São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2010

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Para rival, Dunga é de concreto

Técnico da Costa do Marfim evita apontar ponto fraco na seleção, mas reconhece mudança

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A SAANENMÖSER (SUÍÇA)

O sueco Sven-Göran Eriksson sorri quando indagado qual o ponto fraco do Brasil e diz que "toda equipe tem um". "O Brasil, que já tinha a ginga do samba, com o Dunga deixou de ser só samba e passou a ser samba e concreto", diz, sinalizando com as mãos uma pancada.
O técnico, que perdeu as últimas duas Copas à frente da Inglaterra, hoje dirige a seleção da Costa do Marfim, cujo grupo inclui exatamente Brasil e Portugal, seus carrascos nos últimos Mundiais.
Ironia, Eriksson fala fluentemente o português, aprendido em duas temporadas à frente do Benfica, nos anos 80 e início dos 90.
Com Dunga também há história pregressa: ele treinou o brasileiro na Fiorentina no fim da década de 80.
Atiçado pela Folha durante entrevista coletiva em Saanenmöser, um resort suíço no meio dos Alpes onde a equipe treina, ele relutou: "Quando eu achar o ponto fraco do Brasil, não vou dividir com a imprensa".
Disse que sua equipe está confiante. Os nomes dos 23 convocados foram anunciados ontem, em uma lista imediatamente questionada.
Mas, depois, conversando com a reportagem, admitiu que é um trabalho diário, que precisa ser feito jogador a jogador. "O moral", afirmara mais cedo, "é a coisa mais importante de um time".
O trabalho de motivação ele diz estar fazendo, muitas vezes, um a um. É uma equipe com astros "e, na Copa, todo mundo quer aparecer", diz. "É o maior palco que há."
É preciso forjar um espírito de equipe que, embora Eriksson não diga abertamente, deixa transparecer que inexiste. Citou como exemplo o astro de seu time, o atacante do Chelsea Didier Drogba, 32: "Peguei o Drogba e falei sobre trabalhar como time".
A repórter pergunta se ele obteve resultados -o time empatou com o Paraguai em amistoso da última segunda por 2 a 2, depois de liderar por 2 a 0. A resposta demora.
"Acho que o time está melhorando, os ânimos estão altos. Mas é um trabalho que temos de fazer todos os dias."
O moral pode até estar alto, mas os jogadores não foram à coletiva. Alguns andavam pelo hotel de manhã, com cara de poucos amigos. Quando os jornalistas saíram da sala, haviam sumido.
Os "Elefantes", adversários do Brasil em 20 de junho, estão na Suíça desde o dia 17, assim como norte-coreanos, paraguaios e japoneses, que eles enfrentarão na sexta.


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