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Brasileiro mostra decepção pelo tempo da vitória
Apesar de conseguir a segunda melhor marca da história, Cielo afirma ter certeza de que pode ser ainda mais rápido
Velocista declara que não
imaginava dobradinha, que não se sentia tão bem como antes da final dos 100 m e que enfrentou teste mental
DA ENVIADA A ROMA
César Cielo bateu a mão na
parede, olhou o placar e comemorou. Era campeão mundial
dos 50 m livre, com o segundo
melhor tempo da história.
Mas logo em suas primeiras
palavras após a prova mostrou
certa decepção. Tem certeza de
que poderia ser mais rápido.
"Acho que os 100 m livre acabaram afetando não só a mim
como a série toda. Estava esperando tempos mais baixos, mas
foi uma grande prova", disse.
Quando chegou ao Foro Itálico ontem à tarde, o nadador
avisou o técnico Brett Hawke
que estava cansado.
"Ter ficado com maiô no
[controle de] doping após os
100 m livre, esperando acontecer, acabou machucando um
pouco a gente. Mas Mundial é
para provar que quem bate na
frente é o melhor, independentemente do tempo. Consegui
uma dobradinha que não imaginava", completou Cielo.
Ontem, ele foi o mais rápido
desde a saída e venceu com relativa facilidade. Fez o segundo
melhor tempo da história.
Deixou em segundo lugar seu
companheiro de treino em Auburn, Fred Bousquet, com
21s21. O também francês
Amaury Leveaux terminou na
terceira colocação, com 21s25.
Leveaux foi vice-campeão
dos 50 m livre em Pequim.
Bousquet é o recordista mundial. Mas, segundo Hawke, ainda falta ao francês confiança de
que pode ser campeão.
"É bom ter Fred de novo ao
meu lado. Amaury teve um sério problema e foi forte para estar aqui e ganhar uma medalha.
Não sei como lidaria com isso,
ele mostrou ser um verdadeiro
homem", afirmou Cielo.
O pai de Leveaux morreu na
segunda-feira, mas o nadador
decidiu permanecer em Roma.
Chegar bem aos 50 m livre
não foi tão fácil para o campeão
quanto nos 100 m. Cielo afirmou que acordou cansado nos
últimos dois dias.
"A sensibilidade estava bem
ruim. Não estava me sentido
muito bem como para a final
dos 100 m livre. Sabia que era
um teste para minha mente.
Pensei coisas boas. Me foquei
em minha raia e tentei fazer
meu melhor", completou.
O brasileiro teve uma temporada atípica. Campeão olímpico, teve de aprender a lidar com
o assédio e com novos compromissos. O velocista demorou
quase seis meses para voltar a
treinar como antes -passou
um tempo em São Paulo antes
de voltar para Auburn.
Nesse período, levou broncas
do técnico porque não havia
voltado à piscina como deveria.
De volta aos EUA, o cenário
mudou. Cielo passou a treinar
como nunca. Chegou a reclamar, sentir-se cansado, mas repetia que era isso que precisava
fazer para atingir os resultados
que planejava para Roma.
"Foi a melhor temporada da
minha vida. Mas ainda quero
saber qual é meu limite, até onde posso ir", disse o bicampeão.
Cielo ainda tem mais um
compromisso no Mundial.
Nessa madrugada, ele nadaria as eliminatórias do 4 x 100
m medley. Se passar, disputa a
final na tarde brasileira. "Não
sei se onde tirarei forças", afirmou.
(MARIANA LAJOLO)
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