São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

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TOSTÃO

Duas seleções vitoriosas

O título mundial deste ano está sendo mais festejado do que o de 1994. Foram sete vitórias e um número maior de gols maravilhosos. Em 94, havia um supercraque -Romário. Agora, há dois: Ronaldo e Rivaldo. Deixo a comparação dos outros jogadores das outras seleções para os leitores. As duas merecem muitos aplausos.
Os desenhos táticos são diferentes. A seleção de 94 jogou com quatro no meio-campo e uma linha de quatro defensores. Às vezes, Mauro Silva atuava de zagueiro. A de 2002 alternou o número de zagueiros e de armadores. Havia poucos jogadores no meio.
Na primeira fase, com Juninho improvisado de armador, e Edmilson atuando algumas vezes de zagueiro, Gilberto Silva ficou sozinho no meio.
Com a entrada do Kleberson no lugar do Juninho e a presença do Edmilson no meio em alguns jogos, a deficiência do time brasileiro foi diminuída, mas não resolvida.
A grande diferença entre as duas seleções está na filosofia de jogo. Isso confirma o óbvio, de que há várias maneiras de se ganhar um título. A principal preocupação da seleção de 94 era não arriscar, não tomar o primeiro gol, e valorizar a posse de bola. Por isso, ela foi muito criticada, por jogar muito para os lados.
A seleção de 2002 teve poucos armadores, tocou pouco a bola no meio-campo e foi mais ousada. Os adversários, com mais armadores, dominaram esse setor em grande parte das partidas e chegavam com facilidade à intermediária do Brasil. Mas não tinham Ronaldo e Rivaldo para definir a jogada.
O time atual derrubou o mito de que para se ganhar o título é preciso muitos jogadores no meio e dominar esse setor. Isso não significa que ter poucos armadores e mais zagueiros ou atacantes é melhor. Contra fato, há argumento.
As seleções de 1994 e 2002 refletem também a diferença de personalidade entre os dois treinadores. Parreira era mais racional e cauteloso. Felipão, mais passional e corajoso. Os dois estão certos. A paixão e a razão são essenciais. Formariam uma boa dupla.
A conclusão óbvia é de que o craque é muito mais importante do que esquemas táticos, filosofias e características e qualidades dos treinadores. Enquanto existirem jogadores como Romário, Rivaldo e Ronaldo, o Brasil será sempre forte candidato ao título.

Crítica aos críticos
Algumas poucas pessoas insistem em ironizar os críticos e as críticas feitas à seleção antes do Mundial. Alguns jogadores tiveram o mesmo comportamento, ao não darem entrevistas após o título. Mas estavam todos na Rede Globo.
Se existirem apenas os que não criticam por amizade ou outros interesses e os que falam uma coisa no bate-papo informal e outra nos microfones, o técnico não teria corrigido tantas deficiências, antes e durante a Copa.
Ou alguém estava absolutamente certo?

tostao.folha@uol.com.br



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