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Maiô rasga, expõe atleta e dilema nas piscinas
Trunfo dos nadadores, traje tecnológico pode ser vilão
DA REPORTAGEM LOCAL
Flavia Zoccari já estava alinhada para disputar os 200 m
livre quando seu maiô rasgou.
Um rasgo grande, que expôs
boa parte de suas nádegas.
Atordoada, ela caiu no choro.
Mas não havia tempo para lamentações. Quando os nadadores já estão em cima do bloco de
largada, não é possível trocar o
maiô. Ou o atleta cai na água como está ou deixa a prova. Flavia
escolheu a segunda opção.
Em muitas ocasiões, o traje
tecnológico que revolucionou a
natação mundial por ajudar na
performance pode virar vilão.
O desenvolvimento dos tecidos usados em sua confecção
tem tornado muitos modelos
ainda mais frágeis. Como grudam ao corpo, é difícil vesti-los.
Qualquer puxão ou unha mais
longa pode danificar o maiô.
Cada vez mais nadadores estão tendo acesso às novas peças. Com isso, o número de acidentes fica mais evidente.
César Cielo já passou pela
mesma experiência de Flavia,
mas seu Arena ficou rasgado na
parte posterior da coxa.
O incidente, pouco antes das
eliminatórias dos 50 m livre no
Troféu Maria Lenk de 2009, no
Rio, atrapalhou a performance
do campeão olímpico.
"Quando eu vi que o maiô tinha rasgado, meu psicológico
foi todo embora e acabei não fazendo o tempo que esperava",
afirmou o brasileiro à época.
Na semifinal dos Jogos de
Pequim-2008, a sueca Therese
Alshammar só conseguiu competir graças à ajuda de uma rival. Quando soube que o maiô
da atleta havia rasgado pouco
antes de elas irem para a borda
da piscina para os 50 m livre,
Dara Torres interveio.
A norte-americana conversou com o árbitro e pediu para
que as outras nadadoras não
subissem no bloco de largada
enquanto Therese não aparecesse com um traje intacto.
Apesar da ajuda, a atleta sueca
não conseguiu se classificar para a decisão olímpica.
Incidentes como o de Flavia,
ocorrido ontem nos Jogos Mediterrâneos, em Pescara (Itália), no entanto, são difíceis de
serem contornados, principalmente com a nova regra que
restringe o uso dos maiôs.
Desde que se descobriu que
duas peças sobrepostas davam
vantagem ao atleta -aumentam a flutuabilidade-, a prática
tomou conta das piscinas.
A Federação Internacional
de Natação, no entanto, proibiu
em março o uso de dois maiôs.
Desde então, o competidor tem
de estar totalmente nu por baixo do traje tecnológico.
Algumas nadadoras chiaram,
disseram que ficariam expostas
a situações constrangedoras.
Muitos maiôs são transparentes em várias partes do corpo,
que ficam à mostra. Outros modelos são cavados demais, o que
poderia deixar os seios à mostra durante a competição.
Foi a antiga liberdade para
usar peças sobrepostas que ajudou Mark Foster a não enfrentar a vergonha de Flavia.
O nadador já estava em cima
do bloco de largada para os 50
m livre da seletiva britânica para os Jogos Olímpicos de 2008
quando seu maiô rasgou. O veterano nadador arrancou a peça ali mesmo e caiu na água somente de sunga. Venceu.
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