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FUTEBOL
O homem da CPI na Câmara
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Aldo Rebelo virou figura
nacional quando presidiu,
com firmeza, a CPI da CBF/Nike,
razão pela qual é possível que sua
vitória na Câmara Federal não
tenha sido do agrado da cartolagem. Seu livro, em parceria com o
deputado tucano Sílvio Torres, esmerado relator da mesma CPI,
está até hoje proibido por liminar
da Justiça carioca, medida pedida
pelo presidente da CBF.
É verdade que da CPI para cá
muita coisa mudou.
Até mesmo as relações da CBF
com o governo federal, que, de
formais que eram, passaram a ser
estreitas, vide Haiti x Brasil.
Mas voltemos a Rebelo.
A notoriedade que alcançou como alguém dedicado a limpar o
futebol brasileiro resultou em
50% de crescimento na votação
que recebeu em 2002.
Sei que o Cony, o Janio e o Rossi
rirão de mim, como cansaram de
rir durante a Copa de 1998, porque eu acreditava que o país melhorava. É que, ateu que sou, acho
que devo acreditar em alguma
coisa, nas pessoas, ao menos, como primeira atitude. Depois, se
mentirem, se delinqüirem, é claro, a confiança acaba.
Quero acreditar firmemente
que o nebuloso mundo do futebol
terá em Rebelo um obstáculo aos
seus projetos. Já bastam as ótimas
relações da CBF com Renan Calheiros, presidente do Senado, ou
com o ex-presidente da República, José Sarney.
Poucos brasileiros conhecem
tanto os bastidores de nosso futebol como Rebelo. Diga-se desde já
que ele é, ideologicamente, contra, por exemplo, o futebol-empresa. Um equívoco, mas uma posição sincera e desinteressada.
Diga-se, ainda, que há um complicador em suas relações com o
futebol: seu companheiro de PC
do B, Agnelo (cordeiro, em italiano, como bem sacou Marcos Augusto Gonçalves, que já faz falta
neste espaço) Queiroz.
Não bastassem as últimas trapalhadas do Ministério do Esporte, envolvido com liberações irregulares de verbas, eis que Queiroz
não poderia ser mais subserviente
aos cartolas, de todos os esportes.
Ainda assim, confio em Rebelo,
em quem votei em 2002.
E espero que um projeto como a
Timemania, "o mensalão do futebol", não seja aprovado sem as
devidas contrapartidas de mudança de modelo de gestão e de
responsabilização dos dirigentes.
Como espero que ele atue para
impedir que o Estatuto do Desporto, quando vier, não signifique
o retrocesso que está sendo engendrado pela vanguarda do atraso,
para estuprar o Estatuto do Torcedor e a Lei de Moralização.
Se precisasse de mais algum argumento, eis aí, de novo, nosso futebol sacudido por escândalos
que, é claro, estão muito além de
um ou outro árbitro malandro.
Há quem diga que a polaridade
direita/esquerda acabou, assim
como a entre o bem e o mal.
Por menos que possa admitir
publicamente (a política real, essas coisas...), Rebelo sabe que não
é bem assim. E que, se há um setor
da vida nacional que clama pela
ruptura, com apoio geral e irrestrito da opinião pública nacional,
este é o futebol.
Que Aldo Rebelo volte a fazer a
sua parte.
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