São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010

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Por superstição, Maradona repete ao extremo rotinas da seleção, que vão de boladas em treino até a ordem certa para descer do ônibus e ficar no banco

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A PRETÓRIA

A superstição criou uma ordem militar nos procedimentos da Argentina antes de seus jogos na Copa-2010.
Roupas, lugares, hobbies, tudo se repete antes de cada partida do time pelo torneio.
Acreditar que fatores externos podem trazer sorte ou azar é uma tradição argentina em sua seleção. Mas o técnico Maradona elevou ao extremo essa crença, submetendo o time a uma sucessão de regras minuciosas.
Ainda nos treinos, todos os rachões acabam com paredões para os perdedores. Eles se postam no gol para que os vencedores da pelada os acertem com chutes fortes.
Maradona, às vezes, fica com os perdedores -já tomou uma bolada na cabeça.
Na ida para o estádio, o ônibus tem lugares determinados para cada jogador.
As canções no caminho foram proibidas. Houve uma combinação entre atletas e a comissão técnica por lembranças de outros Mundiais -passaram a acreditar que as músicas davam azar pela falta de resultados recentes.
Todos descem do ônibus em ordem determinada: o diretor da seleção, Carlos Bilardo, sai em primeiro, e o reserva Ariel Garcé, por último. Ao sair do veículo, Tevez sempre está com fones em seus ouvidos, e Messi, com um pirulito na boca.

TROCA DE ROUPAS
Em campo, também há regras não escritas. Maradona entra de agasalho para bater bola com os atletas. Quando todos voltam ao vestiário, ele troca o uniforme por terno cinza e gravata prata. O treinador adotou o traje a pedido das filhas e o usa desde o início da Copa. Os auxiliares técnicos dele, Mancuso e Negro Enrique, vestem-se do mesmo modo.
A poucos minutos do jogo, a entrada em campo também obedece a uma ordem: o capitão Mascherano à frente e Heinze atrás. Só muda se um deles não está na escalação, como contra a Grécia.
A maioria dos jogadores faz o sinal da cruz. Há quem dê pulos antes de entrar no gramado, como Higuaín.
Posicionados em ordem para o hino, eles põem as mãos nos ombros. Antes do jogo, Messi confere suas caneleiras escritas Lio, em referência ao seu primeiro nome.
No banco, Maradona reserva para si o mesmo assento, o terceiro a partir da esquerda. Acabado o jogo, volta a vestir o agasalho para dar a entrevista coletiva.
As entrevistas, por sinal, representaram uma quebra nos procedimentos supersticiosos do treinador.
Antes do jogo com a Alemanha, ele marcava entrevistas para o Loftus Stadium, em Pretória. Mas a Fifa fechou o estádio, pois não haverá mais jogos lá. Hoje, terá de falar na Cidade do Cabo.
Na cabeça dos argentinos, já há um motivo para temer a partida diante dos alemães.


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