São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

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Brasileiro mostra decepção pelo tempo da vitória

Apesar de conseguir a segunda melhor marca da história, Cielo afirma ter certeza de que pode ser ainda mais rápido

Velocista declara que não imaginava dobradinha, que não se sentia tão bem como antes da final dos 100 m e que enfrentou teste mental

DA ENVIADA A ROMA

César Cielo bateu a mão na parede, olhou o placar e comemorou. Era campeão mundial dos 50 m livre, com o segundo melhor tempo da história.
Mas logo em suas primeiras palavras após a prova mostrou certa decepção. Tem certeza de que poderia ser mais rápido.
"Acho que os 100 m livre acabaram afetando não só a mim como a série toda. Estava esperando tempos mais baixos, mas foi uma grande prova", disse.
Quando chegou ao Foro Itálico ontem à tarde, o nadador avisou o técnico Brett Hawke que estava cansado.
"Ter ficado com maiô no [controle de] doping após os 100 m livre, esperando acontecer, acabou machucando um pouco a gente. Mas Mundial é para provar que quem bate na frente é o melhor, independentemente do tempo. Consegui uma dobradinha que não imaginava", completou Cielo.
Ontem, ele foi o mais rápido desde a saída e venceu com relativa facilidade. Fez o segundo melhor tempo da história.
Deixou em segundo lugar seu companheiro de treino em Auburn, Fred Bousquet, com 21s21. O também francês Amaury Leveaux terminou na terceira colocação, com 21s25.
Leveaux foi vice-campeão dos 50 m livre em Pequim. Bousquet é o recordista mundial. Mas, segundo Hawke, ainda falta ao francês confiança de que pode ser campeão.
"É bom ter Fred de novo ao meu lado. Amaury teve um sério problema e foi forte para estar aqui e ganhar uma medalha. Não sei como lidaria com isso, ele mostrou ser um verdadeiro homem", afirmou Cielo.
O pai de Leveaux morreu na segunda-feira, mas o nadador decidiu permanecer em Roma.
Chegar bem aos 50 m livre não foi tão fácil para o campeão quanto nos 100 m. Cielo afirmou que acordou cansado nos últimos dois dias.
"A sensibilidade estava bem ruim. Não estava me sentido muito bem como para a final dos 100 m livre. Sabia que era um teste para minha mente. Pensei coisas boas. Me foquei em minha raia e tentei fazer meu melhor", completou.
O brasileiro teve uma temporada atípica. Campeão olímpico, teve de aprender a lidar com o assédio e com novos compromissos. O velocista demorou quase seis meses para voltar a treinar como antes -passou um tempo em São Paulo antes de voltar para Auburn.
Nesse período, levou broncas do técnico porque não havia voltado à piscina como deveria.
De volta aos EUA, o cenário mudou. Cielo passou a treinar como nunca. Chegou a reclamar, sentir-se cansado, mas repetia que era isso que precisava fazer para atingir os resultados que planejava para Roma.
"Foi a melhor temporada da minha vida. Mas ainda quero saber qual é meu limite, até onde posso ir", disse o bicampeão.
Cielo ainda tem mais um compromisso no Mundial.
Nessa madrugada, ele nadaria as eliminatórias do 4 x 100 m medley. Se passar, disputa a final na tarde brasileira. "Não sei se onde tirarei forças", afirmou. (MARIANA LAJOLO)


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