São Paulo, sexta-feira, 02 de outubro de 2009

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copenhague, 13h30

Rio olímpico joga sua melhor chance

Candidatura, de R$ 25,9 bilhões, conta com boa avaliação e momento político na disputa com Chicago, Madri e Tóquio

Decisão sobre o destino da Olimpíada de 2016 acontece hoje, no começo da tarde, em cerimônia de contornos históricos na Dinamarca

LUCIANA COELHO
RODRIGO MATTOS
SÉRGIO RANGEL

ENVIADOS ESPECIAIS A COPENHAGUE

A Olimpíada nunca esteve tão perto do Rio de Janeiro. Um projeto técnico detalhado levou a cidade à final da escolha para os Jogos-2016. E, no COI (Comitê Olímpico Internacional), a candidatura encontrou um cenário político favorável.
Sessão do comitê em Copenhague, Dinamarca, vai decidir o destino do evento. A cerimônia de anúncio começará às 13h30 (de Brasília), com TV.
Se ganhar, o Rio será a primeira cidade sul-americana a receber os Jogos. É a quarta tentativa brasileira, a terceira da capital fluminense e a estreia do país na fase final, o que explica a presença do presidente Lula e a disposição do governo de gastar R$ 25,9 bilhões no evento -cifra sem precedentes na história do esporte nacional.
As concorrentes são Chicago, Madri e Tóquio, de países que já sediaram a Olimpíada.
A decisão começaria na madrugada, com as apresentações dos projetos no Centro de Convenções Bella Center. Encerra-se com 97 membros do COI votando nas cidades até que uma tenha maioria. A cada turno, a última colocada será cortada.
No campo técnico, o projeto do Rio foi bem acolhido. No relatório da comissão de inspeção, divulgado no mês passado, foram amenizadas críticas a pontos fracos citados anteriormente, durante o processo, como segurança. Lanterna na primeira avaliação do COI, o Rio igualou-se aos concorrentes.
Madri foi duramente censurada pelo relatório por sua estrutura de organização, considerada confusa. A candidatura espanhola é chefiada por Juan Antônio Samaranch Jr., filho do ex-presidente do COI que o belga Jacques Rogge sucedeu com discurso de modernização.
O Japão também sofreu censuras no documento. A Vila Olímpica de Tóquio foi criticada por causa da proximidade com o mercado de peixe local. Até sugeriram mudá-la.
Tão forte como o Rio surge Chicago, que sanou seu maior problema ao conseguir garantia financeira da prefeitura.
Conta ainda com o alcance global de seus patrocinadores (alguns, velhos financiadores do Movimento Olímpico), além da força do presidente Barack Obama -ele chega hoje a Copenhague, onde a mulher, Michele, faz campanha há dois dias.
A aceitação da candidatura brasileira no relatório é considerada, nos bastidores da disputa, reflexo do timing político.
A reeleição de Rogge no COI (que será confirmada na próxima semana, pois é candidato único) beneficiaria o Rio. Desde 2001 no poder, deve ir para seu último mandato, e uma vitória carioca garantiria um legado ao Movimento Olímpico: Jogos na América do Sul.
"É evidente que, se os Jogos forem para o Brasil, será um ponto positivo para sua presidência", contou o membro português do COI, Fernando Bello. "Mas ele não tem influído."
Rogge não saiu pedindo votos pelo Rio. Mas, claramente, abriu caminho para a candidatura brasileira se fortalecer.
A diplomacia olímpica é pontuada por gestos suaves que têm impacto. E o belga deu sinais em favor do plano carioca.
Em 2007, esteve na cidade e deu sua aprovação à organização do Pan. Antes reticente em relação a realizar a Olimpíada no mesmo país da Copa de 2014, ele depois se disse a favor.
Madrilenos veem apoio velado de Rogge ao Rio. Ainda enxergam boicote à sua postulação, que enfrenta o fato de repetir sede na Europa -Londres receberá a Olimpíada de 2012.
Questionada se Rogge deixaria um legado ao levar os Jogos ao Rio, a delegada do COI Nicole Hoevertsz, de Aruba, respondeu. "Oxalá seja assim."


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