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Por superstição, Maradona repete ao extremo rotinas da seleção, que vão de boladas em treino até a ordem certa para descer do ônibus e ficar no banco
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A PRETÓRIA
A superstição criou uma
ordem militar nos procedimentos da Argentina antes
de seus jogos na Copa-2010.
Roupas, lugares, hobbies, tudo se repete antes de cada
partida do time pelo torneio.
Acreditar que fatores externos podem trazer sorte ou
azar é uma tradição argentina em sua seleção. Mas o técnico Maradona elevou ao extremo essa crença, submetendo o time a uma sucessão
de regras minuciosas.
Ainda nos treinos, todos
os rachões acabam com paredões para os perdedores. Eles
se postam no gol para que os
vencedores da pelada os
acertem com chutes fortes.
Maradona, às vezes, fica
com os perdedores -já tomou uma bolada na cabeça.
Na ida para o estádio, o
ônibus tem lugares determinados para cada jogador.
As canções no caminho foram proibidas. Houve uma
combinação entre atletas e a
comissão técnica por lembranças de outros Mundiais
-passaram a acreditar que
as músicas davam azar pela
falta de resultados recentes.
Todos descem do ônibus
em ordem determinada: o diretor da seleção, Carlos Bilardo, sai em primeiro, e o reserva Ariel Garcé, por último.
Ao sair do veículo, Tevez
sempre está com fones em
seus ouvidos, e Messi, com
um pirulito na boca.
TROCA DE ROUPAS
Em campo, também há regras não escritas. Maradona
entra de agasalho para bater
bola com os atletas. Quando
todos voltam ao vestiário, ele
troca o uniforme por terno
cinza e gravata prata.
O treinador adotou o traje
a pedido das filhas e o usa
desde o início da Copa. Os
auxiliares técnicos dele,
Mancuso e Negro Enrique,
vestem-se do mesmo modo.
A poucos minutos do jogo,
a entrada em campo também
obedece a uma ordem: o capitão Mascherano à frente e
Heinze atrás. Só muda se um
deles não está na escalação,
como contra a Grécia.
A maioria dos jogadores
faz o sinal da cruz. Há quem
dê pulos antes de entrar no
gramado, como Higuaín.
Posicionados em ordem
para o hino, eles põem as
mãos nos ombros. Antes do
jogo, Messi confere suas caneleiras escritas Lio, em referência ao seu primeiro nome.
No banco, Maradona reserva para si o mesmo assento, o terceiro a partir da esquerda. Acabado o jogo, volta a vestir o agasalho para
dar a entrevista coletiva.
As entrevistas, por sinal,
representaram uma quebra
nos procedimentos supersticiosos do treinador.
Antes do jogo com a Alemanha, ele marcava entrevistas para o Loftus Stadium,
em Pretória. Mas a Fifa fechou o estádio, pois não haverá mais jogos lá. Hoje, terá
de falar na Cidade do Cabo.
Na cabeça dos argentinos,
já há um motivo para temer a
partida diante dos alemães.
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