São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010

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À europeia, Gana desafia Uruguai

Sul-americanos tentam semifinal após 40 anos, e ganenses, pôr África pela 1ª vez entre os 4

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO

Um time "europeu" terá o apoio de toda a África hoje contra o Uruguai, nas quartas de final da Copa-2010.
No mapa, Gana está firmemente implantada no oeste africano, mas, na descrição do próprio treinador da seleção, o sérvio Milovan Rajevac, joga como se estivesse no velho continente.
Seu adversário não tem a mesma mutação de estilo. O Uruguai pratica o seu futebol tradicional: bons atacantes, defensores firmes e pouca posse de bola. Como quando foi campeão em 1950.
Se Gana vencer, será o primeiro representante da África a atingir uma semifinal de Copa. Ao comparar a seleção a um time "europeu" Rajevac quer dizer que ela é mais organizada taticamente.
"No início [do trabalho como treinador de Gana, há dois anos], tivemos que mudar muita coisa. Seguimos os melhores times europeus. Tática, física e psicologicamente. Queríamos ser um time, não um grupo de indivíduos. E conseguimos."
Em outro ponto, o da disciplina, Rajevac puxou Gana para mais perto da Europa. O meio-campo Muntari tem começado as partidas no banco como punição por suas reclamações em voz alta a respeito do esquema de jogo.
Num continente em que jogadores costumam desafiar abertamente técnicos, não é um gesto pequeno.

VELOZES E PERIGOSOS
Mas não é o lado europeu de Gana que mais preocupa o uruguaio Oscar Tabárez, que persegue uma marca histórica: levar seu país pela primeira vez à semifinal em 40 anos. Ironicamente, é a característica mais frequentemente associada ao futebol africano que o assusta.
Gana corre, e muito. Tem fôlego e velocidade, como mostrou na vitória sobre os EUA nas oitavas de final, decidida na prorrogação. O gol decisivo veio num pique de Asamoah Gyan, vencendo o zagueiro americano Bocanegra, visivelmente cansado.
Dos oito times que restam na Copa, Gana é o que mais correu nos quatro jogos disputados: 445 km, segundo o cômputo da Fifa. Ou 34 km a mais do que os uruguaios.
"Gana é uma equipe que corre muito, é seu ponto forte", afirmou ontem Tabárez. "O futebol na África tem a característica de ser forte e veloz. Espero um jogo difícil", declarou o treinador.
Na batalha pelo público do Soccer City, Gana claramente deve levar vantagem. O time foi adotado por sul-africanos ainda desconsolados com a desclassificação prematura da equipe da casa.
Rajevac, após ter dito que não vê Gana carregando a torcida de todo o continente, ontem abrandou o discurso. "O futebol está sendo assistido por todo mundo. Temos apoio na África. Mas temos que concentrar no campo."


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