São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2011

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LOS GRINGOS - ENZO PALLADINI

Pobreza filosófica


Os clubes italianos não sabem descobrir os novos talentos, parece que são cegos


O resultado de um amistoso pode ser mais indicativo do que a gente pensa.
No domingo passado, o Manchester City ganhou da Inter de Milão por 3 a 0. Era só a Dublin Cup, uma taça absolutamente virtual, não era a Champions League, mas deu para perceber qual é hoje a diferença entre o futebol italiano e o futebol inglês.
O time campeão da Itália pode ser competitivo com o quarto ou o quinto time da tabela da Premier League.
No ano passado, o Milan saiu da Champions League contra o Tottenham, que na próxima temporada nem vai jogar a Champions.
É uma tristeza, mas é assim. O futebol italiano fica a cada dia mais pobre. Não é uma pobreza somente econômica, mas principalmente filosófica. Os clubes italianos não sabem descobrir os novos talentos do futebol mundial, parece que são cegos.
Se você oferece um jogador brasileiro ou uruguaio para um clube italiano, o diretor esportivo dirá: "Não interessa porque é extracomunitário". E adeus. Ao contrário, se você oferece um para Sir Alex Ferguson, um monumento do futebol mundial, ele dirá: "Vamos ver como joga, depois vou decidir".
Não é por acaso que Chicharito Hernández foi bater no Manchester United. Ele era reserva no seu time no México, mas Sir Alex achou-o interessante e agora Hernández é um dos craques da Champions League.
O ruim é que os clubes italianos não sabem descobrir nem os novos talentos da União Europeia. A Dinamarca, a Suécia, a Eslovênia e a República Tcheca são países cheios de jogadores jovens que poderiam ser titulares na Série A, mas sempre acabam jogando na Alemanha ou na Inglaterra e só depois parecem interessantes.
Tem clubes que tratam jogadores só com o Real Madrid ou o Chelsea, mas esses são jogadores com salários altíssimos e às vezes com pouca vontade de fazer sacrifícios para jogar futebol.
Não vai ser fácil sair dessa situação, porque é preciso uma programação seria.
A Udinese está fazendo isso. Descobre jogadores interessantes, valoriza-os, depois vende-os. Mas é tudo muito diferente. A Udinese não tem obrigação de ganhar títulos, tudo o que alcança é bom para a torcida.
E, se os resultados não chegarem, amém.
O Milan, a Inter e a Juventus são condenados a ganhar alguma coisa a cada ano, senão o povo reclama. Por isso, escolhem os novos jogadores pensando no nome e no currículo, sem se programar.
Essa é a doença do futebol italiano, um paciente em estado muito grave que não quer entender qual é o problema que tem que resolver.


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