São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2005

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FUTEBOL

Valor abrange telão, bola inteligente e kit de comunicação, tecnologias que podem atenuar a influência do apito

Vigiar árbitro custa R$ 100 mil por jogo

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A sensação de segurança custa caro até numa partida de futebol.
Para poder usar todas as tecnologias disponíveis -permitidas ou não pela Fifa-, que ajudam a diminuir a influência de um árbitro no resultado de um jogo, um clube que disputa a Série A do Brasileiro tem que gastar quase o que ele arrecada, na média, com a venda de ingressos.
O gasto com parafernálias para precaução contra árbitros mal intencionados equivale a R$ 99,8 mil por partida, valor que se aproxima do da média de arrecadação bruta nos jogos da elite do Nacional nesta temporada, que, segundo a CBF, é de R$ 127.920,00.
O cálculo inclui não somente os "brinquedinhos" permitidos pela Fifa em partidas oficiais, mas também aqueles que a entidade nem sequer cogita testar.
Um "pacote anti-roubo" ideal contaria com um telão no estádio que pudesse mostrar o replay de jogadas polêmicas (como acontece no futebol americano, por exemplo), as recém-inventadas bolas inteligentes que avisam se passaram ou não das linhas de fundo e laterais e um kit de comunicação para árbitros e assistentes usarem durante a partida. Desses três itens, a Fifa proíbe os replays em telões durante os confrontos, enquanto a bola ainda passa por fase de testes e não foi liberada.
Para contar com telões capazes de passar o VT dos lances, o gasto é de cerca R$ 1,9 milhão. Isso incluiria um sistema de câmeras para captar as imagens do jogo (R$ 1,5 milhão) e a instalação de um painel eletrônico de 36 m2, que não sairia por menos de R$ 400 mil. Diluído em 21 jogos -número máximo que um clube pode atuar como mandante no Brasileiro-, o custo seria de R$ 90,7 mil por confronto.
Já a bola inteligente faria um clube gastar cerca de R$ 160 mil. A bola com chip, que só será comercializada pela Adidas caso aprovada pela Fifa, pode custar até R$ 5.000. Para cada partida é necessário um conjunto de oito bolas. Num campeonato como o Brasileiro, o custo disso para um clube seria de R$ 160 mil caso ele resolvesse adotar cinco duelos como tempo máximo de vida útil para uma bola. Dividido pelos jogos em casa, isso dá R$ 7.619,00.
O kit que permite aos assistentes alertarem os árbitros sobre alguma coisa é o aparato mais barato, a ponto de hoje serem adquiridos pelos próprios usuários interessados em aprimorar seus desempenhos em campo. Custa 500 (cerca de R$ 1.500).
Se na elite do futebol brasileiro esses valores já soam como quase impraticáveis, nas divisões de acesso seria impossível adotá-los.
Na Série B do Nacional, o valor médio de arrecadação nos jogos é de pouco mais que R$ 50 mil. Na Série C, a venda de ingressos tem média de cerca de R$ 15 mil.
"Manter um telão como o que tem no Morumbi é um custo muito pesado. No nosso caso há um acordo com a empresa responsável pelo telão, a AlphaVision", diz João Paulo Jesus Lopes, diretor de planejamento do São Paulo, dono do Morumbi, único dos 19 estádios já utilizados neste Brasileiro capaz de reproduzir imagens.
Medidas que possam diminuir a responsabilidade de um árbitro são aprovadas pela classe. "A tecnologia sempre ajuda o nosso trabalho. Já trabalhei com a bandeira eletrônica. Com a bola inteligente ainda não, mas acho muito interessante. O mundo está em mudança, e você tem de acompanhar", diz o juiz Cleber Abade.

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