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Ganso, agora, só sai para seleção
Ironizado ao chegar, Paulo Henrique se torna "completo" e desfalcará o Santos para atuar na sub-20
Por achá-lo perna de pau, roupeiro santista coloca apelido no meia, que aprova brincadeira e adota alcunha ao se tornar profissional
DO ENVIADO A SANTOS
"Lá vem mais um ganso",
sentenciou Otávio Rodrigues,
63, roupeiro do Santos, ao ver
Paulo Henrique. Era agosto de
2005, e o garoto de 15 anos, alto, magro, desengonçado, preparava-se para fazer teste no
clube. Queria ser jogador.
Já aprovado, o menino que
trocara Ananindeua, no Pará,
por Santos, ficou sabendo que
ganso, na gíria dos funcionários
do clube, é jogador sem habilidade, perna de pau.
Gostou tanto da brincadeira
que, quando fazia gol, corria em
direção ao "Seu Otávio" e gritava: "Sou ganso mesmo".
O apelido se tornou conhecido em fevereiro, logo depois de
marcar seu primeiro gol como
profissional, contra o Guarani,
na Vila Belmiro. Já havia outro
Paulo Henrique no time. Como
diferenciá-los? "Podem me
chamar de Ganso", respondeu.
Naquele dia, outra coisa ficou
marcada: a primeira entrevista
coletiva. "Eu suava, gaguejava.
Hoje é tranquilo, mas aquele
dia foi muito difícil."
Complicado também foi se
firmar na equipe do Santos.
Paulo Henrique foi rebaixado
para o time de juniores duas vezes. Primeiro, pelo técnico
Emerson Leão. Depois, com o
seu sucessor Cuca.
Na estreia como profissional,
contra o Mirassol, em março de
2008, jogou só 45 minutos e
saiu vaiado. "Acho que eu não
estava preparado ainda. Cheguei a pensar se eu ia ser jogador de futebol. Pedi que me emprestassem para um time da
Série B, para eu pegar experiência, mas o presidente [Marcelo
Teixeira] não me deixou sair."
Com Cuca, teve nova oportunidade no time principal. Outra
vez o meia teve atuação apagada e voltou para a base.
Vieram Márcio Fernandes e
uma nova chance. Mas foi de
Serginho Chulapa o empurrão
que faltava. O Santos vencia por
2 a 1 o Guarani quando Chulapa, interino no cargo, chamou o
garoto. Na beira do campo, deu-lhe só uma instrução. "Acorda,
moleque. Se liga." Minutos depois, Paulo Henrique marcava
seu primeiro gol pelo clube.
Hoje, o meia é titular absoluto. Já tem sete gols no Brasileiro, dois a menos do que Kléber
Pereira, o artilheiro do Santos.
Recebeu elogios do técnico
Vanderlei Luxemburgo, que o
chamou de "jogador completo",
e agora se prepara para vestir
pela primeira vez a camisa da
seleção. Será no Mundial sub-
-20, no Egito. Desfalcará o Santos por até sete rodadas, o que
preocupa os colegas de time.
"Sem dúvida, fará muita falta", disse Madson.
(RICARDO VIEL)
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