai em
amistoso da última segunda
por 2 a 2, depois de liderar
por 2 a 0. A resposta demora.
"Acho que o time está melhorando, os ânimos estão altos. Mas é um trabalho que
temos de fazer todos os dias."
O moral pode até estar alto, mas os jogadores não foram à coletiva. Alguns andavam pelo hotel de manhã,
com cara de poucos amigos.
Quando os jornalistas saíram
da sala, haviam sumido.
Os "Elefantes", adversários do Brasil em 20 de junho,
estão na Suíça desde o dia 17,
assim como norte-coreanos,
paraguaios e japoneses, que
eles enfrentarão na sexta.
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