São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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PARAOLIMPÍADA

Caixa resolve incluir ajuda particular aos atletas na renovação do contrato com o comitê até 2007

Atenas abre era do patrocínio individual

Renato Stockler/Folha Imagem
Adria Santos, do atletismo, e Clodoaldo Silva, da natação, principais estrelas do Brasil na Paraolimpíada de Atenas, exibem suas medalhas ontem, em São Paulo

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de conseguir a melhor campanha em Paraolimpíadas -foram 33 medalhas, 14 de ouro-, a delegação brasileira que esteve na Grécia deve receber outra boa notícia nos próximos dias.
A Caixa Econômica Federal, que desde novembro do ano passado patrocina o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro), deve anunciar na semana que vem a renovação do acordo até 2007.
Mais que isso, o pacote incluirá patrocínio individual para os atletas a partir do próximo ano.
"A experiência que tivemos na Paraolmpíada mostrou que vale a pena investir em contratos de longo prazo, que ajudam na organização do esporte", disse Jorge Mattoso, presidente do banco.
"Agora só falta conversar com o Vital [Severino Neto, presidente do CPB], mas devemos fechar na próxima semana", completou.
Os termos do patrocínio individual ainda serão discutidos, mas a notícia vem em boa hora para os atletas brasileiros, que acabaram de perder o bônus mensal que ganhavam desde Sydney-2000.
O valor desse prêmio foi estipulado de acordo com a medalha que cada atleta conseguiu. Aqueles que ganharam o ouro recebiam R$ 3.000, a prata valia R$ 1.800, e o bronze, R$ 1.200.
Além disso, ainda não existe uma definição sobre a continuidade ou não da bolsa-atleta após dezembro. O projeto, sancionado no início de julho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provém competidores sem patrocínio com auxílios mensais de R$ 300 a R$ 2.500 -os 98 integrantes da delegação brasileira que foi a Atenas recebem R$ 700 mensais.
"Queremos incrementar nossa participação. É por isso que vamos incluir no pacote o patrocínio individual", afirmou à Folha Carlos Borges, vice-presidente da Caixa. "Nossa idéia é dar uma comodidade maior aos atletas, para que eles possam se planejar."
Para a velocista Adria Santos, o patrocínio individual vem em boa hora. "Dinheiro é um problema para nós. Não consigo me dedicar totalmente ao esporte sabendo que eu vou chegar em casa e tenho contas para pagar", declarou a ganhadora de quatro ouros e oito pratas em cinco Paraolimpíadas.
"Eu treino porque gosto, e meu sonho sempre foi poder viver exclusivamente disso", completou.
Desde 2001, o comitê paraolímpico recebe os repasses da Lei Piva. Até o final do ano passado, quase R$ 22 milhões já haviam sido entregues à entidade.
"Depois de Sydney, a gente sabia que ia precisar de mais investimento", afirmou o nadador Clodoaldo Silva, que somente em Atenas conquistou seis ouros e uma prata -tornou-se o maior medalhista da história do país.
"O desempenho brasileiro em Atenas foi crucial para mostrar a importância do Estado no desporto paraolímpico", disse Agnelo Queiroz, ministro do Esporte. "A diferença entre os olímpicos e os paraolímpicos é que os primeiros têm mais facilidade para conseguir verbas de outros setores."
Nos Jogos de Sydney, há quatro anos, o Brasil amealhou 22 medalhas -seis de ouro, dez de prata e seis de bronze- e terminou em 24º. Neste ano, foram 14 ouros, 12 pratas e 7 bronzes e a 14 colocação no quadro de medalhas.
Em Atenas, o Brasil conquistou o dobro de ouros (14) de sua campanha mais vitoriosa -Nova York e Stoke Mandeville-1984- e também superou o número de medalhas de 20 anos atrás.


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