São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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Ganso, agora, só sai para seleção

Ironizado ao chegar, Paulo Henrique se torna "completo" e desfalcará o Santos para atuar na sub-20

Por achá-lo perna de pau, roupeiro santista coloca apelido no meia, que aprova brincadeira e adota alcunha ao se tornar profissional

DO ENVIADO A SANTOS

"Lá vem mais um ganso", sentenciou Otávio Rodrigues, 63, roupeiro do Santos, ao ver Paulo Henrique. Era agosto de 2005, e o garoto de 15 anos, alto, magro, desengonçado, preparava-se para fazer teste no clube. Queria ser jogador.
Já aprovado, o menino que trocara Ananindeua, no Pará, por Santos, ficou sabendo que ganso, na gíria dos funcionários do clube, é jogador sem habilidade, perna de pau.
Gostou tanto da brincadeira que, quando fazia gol, corria em direção ao "Seu Otávio" e gritava: "Sou ganso mesmo".
O apelido se tornou conhecido em fevereiro, logo depois de marcar seu primeiro gol como profissional, contra o Guarani, na Vila Belmiro. Já havia outro Paulo Henrique no time. Como diferenciá-los? "Podem me chamar de Ganso", respondeu.
Naquele dia, outra coisa ficou marcada: a primeira entrevista coletiva. "Eu suava, gaguejava. Hoje é tranquilo, mas aquele dia foi muito difícil."
Complicado também foi se firmar na equipe do Santos. Paulo Henrique foi rebaixado para o time de juniores duas vezes. Primeiro, pelo técnico Emerson Leão. Depois, com o seu sucessor Cuca.
Na estreia como profissional, contra o Mirassol, em março de 2008, jogou só 45 minutos e saiu vaiado. "Acho que eu não estava preparado ainda. Cheguei a pensar se eu ia ser jogador de futebol. Pedi que me emprestassem para um time da Série B, para eu pegar experiência, mas o presidente [Marcelo Teixeira] não me deixou sair."
Com Cuca, teve nova oportunidade no time principal. Outra vez o meia teve atuação apagada e voltou para a base.
Vieram Márcio Fernandes e uma nova chance. Mas foi de Serginho Chulapa o empurrão que faltava. O Santos vencia por 2 a 1 o Guarani quando Chulapa, interino no cargo, chamou o garoto. Na beira do campo, deu-lhe só uma instrução. "Acorda, moleque. Se liga." Minutos depois, Paulo Henrique marcava seu primeiro gol pelo clube.
Hoje, o meia é titular absoluto. Já tem sete gols no Brasileiro, dois a menos do que Kléber Pereira, o artilheiro do Santos.
Recebeu elogios do técnico Vanderlei Luxemburgo, que o chamou de "jogador completo", e agora se prepara para vestir pela primeira vez a camisa da seleção. Será no Mundial sub- -20, no Egito. Desfalcará o Santos por até sete rodadas, o que preocupa os colegas de time.
"Sem dúvida, fará muita falta", disse Madson. (RICARDO VIEL)


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