Ante o Vitória, em Salvador, técnico se rende ao 3-5-2 e tenta dar sequência à arrancada do time no Brasileiro com improvisações na defesa e na ala direita

DA REPORTAGEM LOCAL

Os jogadores do São Paulo não se cansam de creditar a reação do time no Campeonato Brasileiro a Ricardo Gomes.
Para eles, o treinador devolveu a confiança ao grupo, resgatou atletas que estavam em má fase e variou o repertório de jogadas do time, que tinha a bola parada como principal recurso.
Porém, o técnico teve de abdicar de suas convicções para acertar a equipe, que somou dez dos últimos 12 pontos que disputou no Nacional e começou a rodada em 11º lugar.
Ricardo Gomes já se mostra convencido de que o melhor é abandonar de vez seu esquema tático preferido, o 4-4-2. Nos dois duelos em que o São Paulo iniciou com o sistema, a equipe perdeu de forma incontestável para Coritiba e Atlético-MG.
Desde que adotou o 3-5-2, como o time estava acostumado a jogar com Muricy Ramalho, as derrotas acabaram.
Após 40 dias de trabalho no Morumbi, o treinador também não conseguiu renunciar a uma prática corriqueira de seu antecessor: as improvisações.
Quando chegou, Ricardo Gomes disse que utilizaria os atletas em suas posições de origem. Oito jogos depois, ainda não cumpriu a promessa, já que, em todos, improvisou peças devido a contusões ou suspensões.
Hoje, ante o Vitória, em Salvador, o problema está na zaga, com Miranda suspenso.
Para substituir o maior "ladrão" do Brasileiro (média de 20,2 desarmes por jogo, de acordo com o Datafolha), o técnico tem mais dois zagueiros no elenco, Jean Rolt e Aislan.
Mas, como ambos andam em baixa, a tendência é que Zé Luís ou Richarlyson, volantes, componha o setor com André Dias e Renato Silva, beques de origem.
Outro volante, Jean, continua na ala direita, por onde atuou nos últimos quatro jogos.
Mesmo sem ter conseguido implantar seu esquema predileto e abolido as improvisações, Ricardo Gomes segue prestigiado no clube. Para os atletas, sua maior contribuição para a recuperação do time no torneio nacional é psicológica.
"Nosso rendimento individual aumentou. O Ricardo [Gomes] nos devolveu a confiança. Ele nos dá liberdade em campo e deixa claro que a gente não precisa ter medo de errar", declarou Jorge Wagner.
O meia, assim como Hernanes, Dagoberto e Washington, vivia prolongada má fase nesta temporada. Todos voltaram a ser destaque nos últimos jogos.