São Paulo, quarta-feira, 02 de agosto de 2006

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Dunga relega "atitude" e medalhões

Na sua 1ª convocação, técnico chama jogadores que fracassaram em time pré-olímpico e deixa quarteto mágico de fora

Dos 22 eleitos para jogo contra a Noruega, 17 jogam fora do Brasil, a segunda maior marca na lista inicial de um treinador da seleção


Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Dunga, que tem a missão de fazer o Brasil bater a Noruega pela 1ª vez, durante entrevista ontem


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Ele deixou de fora os medalhões, mas em outros dois pontos a primeira convocação de Dunga para a seleção pouco seguiu o que muita gente no país quer e o próprio treinador dera a entender que era seu desejo.
Sem Dida, Cafu, Roberto Carlos e os membros do quarteto mágico (Kaká, Ronaldinho, Ronaldo e Adriano), Dunga chamou 22 jogadores para o amistoso contra a Noruega, em Oslo, no próximo dia 16.
O grupo tem 17 jogadores que atuam no exterior. Na história da seleção, só um técnico desprezou mais os atletas caseiros em sua chamada inaugural: Carlos Alberto Parreira, em 2003. Na sua primeira lista, em 1990, Falcão formou um grupo só com jogadores locais.
Dunga chamou ontem oito jogadores que disputaram a Copa da Alemanha, em time que ficou famoso por uma tal "falta de atitude", o mantra do novo técnico da seleção.
Chamou também sete jogadores que protagonizaram, segundo o próprio comando da CBF na época, um caso notório de falta de garra e comprometimento com a camisa do Brasil.
Gomes, Alex, Maicon, Elano, Dudu Cearense, Daniel Carvalho e Robinho estavam no time que fracassou no Pré-Olímpico do Chile em 2004, deixando o país fora dos Jogos de Atenas.
Na entrevista após o anúncio dos convocados, e também por meio do site da CBF, o treinador justificou sua escolha.
Primeiro, falou sobre os remanescentes da campanha alemã. "Acho que a experiência é fundamental. Apesar destes jogadores não terem conseguido alcançar o resultado esperado, não podemos começar do zero. Já ficou provado que uma mudança radical não dá certo em lugar nenhum. Os atletas que estão chegando precisam de suporte daqueles que vivenciaram o ambiente da seleção."
Sobre a ausência de Ronaldo, Ronaldinho, Kaká e Adriano, o treinador disse que a data de apresentação deles em seus clubes impossibilita que eles cheguem na seleção em boas condições. Mas também aproveitou para dar um recado.
"Nada é definitivo. Todos os jogadores vão ter oportunidade, as portas não estão fechadas para ninguém. Vai depender do rendimento deles retornar à seleção brasileira. O que queremos é que estejam motivados, determinados, vibrantes e em ótimas condições físicas."
Com relação à geração que foi mal no Pré-Olímpico, como Elano, Dudu Cearense e Daniel Carvalho, Dunga afirmou que o histórico deles, principalmente nas categorias de base, foi um dos fatores que os levaram a serem convocados. Declarou também que tem ótimas informações a respeito deles.
O treinador disse que deixou de fora os jogadores de São Paulo e Internacional por causa da Libertadores e que a questão da logística do viagem, agravada pela crise da Varig, influiu na convocação. "O Brasileiro está em andamento e há clubes que têm muitos jogos aos domingos às 18h10, o que impossibilita seus jogadores de pegarem um vôo para a Europa."
Questionado sobre o esquema tático que adotará para a equipe, Dunga disse que o 4-4-2 é o preferido, pelo fato de o jogador brasileiro já estar acostumado a ele. Entretanto, segundo ele, dentro de campo poderá haver algumas variações.
Pouco depois de enfrentar a Noruega, Dunga terá outro teste bastante complicado.
A CBF anunciou que o time nacional vai fazer amistoso com a Argentina no dia 2 de setembro, em Londres, no novo estádio do inglês Arsenal.


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