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À europeia, Gana desafia Uruguai
Sul-americanos tentam semifinal após 40 anos, e ganenses, pôr África pela 1ª vez entre os 4
FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO
Um time "europeu" terá o
apoio de toda a África hoje
contra o Uruguai, nas quartas de final da Copa-2010.
No mapa, Gana está firmemente implantada no oeste
africano, mas, na descrição
do próprio treinador da seleção, o sérvio Milovan Rajevac, joga como se estivesse
no velho continente.
Seu adversário não tem a
mesma mutação de estilo. O
Uruguai pratica o seu futebol
tradicional: bons atacantes,
defensores firmes e pouca
posse de bola. Como quando
foi campeão em 1950.
Se Gana vencer, será o primeiro representante da África a atingir uma semifinal de
Copa. Ao comparar a seleção
a um time "europeu" Rajevac
quer dizer que ela é mais organizada taticamente.
"No início [do trabalho como treinador de Gana, há
dois anos], tivemos que mudar muita coisa. Seguimos os
melhores times europeus.
Tática, física e psicologicamente. Queríamos ser um time, não um grupo de indivíduos. E conseguimos."
Em outro ponto, o da disciplina, Rajevac puxou Gana
para mais perto da Europa. O
meio-campo Muntari tem começado as partidas no banco
como punição por suas reclamações em voz alta a respeito
do esquema de jogo.
Num continente em que
jogadores costumam desafiar abertamente técnicos,
não é um gesto pequeno.
VELOZES E PERIGOSOS
Mas não é o lado europeu
de Gana que mais preocupa o
uruguaio Oscar Tabárez, que
persegue uma marca histórica: levar seu país pela primeira vez à semifinal em 40
anos. Ironicamente, é a característica mais frequentemente associada ao futebol
africano que o assusta.
Gana corre, e muito. Tem
fôlego e velocidade, como
mostrou na vitória sobre os
EUA nas oitavas de final, decidida na prorrogação. O gol
decisivo veio num pique de
Asamoah Gyan, vencendo o
zagueiro americano Bocanegra, visivelmente cansado.
Dos oito times que restam
na Copa, Gana é o que mais
correu nos quatro jogos disputados: 445 km, segundo o
cômputo da Fifa. Ou 34 km a
mais do que os uruguaios.
"Gana é uma equipe que
corre muito, é seu ponto forte", afirmou ontem Tabárez.
"O futebol na África tem a característica de ser forte e veloz. Espero um jogo difícil",
declarou o treinador.
Na batalha pelo público do
Soccer City, Gana claramente
deve levar vantagem. O time
foi adotado por sul-africanos
ainda desconsolados com a
desclassificação prematura
da equipe da casa.
Rajevac, após ter dito que
não vê Gana carregando a
torcida de todo o continente,
ontem abrandou o discurso.
"O futebol está sendo assistido por todo mundo. Temos
apoio na África. Mas temos
que concentrar no campo."
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