São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010

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TOSTÃO

Prosa e poesia


Brasil e Holanda, com histórias de futebol bonito, estão hoje mais para a prosa do que para a poesia


CRUYFF, AO FALAR que não paga para ver o Brasil jogar, não quis dizer que a seleção brasileira não é melhor que os outros principais adversários. Ele quis enfatizar, de seu jeito polêmico, que o Brasil não joga mais o futebol de poesia que o cineasta Pasolini escreveu após a Copa de 1970.
Ninguém joga. A Espanha é a exceção, com sua bonita troca de passes. Porém a seleção espanhola tem criado poucas chances de gol. Só quer fazer gol bonito. Feio é não fazer o gol, já disse o filósofo Dadá Maravilha.
Brasil e Holanda, que têm histórias de jogar um futebol bonito e ofensivo, estão hoje mais para a prosa do que para a poesia.
Isso não significa que não existam momentos excepcionais. Os gols de contra-ataque do Brasil, os lances desconcertantes de Robinho, os desarmes de Lúcio e Juan, as arrancadas de Maicon e Kaká, os passes inteligentes de Sneijder e os dribles e finalizações de Robben são também lances lindos e de muito talento. Quem tem talento joga bonito.
A Holanda atua com quatro defensores, dois volantes, um meia de ligação, dois jogadores pelos lados, que defendem e atacam, e um centroavante. É o esquema da moda (4-2-3-1). Podem dizer também que são três atacantes. Seria um 4-2-1-3.
Quando Robben driblar da direita para o meio, Juan ou um dos volantes brasileiros têm de impedir que ele finalize com a perna esquerda.
O Brasil atua com quatro defensores, dois volantes, um armador pela direita, que marca e ataca, um meia de ligação, um centroavante e Robinho, que às vezes volta para marcar, pela esquerda.
Uma das qualidades ofensivas da equipe é ter dois jogadores velozes (Kaká e Robinho), que se movimentam por todo o ataque. Isso confunde a marcação. Os dois e Luis Fabiano formam um excelente trio de atacantes. Seria um 4-3-3.
Uma das diferenças das duas seleções é que os laterais brasileiros avançam muito mais. Outra é que os dois volantes da Holanda, Van Bommel e De Jong, marcam e se aproximam dos quatro mais adiantados. Já os volantes do Brasil, Felipe Melo e Gilberto Silva, raramente chegam à frente. A Holanda deixa mais espaços entre os volantes e os zagueiros do que o Brasil.
Deve ser um jogo equilibrado. O Brasil, pela tradição e por sofrer maior pressão para vencer, leva uma pequena vantagem.


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