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AÇÃO
Nem precisa pedalar
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
A operação sempre foi rentável por três meses e ociosa
nos outros nove. Até pouco tempo, as estações de esqui tinham
que lidar com essa máxima e ver
suas instalações repletas no inverno e desertas no verão.
Tudo começaria a mudar em
1974, quando dez californianos
adaptaram suas já modificadas
bicicletas e começaram a descer
trilhas em alta velocidade.
Em 1976, na Califórnia, foi realizada a primeira competição de
downhill. Para chegar ao topo da
trilha, os interessados tinham que
pedalar ou empurrar a magrela.
Dos 20 atletas inscritos, venceu o
único que não caiu da bike no inclinadíssimo trajeto de três quilômetros. Algum tempo depois, as
estações de esqui perceberam a
chance que tinham em mãos.
Por volta de 1988, praticantes
começaram a usar o mesmo equipamento de base das estações para subir montanhas sem neve e
despencar lá de cima com suas
magrelas. Era uma mão-de-obra
danada porque eles tinham que
se apertar nas cadeirinhas que
iam montanha acima com a bike
no colo, ou entrar com ela nos
bondinhos. Mas o esforço parecia
compensar, e a nova atividade logo ganhou o nome de mountain
biking downhill, a variação mais
ousada e divertida do esporte.
Embora tenha nascido nos
EUA, foi na Europa, mais especificamente na Inglaterra e na
França, que o downhill encontrou
solo mais fértil. Hoje, atletas são
formados para competir na modalidade. Bicicletas especiais e
com suspensão traseira e dianteira já saem de fábrica prontas para as montanhas. Estações de esqui no hemisfério Norte adaptaram seus equipamentos para carregar esquis no inverno e bicicletas no verão. Um novo tipo de vestimenta foi confeccionado para
proteger os atletas, que, em ação,
chegam facilmente aos 150 km/h.
Há uma Copa do Mundo de
downhill e feiras temáticas. Estima-se que o número de praticantes, entre profissionais e amadores, ultrapasse os três milhões no
mundo. As provas de downhill
normalmente são realizadas em
meio a um festival de música e a
uma feira de esportes ao ar livre.
O espectador, é verdade, tem
que se colocar em pontos estratégicos da montanha, e isso significa subir a pé ou, para quem não
tem medo de escorregar, subir na
cadeirinha e descer se equilibrando. Mas vale a pena. O objetivo
da prova é chegar à base sem cair
e vence quem estabelecer o menor
tempo, como no esqui. As pistas
são desenhadas por especialistas
e, além da inclinação, são estreitas e têm obstáculos.
O cenário profissional feminino
é, há pelo menos seis anos, dominado pela francesa Anne-Caroline Chausson, que tem em seu currículo 13 títulos mundiais, várias
cicatrizes pelo corpo e alguns pinos e parafusos também: cair faz
parte do esporte. No masculino,
franceses e americanos lutam pela supremacia. Mickael Pascal,
Fabien Barel, Erik Carter, além
do sul-africano Greg Minaar, são
os que normalmente brilham.
Embora o mountain bike cross
country seja esporte olímpico, o
downhill ainda não chegou lá.
Mas, dizem os especialistas, é apenas uma questão de tempo.
Skate Vert
Bastou uma volta para Bob Burnquist conquistar o bicampeonato do
Vans Triple Crown nos EUA. E Sandro Dias, líder do ranking, pode
comemorar o título mundial no próximo domingo, no Canadá.
Esqui na neve
Com a vitória em Portillo, Chile, Luci Arnhold terminou invicta a
temporada austral, vencendo as quatro provas FIS, categoria master
(50-54 anos).
Surfe - WCT
Começou ontem na costa basca da França o Quiksilver/Roxy Pro. Os
líderes ainda não competiram, e Paulo Moura foi o único não australiano a passar para a terceira fase nas baterias já disputadas.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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