São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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Antes da Euro, Portugal já era máquina de milhões

Com o novato Cristiano Ronaldo valendo mais do que o pentacampeão Kaká, principais jogadores de Scolari rendem US$ 225 milhões só nos negócios entre times

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ganhar a Euro, para adquirir fama e muito dinheiro. Não é nessa ordem o caminho trilhado pelos jogadores da seleção portuguesa.
Antes mesmo do sucesso no torneio continental, os pupilos de Luiz Felipe Scolari já eram cotados em milhões de dólares e tinham status de milionários.
Só com as nove negociações mais caras já fechadas envolvendo o grupo que tentará no domingo, contra a Grécia, o primeiro título europeu para Portugal, os clubes vendedores acumularam US$ 225 milhões -nesse cálculo não entram gastos com salários.
E a lista milionária vai aumentar nos próximos dias, em transações engatilhadas antes do sucesso da equipe lusa na Eurocopa.
Deco já está apalavrado com o Barcelona, que também tem o meia Tiago, do Benfica, na mira. O Real Madrid também deve testar o mercado de Portugal. O time está perto de acertar com o zagueiro Ricardo Carvalho, do Porto. Por ele, o clube espanhol pode gastar US$ 30 milhões.
O currículo mais modesto não impede que os jogadores portugueses ostentem uma lista de negócios que supera até o que aconteceu com os brasileiros pentacampeões mundiais em 2002.
Mesmo valorizados pelo título da Copa, todos os brasileiros campeões com o mesmo Scolari que agora conduz Portugal geraram gastos em contratações que ficaram em "modestos" US$ 130 milhões até o momento.
Na Europa, a boa fama e a vantagem de ter um passaporte que permite o livre trânsito por todos os países do continente dos portugueses parecem, em muitos casos, valer mais do que um título mundial e a escola brasileira.
Cristiano Ronaldo, 18, não tinha nem mesmo se destacado no futebol português, onde defendia o Sporting, quando foi contratado pelo Manchester United por US$ 21,3 milhões no ano passado.
Na mesma época, o Milan foi ao Brasil e gastou só US$ 8,2 milhões para tirar Kaká do São Paulo. O meia-atacante já tinha então um título mundial e mais de dois anos como titular de seu time.
Atacantes veteranos dos dois países também têm cotações bem diferentes. No ano passado, quando já tinha completado 30 anos, Pauleta foi contratado pelo Paris Saint-Germain, que pagou quase US$ 15 milhões ao Bordeaux.
Já Rivaldo foi dispensado pelo Milan e está desempregado -a única proposta concreta que recebeu da Europa foi do Bolton, modesto clube inglês.
Os zagueiros portugueses também estão em alta faz tempo. O La Coruña pagou US$ 14,6 milhões ao Porto para ter Jorge Andrade, que marcou um gol contra na semifinal contra a Holanda. Enquanto isso, o pentacampeão Roque Júnior procura clube depois de defender o pequeno Siena na última temporada.
Em termos históricos Portugal também bate o Brasil em valores de contratações de jogadores.
O meia Figo é o português mais caro da história. Em 2000, o Real Madrid gastou US$ 56 milhões para tirá-lo do rival Barcelona. Dois anos depois, o mesmo clube espanhol investiu US$ 45 milhões para contratar Ronaldo, que estava na Inter de Milão.
Ontem, os valorizados jogadores portugueses, especialmente os titulares, fizeram um treino bem leve. Depois, Scolari conversou com o grupo por dez minutos.


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