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TOSTÃO
Duas seleções vitoriosas
O título mundial deste
ano está sendo mais
festejado do que o de
1994. Foram sete vitórias e um
número maior de gols maravilhosos. Em 94, havia um supercraque -Romário. Agora,
há dois: Ronaldo e Rivaldo.
Deixo a comparação dos outros jogadores das outras seleções para os leitores. As duas
merecem muitos aplausos.
Os desenhos táticos são diferentes. A seleção de 94 jogou
com quatro no meio-campo e
uma linha de quatro defensores. Às vezes, Mauro Silva
atuava de zagueiro. A de 2002
alternou o número de zagueiros e de armadores. Havia
poucos jogadores no meio.
Na primeira fase, com Juninho improvisado de armador,
e Edmilson atuando algumas
vezes de zagueiro, Gilberto Silva ficou sozinho no meio.
Com a entrada do Kleberson
no lugar do Juninho e a presença do Edmilson no meio
em alguns jogos, a deficiência
do time brasileiro foi diminuída, mas não resolvida.
A grande diferença entre as
duas seleções está na filosofia
de jogo. Isso confirma o óbvio,
de que há várias maneiras de
se ganhar um título. A principal preocupação da seleção de
94 era não arriscar, não tomar
o primeiro gol, e valorizar a
posse de bola. Por isso, ela foi
muito criticada, por jogar
muito para os lados.
A seleção de 2002 teve poucos armadores, tocou pouco a
bola no meio-campo e foi
mais ousada. Os adversários,
com mais armadores, dominaram esse setor em grande
parte das partidas e chegavam
com facilidade à intermediária do Brasil. Mas não tinham
Ronaldo e Rivaldo para definir a jogada.
O time atual derrubou o mito de que para se ganhar o título é preciso muitos jogadores no meio e dominar esse setor. Isso não significa que ter
poucos armadores e mais zagueiros ou atacantes é melhor.
Contra fato, há argumento.
As seleções de 1994 e 2002 refletem também a diferença de
personalidade entre os dois
treinadores. Parreira era mais
racional e cauteloso. Felipão,
mais passional e corajoso. Os
dois estão certos. A paixão e a
razão são essenciais. Formariam uma boa dupla.
A conclusão óbvia é de que o
craque é muito mais importante do que esquemas táticos,
filosofias e características e
qualidades dos treinadores.
Enquanto existirem jogadores
como Romário, Rivaldo e Ronaldo, o Brasil será sempre
forte candidato ao título.
Crítica aos críticos
Algumas poucas pessoas insistem em ironizar os críticos e
as críticas feitas à seleção antes
do Mundial. Alguns jogadores
tiveram o mesmo comportamento, ao não darem entrevistas após o título. Mas estavam
todos na Rede Globo.
Se existirem apenas os que
não criticam por amizade ou
outros interesses e os que falam uma coisa no bate-papo
informal e outra nos microfones, o técnico não teria corrigido tantas deficiências, antes e
durante a Copa.
Ou alguém estava absolutamente certo?
tostao.folha@uol.com.br
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