São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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Sem desculpa

Megafavorita ao título no início da Copa, seleção tem atuação desastrosa, perde para a França pela terceira vez num Mundial, desperdiça chance única de revanche e é eliminada nas quartas-de-final

Michael Kappeler/France Presse
Ronaldinho, no instante do apito final da derrota que eliminou o Brasil da Copa


EDUARDO ARRUDA
FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL

ENVIADOS ESPECIAIS A FRANKFURT

Como há oito anos, havia dois monstros do futebol em campo, Zidane de um lado, Ronaldo do outro. Como naquele 12 de julho de 1998 no Stade de France, um deles apagou, o outro liderou sua equipe à vitória como um general classudo.
De novo, a França ganhou do Brasil na Copa. Desta vez em Frankfurt, ontem, nas quartas-de-final. E só por 1 a 0. O passeio francês, porém, foi igual.
Mas -e aí é tudo muito diferente-, desta vez o Brasil que viu a França passear não sofreu com crise de Ronaldo, tinha em campo a geração mais talentosa dos últimos anos (entre eles um terceiro monstro, Ronaldinho, tido como melhor do mundo), não jogava contra o anfitrião.
Perdeu sem ter desculpa.
A França ampliou a vantagem nos confrontos com os brasileiros em mata-matas de Copas. Além dos 3 a 0 na final de 98, já haviam despachado a seleção em 86, nos pênaltis. O Brasil ganhou uma vez, em 58.
É agora o único time a bater o Brasil em mata-mata da Copa três vezes, e Zidane se transformou no maior carrasco da história da equipe. Já a seleção brasileira segue com um tabu -a única Copa que ganhou na Europa foi justamente a de 58.
Agora, a França pegará Portugal, de Luiz Felipe Scolari.
Seu sucessor na seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, incapaz de armar um bom time a partir de uma das mais brilhantes safras do país, vai deixar o comando da seleção.
A esquadra azul de Zidane pôs a pique uma seqüência recorde de vitórias seguidas do Brasil em Copas: 11 até ontem.
Um amontoado de marcas amargas segue a eliminação. Foi o pior desempenho desde 90. Foi a pior Copa de Ronaldo, maior artilheiro do torneio. A pior de Cafu, único homem a jogar três finais. A pior de Zagallo, quatro vezes campeão.
A pior não só pelo passado. Ronaldinho, que chegou à Alemanha como o maior astro da Copa, sai como o maior fiasco, o que o jogo de ontem ampliou.
A seleção volta a jogar em agosto, um amistoso contra a Noruega, início do ciclo de preparação para a Copa de 2010.
"Desculpa. Não fomos a verdadeira seleção, com toque de bola, criatividade. Em instante algum fomos a seleção brasileira", resumiu Kaká, após o jogo.


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