|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Salários altos sufocam contas de times paulistas
Gastos com futebol têm crescido até mais do que as receitas nos quatro grandes
Com atrasos de pagamento em 2006, Estado deixou de ser visto como porto seguro
por empresários, mas o São Paulo ainda é exceção
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma desenfreada escalada
de aumentos salariais nos quatro grandes paulistas provoca
atrasos de pagamentos, aumento do endividamento e um
abalo na credibilidade entre jogadores e empresários.
Neste milênio, as receitas de
Corinthians, Palmeiras, Santos
e São Paulo cresceram rapidamente. Só os corintianos viram
sua renda ser multiplicada por
cinco, em quatro anos. Mas os
salários incharam ainda mais.
De 2004 para 2005, os três times da capital verificam aumento no percentual gasto com
futebol em relação à receita, segundo estudo da Casual Auditores. No Santos, o valor absoluto subiu, mas foi compensado
pela receita extra com a venda
da Robinho -R$ 72 milhões.
Neste ano, já foram observados novos saltos nas folhas.
"Está muito inflacionado. Esse mercado de futebol não é
compatível com a realidade do
país", analisa o presidente são-paulino Juvenal Juvêncio.
O São Paulo já reviu seu orçamento de 2006 para cima após
fazer 14 contratações.
No Palmeiras, o presidente
Affonso della Monica estima
ter dobrado o gasto com salários em sua gestão, que era de
R$ 1,1 milhão anteriormente.
O Corinthians estourou o orçamento: gasta R$ 6 milhões
por mês, e recebe metade. E
quer que a MSI cubra o rombo.
No Santos, metade do dinheiro de Robinho já tinha sido
gasto no início do ano. Com os
altos salários de Vanderlei Luxemburgo e Zé Roberto, conselheiros pressionam a diretoria
para saber se restou algo.
Como conseqüência, surgiram os atrasos salariais.
"Quando você tinha propostas de cariocas e paulistas não
pensava duas vezes, mandava
seu jogador para São Paulo.
Atualmente, a situação financeira dos clubes está bem nivelada, tirando o São Paulo", diz o
empresário Wagner Ribeiro.
Outros empresários, que preferem não se identificar, fazem
a mesma reclamação.
Palmeirenses e corintianos
protestam publicamente por
não receberem em dia. No Santos, ao menos um jogador cobra, reservadamente, luvas que
deveria ter recebido.
O São Paulo tinha contas
apertadas até junho, mas ficou
aliviado depois das vendas de
Lugano e Denílson.
Na época da Copa, três agentes de jogadores disseram que
os salários atrasaram alguns
dias, o que a diretoria atribui a
entraves burocráticos.
Nada perto dos dois meses de
direitos de imagem que o Corinthians atrasou diversas vezes neste ano. Também há luvas atrasadas, segundo atletas.
O empréstimo de Magrão a
um clube japonês não foi pago,
assim como a compra de Nilmar, que é credor do time.
No Palmeiras, o atacante Edmundo revelou atraso no último mês. Isso depois de o clube
antecipar R$ 11 milhões com a
Federação Paulista de Futebol.
"Investimos para ter um time forte. As pessoas não torcem para o Palmeiras para ir no
clube dançar ou fazer natação",
diz Affonso della Monica, sintetizando a filosofia que cria sufoco financeiro em São Paulo.
Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Gasto no futebol Índice
|