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São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2003

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AÇÃO

Nem precisa pedalar

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

A operação sempre foi rentável por três meses e ociosa nos outros nove. Até pouco tempo, as estações de esqui tinham que lidar com essa máxima e ver suas instalações repletas no inverno e desertas no verão.
Tudo começaria a mudar em 1974, quando dez californianos adaptaram suas já modificadas bicicletas e começaram a descer trilhas em alta velocidade.
Em 1976, na Califórnia, foi realizada a primeira competição de downhill. Para chegar ao topo da trilha, os interessados tinham que pedalar ou empurrar a magrela. Dos 20 atletas inscritos, venceu o único que não caiu da bike no inclinadíssimo trajeto de três quilômetros. Algum tempo depois, as estações de esqui perceberam a chance que tinham em mãos.
Por volta de 1988, praticantes começaram a usar o mesmo equipamento de base das estações para subir montanhas sem neve e despencar lá de cima com suas magrelas. Era uma mão-de-obra danada porque eles tinham que se apertar nas cadeirinhas que iam montanha acima com a bike no colo, ou entrar com ela nos bondinhos. Mas o esforço parecia compensar, e a nova atividade logo ganhou o nome de mountain biking downhill, a variação mais ousada e divertida do esporte.
Embora tenha nascido nos EUA, foi na Europa, mais especificamente na Inglaterra e na França, que o downhill encontrou solo mais fértil. Hoje, atletas são formados para competir na modalidade. Bicicletas especiais e com suspensão traseira e dianteira já saem de fábrica prontas para as montanhas. Estações de esqui no hemisfério Norte adaptaram seus equipamentos para carregar esquis no inverno e bicicletas no verão. Um novo tipo de vestimenta foi confeccionado para proteger os atletas, que, em ação, chegam facilmente aos 150 km/h.
Há uma Copa do Mundo de downhill e feiras temáticas. Estima-se que o número de praticantes, entre profissionais e amadores, ultrapasse os três milhões no mundo. As provas de downhill normalmente são realizadas em meio a um festival de música e a uma feira de esportes ao ar livre.
O espectador, é verdade, tem que se colocar em pontos estratégicos da montanha, e isso significa subir a pé ou, para quem não tem medo de escorregar, subir na cadeirinha e descer se equilibrando. Mas vale a pena. O objetivo da prova é chegar à base sem cair e vence quem estabelecer o menor tempo, como no esqui. As pistas são desenhadas por especialistas e, além da inclinação, são estreitas e têm obstáculos.
O cenário profissional feminino é, há pelo menos seis anos, dominado pela francesa Anne-Caroline Chausson, que tem em seu currículo 13 títulos mundiais, várias cicatrizes pelo corpo e alguns pinos e parafusos também: cair faz parte do esporte. No masculino, franceses e americanos lutam pela supremacia. Mickael Pascal, Fabien Barel, Erik Carter, além do sul-africano Greg Minaar, são os que normalmente brilham.
Embora o mountain bike cross country seja esporte olímpico, o downhill ainda não chegou lá. Mas, dizem os especialistas, é apenas uma questão de tempo.


Skate Vert
Bastou uma volta para Bob Burnquist conquistar o bicampeonato do Vans Triple Crown nos EUA. E Sandro Dias, líder do ranking, pode comemorar o título mundial no próximo domingo, no Canadá.

Esqui na neve
Com a vitória em Portillo, Chile, Luci Arnhold terminou invicta a temporada austral, vencendo as quatro provas FIS, categoria master (50-54 anos).

Surfe - WCT
Começou ontem na costa basca da França o Quiksilver/Roxy Pro. Os líderes ainda não competiram, e Paulo Moura foi o único não australiano a passar para a terceira fase nas baterias já disputadas.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


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