São Paulo, terça-feira, 02 de julho de 2002

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PENTA

No papel de faz-tudo, francês integrou a delegação brasileira na Copa Coréia/Japão

Vexame, França faz um campeão mundial na Ásia

DOS ENVIADOS YOKOHAMA
E DO ENVIADO A LOS ANGELES

Um francês também foi campeão com a seleção brasileira, anteontem, no Japão.
Jean Pierre Frankenhuis, 65, representante natural dos carrascos do Brasil na final de 1998, mas que se diz um verde-amarelo de coração, foi o consultor administrativo da delegação brasileira na campanha vitoriosa.
Na prática, ele atuou no papel de faz-tudo do time de Luiz Felipe Scolari, pois resolveu "problemas" como o sumiço de um creme dental ou a ausência de um tradutor para as entrevistas dos jogadores na Ásia.
Diante do fiasco da França na Copa, eliminada na primeira fase, Franknhuis não tem dúvidas na hora de declarar suas paixões: "Sou Brasil e Flamengo".
Quando a seleção não está em campo, Frankenhuis -"o sobrenome é holandês, mas sou francês de Dijon", faz questão de dizer-é o homem da CBF e de Ricardo Teixeira na Europa.
É ele quem recepciona os dirigentes, faz contatos com os clubes, especialmente franceses e ingleses, e com as seleções do Velho Continente, além de manter a confederação informada de tudo o que acontece no principal mercado do futebol no mundo.
O papel do assessor francês também inclui tomar conta dos interesses da entidade na Fifa, pois a entidade máxima do futebol tem sua sede na Suíça.
Anteontem, logo após o final da decisão, o francês era um dos mais alegres da delegação e recebeu os cumprimentos de todos os jogadores e da comissão técnica.
"Me considero um brasileiro, principalmente no futebol", diz ele, que trabalha para a CBF desde 1996, quando atuou como uma espécie de assessor de imprensa do time na França.
No entanto, a relação de Frankenhuis com o Brasil começou bem antes, quando ele ainda era uma criança. Seus pais, franceses, mudaram-se para o Rio em meio às grandes guerras que castigaram o velho continente na primeira metade do século passado.
"Morei no Rio dos 3 aos 20 anos, depois fui estudar nos Estados Unidos", disse ele.
O ingresso no mundo do futebol se deu após um pedido de sua filha Monique Alves, morta em 1994, vítima de leucemia.
Monique, que era atriz da TV Globo e uma apaixonada pela seleção brasileira, pediu ao pai que "ajudasse a tomar conta dos meninos do Brasil".
Foi o tempo de o francês redimensionar sua vida e disputar uma vaga de assessor no Torneio da França, ocorrido em 1996. Desde então, nunca mais ele abandonou a seleção brasileira.
O dirigente da CBF lamenta o vexame da França, eliminada na primeira fase do Mundial, mas diz que ele pode servir de lição para o país, que, na sua opinião, chegou de "salto alto" à Ásia. (FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, SÉRGIO RANGEL E FÁBIO VICTOR)


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