São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2007

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Abandono já ameaça pista "hi-tech"

Após licitação, área do atletismo do Engenhão só será cedida no caso de Olimpíada ou de um novo Pan, fato improvável

Mundial de atletismo poderia ser exceção, mas o Brasil nem sequer se inscreveu para organizar os próximos torneios

ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A mais moderna pista de atletismo do país corre o risco de ficar sem uso depois do Pan.
O edital de concessão por 20 anos do Estádio João Havelange prevê que o vencedor da concorrência seja obrigado a ceder o local só para a disputa de competições como Pan, Jogos Olímpicos e Copa do Mundo.
Como o Pan não deve retornar ao Rio tão cedo e a possibilidade de o Brasil vencer a eleição para sede olímpica é remota, a pista -que custou cerca de R$ 6 milhões aos cofres públicos- pode ficar quase sem uso.
As pistas do estádio (uma de prova e outra de aquecimento) foram importadas da italiana Mondo e são similares às das Olimpíadas de Sydney-00 e Atenas-04 e dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
Questionado, o prefeito do Rio, Cesar Maia, afirmou que há a possibilidade de outras competições da modalidade serem programadas no Engenhão, apelido da nova arena.
"O atletismo está incluído no caso de eventos do mesmo porte [de Olimpíada e Pan-Americano]", disse o prefeito.
Um Mundial de atletismo seria um campeonato dessas proporções. Mas o Brasil nem se candidatou na última eleição da Iaaf (entidade que comanda a modalidade), que definiu as sedes de 2011 (Daegu, na Coréia do Sul) e 2013 (Moscou).
"O principal já temos, que é a arena. Mas acho difícil essa candidatura, pois tem que haver o comprometimento do governo por muitos anos", comenta Roberto Gesta de Mello, presidente da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).
Sem o Mundial, o único evento internacional de pista que resta no calendário da cidade é o GP2 do Rio, realizado no estádio Célio de Barros, no Complexo do Maracanã.
"Vamos programá-lo para o Engenhão", defende Carlos Alberto Lancetta, presidente da Federação de Atletismo do Rio.
Na prática, o vencedor da concessão não é obrigado a cedê-la nesses eventos. Flamengo, Botafogo e Fluminense devem entrar na licitação. Somente o último clube possui departamento de atletismo.
"Os clubes não têm dinheiro. O atletismo no Rio sobrevive de projetos sociais", aponta Lancetta, citando o exemplo da Mangueira, terceira colocada no último Troféu Brasil.
Se a pista principal tem futuro indefinido, a área de aquecimento deve ser bastante usada.
Lancetta, que também é coordenador de esportes da Secretaria Especial Rio 2007, formatou projeto de formação esportiva para atender 1.200 jovens de Engenho de Dentro.
"Num primeiro momento, atenderemos crianças de 7 a 12 anos. Depois, de até 17."
O dirigente também defende a idéia de realizar provas de atletismo no local antes e no intervalo de partidas de futebol do Engenhão, inaugurado anteontem na vitória do Botafogo sobre o Fluminense por 2 a 1.
"Poderíamos programar corridas de velocidade [100 m a 400 m] ou meio-fundo [800 m a 1.500 m]. Seria útil para popularizar a modalidade", acredita Lancetta, que também já atuou no futebol -foi preparador físico do Iraque, na Copa de 1986, e da Tunísia, no Mundial de 1998.


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