São Paulo, quinta-feira, 02 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Maiô rasga, expõe atleta e dilema nas piscinas

Trunfo dos nadadores, traje tecnológico pode ser vilão

DA REPORTAGEM LOCAL

Flavia Zoccari já estava alinhada para disputar os 200 m livre quando seu maiô rasgou. Um rasgo grande, que expôs boa parte de suas nádegas. Atordoada, ela caiu no choro.
Mas não havia tempo para lamentações. Quando os nadadores já estão em cima do bloco de largada, não é possível trocar o maiô. Ou o atleta cai na água como está ou deixa a prova. Flavia escolheu a segunda opção.
Em muitas ocasiões, o traje tecnológico que revolucionou a natação mundial por ajudar na performance pode virar vilão.
O desenvolvimento dos tecidos usados em sua confecção tem tornado muitos modelos ainda mais frágeis. Como grudam ao corpo, é difícil vesti-los. Qualquer puxão ou unha mais longa pode danificar o maiô.
Cada vez mais nadadores estão tendo acesso às novas peças. Com isso, o número de acidentes fica mais evidente.
César Cielo já passou pela mesma experiência de Flavia, mas seu Arena ficou rasgado na parte posterior da coxa.
O incidente, pouco antes das eliminatórias dos 50 m livre no Troféu Maria Lenk de 2009, no Rio, atrapalhou a performance do campeão olímpico.
"Quando eu vi que o maiô tinha rasgado, meu psicológico foi todo embora e acabei não fazendo o tempo que esperava", afirmou o brasileiro à época.
Na semifinal dos Jogos de Pequim-2008, a sueca Therese Alshammar só conseguiu competir graças à ajuda de uma rival. Quando soube que o maiô da atleta havia rasgado pouco antes de elas irem para a borda da piscina para os 50 m livre, Dara Torres interveio.
A norte-americana conversou com o árbitro e pediu para que as outras nadadoras não subissem no bloco de largada enquanto Therese não aparecesse com um traje intacto. Apesar da ajuda, a atleta sueca não conseguiu se classificar para a decisão olímpica.
Incidentes como o de Flavia, ocorrido ontem nos Jogos Mediterrâneos, em Pescara (Itália), no entanto, são difíceis de serem contornados, principalmente com a nova regra que restringe o uso dos maiôs.
Desde que se descobriu que duas peças sobrepostas davam vantagem ao atleta -aumentam a flutuabilidade-, a prática tomou conta das piscinas.
A Federação Internacional de Natação, no entanto, proibiu em março o uso de dois maiôs. Desde então, o competidor tem de estar totalmente nu por baixo do traje tecnológico.
Algumas nadadoras chiaram, disseram que ficariam expostas a situações constrangedoras. Muitos maiôs são transparentes em várias partes do corpo, que ficam à mostra. Outros modelos são cavados demais, o que poderia deixar os seios à mostra durante a competição.
Foi a antiga liberdade para usar peças sobrepostas que ajudou Mark Foster a não enfrentar a vergonha de Flavia.
O nadador já estava em cima do bloco de largada para os 50 m livre da seletiva britânica para os Jogos Olímpicos de 2008 quando seu maiô rasgou. O veterano nadador arrancou a peça ali mesmo e caiu na água somente de sunga. Venceu.


Texto Anterior: Bayern de Munique: Van Gaal assume e celebra arrogância
Próximo Texto: Tênis: Murray avança a semifinal de Wimbledon e aumenta febre
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.