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Abandono já ameaça pista "hi-tech"
Após licitação, área do atletismo do Engenhão só será cedida no caso de Olimpíada ou de um novo Pan, fato improvável
Mundial de atletismo poderia ser exceção, mas o Brasil nem sequer se inscreveu para organizar os próximos torneios
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A mais moderna pista de
atletismo do país corre o risco
de ficar sem uso depois do Pan.
O edital de concessão por 20
anos do Estádio João Havelange prevê que o vencedor da concorrência seja obrigado a ceder
o local só para a disputa de
competições como Pan, Jogos
Olímpicos e Copa do Mundo.
Como o Pan não deve retornar ao Rio tão cedo e a possibilidade de o Brasil vencer a eleição para sede olímpica é remota, a pista -que custou cerca de
R$ 6 milhões aos cofres públicos- pode ficar quase sem uso.
As pistas do estádio (uma de
prova e outra de aquecimento)
foram importadas da italiana
Mondo e são similares às das
Olimpíadas de Sydney-00 e
Atenas-04 e dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
Questionado, o prefeito do
Rio, Cesar Maia, afirmou que
há a possibilidade de outras
competições da modalidade serem programadas no Engenhão, apelido da nova arena.
"O atletismo está incluído no
caso de eventos do mesmo porte [de Olimpíada e Pan-Americano]", disse o prefeito.
Um Mundial de atletismo seria um campeonato dessas proporções. Mas o Brasil nem se
candidatou na última eleição
da Iaaf (entidade que comanda
a modalidade), que definiu as
sedes de 2011 (Daegu, na Coréia
do Sul) e 2013 (Moscou).
"O principal já temos, que é a
arena. Mas acho difícil essa
candidatura, pois tem que haver o comprometimento do governo por muitos anos", comenta Roberto Gesta de Mello,
presidente da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).
Sem o Mundial, o único evento internacional de pista que
resta no calendário da cidade é
o GP2 do Rio, realizado no estádio Célio de Barros, no Complexo do Maracanã.
"Vamos programá-lo para o
Engenhão", defende Carlos Alberto Lancetta, presidente da
Federação de Atletismo do Rio.
Na prática, o vencedor da
concessão não é obrigado a cedê-la nesses eventos. Flamengo, Botafogo e Fluminense devem entrar na licitação. Somente o último clube possui
departamento de atletismo.
"Os clubes não têm dinheiro.
O atletismo no Rio sobrevive de
projetos sociais", aponta Lancetta, citando o exemplo da
Mangueira, terceira colocada
no último Troféu Brasil.
Se a pista principal tem futuro indefinido, a área de aquecimento deve ser bastante usada.
Lancetta, que também é
coordenador de esportes da Secretaria Especial Rio 2007, formatou projeto de formação esportiva para atender 1.200 jovens de Engenho de Dentro.
"Num primeiro momento,
atenderemos crianças de 7 a 12
anos. Depois, de até 17."
O dirigente também defende
a idéia de realizar provas de
atletismo no local antes e no intervalo de partidas de futebol
do Engenhão, inaugurado anteontem na vitória do Botafogo
sobre o Fluminense por 2 a 1.
"Poderíamos programar corridas de velocidade [100 m a
400 m] ou meio-fundo [800 m
a 1.500 m]. Seria útil para popularizar a modalidade", acredita
Lancetta, que também já atuou
no futebol -foi preparador físico do Iraque, na Copa de 1986, e
da Tunísia, no Mundial de 1998.
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