Apresentado como diretor do clube, ex-ídolo evita beijar escudo do time

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Ao se apresentar como novo diretor-executivo de futebol do Flamengo, Zico vestiu a camisa 10, mas preferiu não beijar o escudo. "Não preciso disso para mostrar amor ao clube", disse aos fotógrafos que pediam o gesto.
Maior ídolo do Flamengo, Zico é a última chance do rubro-negro de recorrer a seu período mais vitorioso para profissionalizar o futebol.
Em sua apresentação, na semana seguinte ao fim do período do atacante Adriano no time, o ex-jogador pregou disciplina e compromisso.
"O jogador não tem só que fazer o que foi determinado em campo. Tem que zelar pela manutenção da imagem do clube também", disse.
Segundo o clube, Adriano não recebeu os direitos de imagem de maio por conta das faltas a treinos e jogos.
Se o principal jogador-problema já está fora, o disciplinador Zico terá que enfrentar também o "fogo amigo" que vem de fora dos gramados: a ebulição política constante.
Por cargo semelhante já passou, em 2004, Júnior, auxiliado por Leandro, ambos laterais do grupo que, liderado por Zico, conquistou os principais títulos do clube.
"Agora o Zico tem o que não tive: autonomia e respaldo financeiro. O clube não estava preparado politicamente. Dirigentes amadores, em vez de opinar, interferiam na gestão", disse Júnior à reportagem, após Zico discursar.
Zico disse que a torcida saberá separar o ídolo do dirigente. "O ídolo já foi, está escrito. Se fizer algo errado como dirigente, serei criticado como dirigente." Ele disse que seu principal projeto é concluir o centro de treinamento Ninho do Urubu, orçado em R$ 25 milhões.
Ele só assumirá de fato a gestão do futebol daqui a duas semanas. Seu salário será pago por patrocinadores do clube, mas a operação ainda não está definida. "O que tinha de receber do Flamengo já recebi", concluiu.


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