São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011

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Aos 14

Caçula do Brasil no Pan, carioca aprende a nadar apenas após estrear nos saltos ornamentais e busca experiência no México

DE SÃO PAULO

Era para ser apenas uma colônia de férias para divertir a família no Rio.
O bombeiro Marcos Mendes e a professora Vânia Lúcia aproveitaram a proximidade do apartamento onde moram com o Maracanã e levaram a filha, Andressa, então com seis anos, para brincar na piscina do Parque Aquático Júlio Delamare.
Pequena e magra, a garota logo chamou a atenção de Ana Paula Shalders, técnica de saltos ornamentais.
Andressa, porém, não sabia nadar. Precisou de "macarrão", cinto de hidroginástica e outras boias amarradas ao corpo para saltar.
"Era muito tenso", lembra a hoje atleta Andressa Mendes, 14, caçula da delegação brasileira no Pan de Guadalajara, que começa dia 14.
A equipe do Brasil deve ser apresentada oficialmente no início desta semana.
No México, a carioca vai competir nas provas de trampolim de 3 m sincronizado (duplas) e plataforma de 10 m (solo e sincronizado).
Andressa aprendeu a nadar cerca de um ano depois de iniciar os treinamentos na Apoe (Associação Peneira Olímpica de Esportes), na piscina ao lado do Maracanã.
O receio da família ao ver a filha que hoje tem 36 kg e 1,43 m saltando de uma altura de dez metros, porém, não pesou no momento de investir no futuro esportivo dela.
"Mesmo sendo bombeiro, me assustei quando subi na plataforma de 10 m e saltei com ela. Fui em pé. E gela, gela tudo", conta o pai, 1º sargento dos bombeiros do Rio no mesmo quartel onde houve invasão e manifestação por melhores salários em junho.
Sem patrocínio e sem bolsa-atleta, foram os rendimentos dos pais que asseguraram a evolução da saltadora.
"A questão financeira é delicada", conta Marcos. O plano de saúde, ele conseguiu com ajuda do Corpo de Bombeiros, e o colégio particular (Batista) veio graças a uma bolsa e à ajuda de membros da igreja que frequentam.
"Precisamos de patrocínio para ela ter alimentação, fisioterapia e preparação física boas", conclui o pai.
A associação pela qual Andressa compete banca viagens, uniformes e treinos, hoje comandados pelo cubano Alexander Ferrer.
Criada em 2002 por Rosane Trindade, a Apoe não tem patrocinadores. Mantém-se com ajuda da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, da qual Rosane é diretora. Segundo ela, 80% dos atletas da Apoe são de comunidades carentes do Rio.
As dificuldades financeiras e o desconhecimento dos pais não afastaram Andressa do esporte. E o retorno, ela afirma que já vai ter neste Pan. "Vou ganhar experiência mesmo." (MARCEL MERGUIZO)



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