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FUTEBOL
Valor abrange telão, bola inteligente e kit de comunicação, tecnologias que podem atenuar a influência do apito
Vigiar árbitro custa R$ 100 mil por jogo
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A sensação de segurança custa
caro até numa partida de futebol.
Para poder usar todas as tecnologias disponíveis -permitidas
ou não pela Fifa-, que ajudam a
diminuir a influência de um árbitro no resultado de um jogo, um
clube que disputa a Série A do
Brasileiro tem que gastar quase o
que ele arrecada, na média, com a
venda de ingressos.
O gasto com parafernálias para
precaução contra árbitros mal intencionados equivale a R$ 99,8
mil por partida, valor que se aproxima do da média de arrecadação
bruta nos jogos da elite do Nacional nesta temporada, que, segundo a CBF, é de R$ 127.920,00.
O cálculo inclui não somente os
"brinquedinhos" permitidos pela
Fifa em partidas oficiais, mas
também aqueles que a entidade
nem sequer cogita testar.
Um "pacote anti-roubo" ideal
contaria com um telão no estádio
que pudesse mostrar o replay de
jogadas polêmicas (como acontece no futebol americano, por
exemplo), as recém-inventadas
bolas inteligentes que avisam se
passaram ou não das linhas de
fundo e laterais e um kit de comunicação para árbitros e assistentes
usarem durante a partida. Desses
três itens, a Fifa proíbe os replays
em telões durante os confrontos,
enquanto a bola ainda passa por
fase de testes e não foi liberada.
Para contar com telões capazes
de passar o VT dos lances, o gasto
é de cerca R$ 1,9 milhão. Isso incluiria um sistema de câmeras para captar as imagens do jogo (R$
1,5 milhão) e a instalação de um
painel eletrônico de 36 m2, que
não sairia por menos de R$ 400
mil. Diluído em 21 jogos -número máximo que um clube pode
atuar como mandante no Brasileiro-, o custo seria de R$ 90,7
mil por confronto.
Já a bola inteligente faria um
clube gastar cerca de R$ 160 mil. A
bola com chip, que só será comercializada pela Adidas caso aprovada pela Fifa, pode custar até R$
5.000. Para cada partida é necessário um conjunto de oito bolas.
Num campeonato como o Brasileiro, o custo disso para um clube
seria de R$ 160 mil caso ele resolvesse adotar cinco duelos como
tempo máximo de vida útil para
uma bola. Dividido pelos jogos
em casa, isso dá R$ 7.619,00.
O kit que permite aos assistentes alertarem os árbitros sobre alguma coisa é o aparato mais barato, a ponto de hoje serem adquiridos pelos próprios usuários interessados em aprimorar seus desempenhos em campo. Custa
500 (cerca de R$ 1.500).
Se na elite do futebol brasileiro
esses valores já soam como quase
impraticáveis, nas divisões de
acesso seria impossível adotá-los.
Na Série B do Nacional, o valor
médio de arrecadação nos jogos é
de pouco mais que R$ 50 mil. Na
Série C, a venda de ingressos tem
média de cerca de R$ 15 mil.
"Manter um telão como o que
tem no Morumbi é um custo muito pesado. No nosso caso há um
acordo com a empresa responsável pelo telão, a AlphaVision", diz
João Paulo Jesus Lopes, diretor de
planejamento do São Paulo, dono
do Morumbi, único dos 19 estádios já utilizados neste Brasileiro
capaz de reproduzir imagens.
Medidas que possam diminuir a
responsabilidade de um árbitro
são aprovadas pela classe. "A tecnologia sempre ajuda o nosso trabalho. Já trabalhei com a bandeira
eletrônica. Com a bola inteligente
ainda não, mas acho muito interessante. O mundo está em mudança, e você tem de acompanhar", diz o juiz Cleber Abade.
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