São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011

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Sedes temem retaliação da Fifa

2014
União empurra para Estados negociação com entidade de pontos polêmicos da Copa


BERNARDO ITRI
DO PAINEL FC

A omissão do governo federal no texto da Lei Geral da Copa de assuntos como a proibição ou não de bebidas alcoólicas nos estádios e da venda de meia-entrada para estudantes causa temor nas cidades-sedes de eventuais retaliações da Fifa.
Representantes de alguns Estados criticam o governo federal por não resolver esses pontos diretamente com a federação e por empurrar para eles a responsabilidade de negociar sozinhos.
Creem que, se não atenderem aos desejos da Fifa -de permitir bebidas alcoólicas nos estádios e vetar a meia para estudantes-, reflexos poderão vir na decisão da entidade sobre os papéis de cada cidade no Mundial. A federação deve decidir neste mês as atribuições das sedes.
Um dos representantes das cidades afirma que, no modo Fifa de negociar, provavelmente a sede que vetar bebida alcoólica, se não rever sua posição a tempo, terá papel diminuído em 2014.
Por exemplo, se tinha chances de abrigar partida das quartas de final, perderá essa disputa para outra que atendeu aos interesses comerciais da entidade.
Aceitar as vontades da Fifa, porém, não é simples.
Sete Estados presentes no Mundial têm legislações próprias que vetam bebidas alcoólicas nas arenas. E não é fácil derrubar leis só para um determinado período.
"Não dá para ficar adequando as leis por causa de um evento. Não existe isso", argumenta Miguel Capobiango, coordenador da organização da Copa em Manaus.
"Dá para fazer uma emenda na lei que prevê o assunto e vetar ou liberar durante o período da Copa", rebate Kalil Sehbe, secretário de Esporte e Lazer e coordenador do Comitê do Mundial do Rio Grande do Sul.
Em relação à liberação de meia-entrada nos estádios para estudantes, a discussão é ainda mais complexa: todas as cidades-sedes têm legislação autorizando essa venda.
Tentadas a ceder para a Fifa, algumas sedes temem que, ao permitir, por exemplo, a venda de bebidas alcoólicas, algum incidente manche a imagem da cidades.
Afirmam que, se ocorrer alguma briga dentro do estádio, mesmo que ela não esteja relacionada à bebida, virá à tona o fato de que o governo estadual liberou a venda de bebida espontaneamente. As cidades-sedes ainda insistem que deverá haver um entendimento entre governo federal e Fifa nos próximos dias para que os Estados não fiquem com essa responsabilidade nas costas. Nesse sentido, amanhã, em Bruxelas, acontece um encontro entre a presidente Dilma Rousseff e Joseph Blatter, da Fifa, com participação do ministro do Esporte, Orlando Silva Jr..
Procurada pela Folha, a Fifa não respondeu aos e-mails.


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