São Paulo, sábado, 02 de julho de 2011

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Acervo Folha

Brasil já deu pouca importância à Copa América, competição entre seleções mais antiga do mundo

DE SÃO PAULO

Campeão de quatro das últimas cinco disputas da Copa América -cuja edição de 2011 começou ontem, na Argentina-, o Brasil nem sempre deu importância ao mais antigo torneio de seleções do mundo, iniciado em 1916.
Mesmo com as vitórias recentes, essa atitude resultou na supremacia de Argentina e Uruguai, com 14 títulos cada, ante os oito brasileiros.
A cobertura da Copa América feita pela Folha pode ser acessada no Acervo Folha (acervo.folha.com.br), que traz todos os textos publicados pelo jornal desde 1921.

"TEAM" BRASILEIRO
O sul-americano marcado para 1918 e disputado no Brasil só em 1919, devido à gripe espanhola, foi o primeiro título internacional do futebol do Brasil (a CBD, Confederação Brasileira de Desportos, foi fundada no mesmo ano).
Os artilheiros Friedenreich e Neco lideravam o "team" brasileiro, que venceu o Uruguai na decisão depois de 90 minutos e duas prorrogações de 30 -o gol da vitória, de Friedenreich, sairia só na segunda prorrogação. Em 1922, também em casa, a seleção voltaria a ganhar o torneio.
Em longo texto, a Folha da Noite, fundada em 1921, espantava-se com a vitória diante da "desorganização lamentável" do Brasil e a atribuía a Deus: "Temos que nos vangloriar da proteção com que somos distinguidos pela divindade" (23/10/1922).
De certo modo, a Copa América espelharia essa "desorganização" no continente, mudando várias vezes sua fórmula de disputa e sua periodicidade ao longo do tempo (anual, bienal, a cada três anos e a cada quatro -a penúltima edição foi em 2007).
E a "ajuda divina", aparentemente, desapareceria nos 27 anos seguintes, tempo que o Brasil levou para conquistar outro sul-americano.
Em 1949, jogando outra vez em casa, a seleção aplicaria no Paraguai a maior goleada numa final de Copa América, 7 a 0 ("Folha da Manhã" de 12/5/1949). Liderada por Zizinho, a equipe incluía vários dos jogadores que perderiam a Copa para o Uruguai, no Maracanã, em 1950.
A década que se seguiu ao fiasco de 1950 marcaria o início da consagração internacional do futebol brasileiro, com a conquista da primeira Copa do Mundo (Suécia, 1958). Mas isso não se refletiria no torneio sul-americano.
Em 1959, com muitos dos campeões mundiais no ano anterior, incluindo Pelé e Garrincha, a seleção não conseguiu superar os arquirrivais argentinos (5/4/1959).
Para o certame de 1963, o Brasil mandou um time B enquanto Santos e Botafogo, base da seleção bicampeã mundial, disputavam a Taça Brasil (Folha, 1º/4/1963, pág. 27). A Bolívia seria campeã.
Só em 1989, com Romário (23 anos) no ataque, o Brasil quebraria o jejum de 40 anos sem o título, batendo o Uruguai no Maracanã exatos 39 anos após a final da Copa de 1950 (edição de 17/7/1989).
E o país conquistaria sua primeira Copa América fora de casa em 1997, na Bolívia, com Ronaldo (19 anos) marcando na final e o técnico Zagallo gritando o célebre "vocês vão ter que me engolir!" depois da vitória (30/6/1997).


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